Questões relacionadas com a liberdade de expressão têm vindo, recentemente, a tema e discussão. É um assunto recorrente – anterior à nossa própria Constituição, onde está relevantemente consagrado – e que, por vezes, é questionado, debatido e posto em causa. Esse debate é, em si mesmo, uma forma pródiga de liberdade. O conceito de liberdade de expressão não nasceu em 1976. A forma como, hoje, o interpretamos e utilizamos, sim. Com efeito, até mesmo no Direito Romano, poetas e escritores, já viam formas consagradas para este exercício de liberdade. Tal como hoje, era legislado à luz da época.
Eu sempre vivi deste modo; nunca senti que o que digo e escrevo pudesse ser, de algum modo, censurado ou reprovado. Mas, também, sempre tive prudência no que transmito, procurando sempre evitar discursos agressivos, divergências e, sobretudo, incomodar de forma negativa e premeditada, com quem comigo convive e/ou debate. Sempre fui politicamente correto, mesmo tendo a liberdade de poder não o ser.
De qualquer modo, nunca tive um quadro onde pudesse publicamente, e de facto, me expressar. Escrevo, comunico, partilho, mas sempre de uma forma muito técnica que deriva, obviamente, da minha profissão e do meu trabalho. Na conservação e restauro do património – área que me dedico desde 1998 – sempre fiz questão de partilhar os meus conhecimentos em comunicações científicas e artigos da especialidade. Sempre técnicos. Foi, pois, com grande surpresa, satisfação e sentido de responsabilidade, que recebi e aceitei o convite da direção do Notícias de Viana, para integrar a equipa de colaboradores. Poderei, deste modo, partilhar nos próximos números e de forma periódica – em artigos de opinião – aquilo que observo e interpreto, apresentando desta forma o meu ponto de vista sobre temas da atualidade. Deixo já, e publicamente, o meu sincero agradecimento. Espero corresponder a todas as expectativas.
Tendo pois, pautado sempre a minha forma de expressão pelo politicamente correto, terei agora de – com este novo desafio – alicerçar e focar o que transmito, nos três principais objetivos do jornal: ser participativo, ser popular e ser provocador. Se nos dois primeiros objetivos estou obviamente mais seguro, no terceiro terei certamente que reajustar todos os meus impulsos, para que o provocador prevaleça sobre o meu politicamente correto.
Sei, também, que – tal como refere o nosso Cardeal D. Américo Aguiar – quando alguém se expressa de modo diferente daquilo que outros pensam, há sempre uma conflito. Sobre o tema, referiu recentemente que “exigimos o respeito pela liberdade de expressão e, depois, reagimos violentamente quando alguém pensa diferente”. Como gerir, então, esta incerteza? Deverei ponderar aquilo que vou escrever, para evitar conflitos? Ou, poderei sempre transmitir de livre arbítrio tudo aquilo que penso – sem cometer, obviamente, nenhum tipo de crime (de ódio, difamação, ou outro)? Começo a perceber que, de facto, é muito mais fácil escrever e reger o que transmito pela verdade científica e o rigor da objetividade do meu trabalho.
Pelo facto de ter a liberdade de poder escrever e expressar aquilo que quero, irei fazê-lo mantendo e regendo sempre os princípios com que me norteio na vida: evitar descontentamentos, divergências e manter sempre o politicamente correto. Tenho esta liberdade. Mas, tentar-me-ei enquadrar ao máximo nos objetivos do jornal e ser também provocador – possivelmente até já o estarei a ser –, sobretudo, em temas para os quais detenho fundamentado saber. Prometo.
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