Foi ao som dos bombos que se iniciou o Dia Diocesano, integrado nos Dias da Diocese /(DND), a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Os peregrinos, acolhidos nos dez Arciprestados da Diocese de Viana do Castelo, viveram um dia de festa na Expolima, em Ponte de Lima, com a celebração da Eucaristia, o Arraial Minhoto e a atuação do Pe. Guilherme Peixoto.
Todos estavam vestidos a rigor. Amarelo, verde e vermelho. As cores oficiais da JMJ. No ar, viam-se as bandeiras de cada país. No chão, o tapete de sal para dar as boas-vindas aos mais de 1300 jovens, oriundos de 12 países. Era este o cenário no pavilhão da Expolima, que recebeu ainda a Eucaristia, celebrada pelo Bispo diocesano, D. João Lavrador, acompanhado por Bispos e padres estrangeiros.
Na homilia, o prelado falou sobre o desafio ao amor. “A Palavra de Deus não se compreende sem o amor de Deus”, afirmou, lamentando a cultura hoje, que “está muito embaraçada porque não descobriu que o coração de cada um está ansioso pelo amor”.
D. João Lavrador lembrou ainda que Jesus Cristo está a bater à porta de todos, com o desejo de ser acolhido e trazer a boa-nova. “Só Jesus Cristo é capaz de alimentar o nosso sonho e esperança. Deus ama-nos. Esta é a verdade mais fundamental”, frisou, defendendo: “É preciso romper a inércia de uma sociedade e cultura em ruptura que continua a crer viver a partir da sua pequenez, das suas misérias, do seu sofrimento e da sua falta de esperança. Ou seja, falamos, segundo o Papa João Paulo II, de uma civilização de uma cultura da moda.”
Por fim, apelou para “a urgência de levar o amor de Jesus Cristo aos outros” e para “a transformação de um mundo novo”. “É preciso fazer crer, com nossa presença e atitude, de que Ele está connosco. E, se Ele está connosco, a vida está connosco”, reiterou, acrescentando: “A igreja e o mundo tem confiança em vós (jovens). Vocês podem transformar o mundo.”
A tarde ficou marcada pela atuação do Rancho Folclórico, pelo espetáculo de acordeão e pela Festa da Juventude, com o Pe. Guilherme Peixoto e o seu DJ set.
Arcos de Valdevez e Ponte da Barca: “Levam o sorriso e o abraço das famílias de acolhimento”
Os Arciprestados de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca juntaram-se para viver os DND com os 153 jovens que vieram da Croácia, que foram acolhidos em 54 famílias de acolhimento.
De acordo com o Pe. Carlos Martins, colaborador do Comité Organizador do Arciprestado (COA) de Arcos de Valdevez, os peregrinos foram acolhidos no centro da vila, visitaram três museus, participaram num sunset, passaram pelo Mezio (uma das portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês) e pelo Santuário Diocesano da Senhora da Peneda, onde realizaram a Via-Sacra e a Eucaristia em croata, e tiveram um convívio tradicional na Senhora do Livramento (Ponte da Barca). “Tem sido uma experiência muito boa”, garantiu, confidenciando “algum” receio devido à falta de transporte das famílias e dificuldade em falar inglês. “Temos conseguido comunicar com os grupos. É uma animação mas, acima de tudo, extraordinária. Esta é a beleza das pré-jornadas: criarmos pontes e conseguirmos comunicar com toda a gente mesmo não falando a língua deles. Tem sido marcante a disponibilidade”, salientou, contanto que “as famílias de acolhimento estão de coração cheio. “Dos Arcos e Ponte da Barca, os jovens estrangeiros vão levar o sorriso e o abraço das famílias de acolhimento. É a primeira imagem que eles levam destas comunidades. O abraço de quem acolhe, de quem recebe e de quem quer que eles se tornem e façam parte da sua família ao longo desta semana”, afirmou.
Caminha: “Estão maravilhados pela forma como foram recebidos”
O Arciprestado de Caminha acolheu 58 franceses de várias Dioceses em 23 famílias de acolhimento. “Estes dias estão a ser uma experiência fantástica”, assegurou o Pe. João Martinho, responsável do COA de Caminha”, admitindo que “como (os peregrinos) vêm de diferentes dioceses, estão também a conhecer-se”.
O programa incluiu a celebração de eucaristias em diferentes paróquias, a atuação do Rancho Etnográfico, a visita a lugares emblemáticos do concelho desde São João d’ Arga às praias fluviais e os workshops, onde fizeram pão no forno comunitário em Riba de Âncora e os palmitos que enfeitam os andores nas procissões. “De Caminha, eles levam o acolhimento. Estão maravilhados pela forma como foram recebidos e estão surpreendidos pela quantidade de comida que lhes é oferecida”, referiu, entre risos.
Melgaço, Monção e Valença: “Estão muito felizes em viver esta experiência connosco”
Também Melgaço, Monção e Valença juntaram-se para celebrar os DNS. Acolheram 184 peregrinos da Diocese de Nancy, em França, em cerca de 70 famílias de acolhimento. “Tem sido uma experiência excepcional, mesmo para os nossos jovens. Penso que eles precisavam deste contacto até com a oração de uma forma mais próxima porque contrastam as suas experiências e repararam que tinham pouca prática com a oração, pouco contacto com a espiritualidade e a procura dela. E, por isso, tem sido extremamente positivo o convívio entre eles”, afirmou a professora Lígia Pereira, responsável do COA de Valença.
Do programa para os três arciprestados, a responsável destacou os convívios e os momentos culturais. Contudo, a eucaristia nas Caldas, em Monção, foi “um momento único, muito profundo e de grande intimidade com Deus”. “Teve muita participação até de famílias de acolhimento, mas sentiu-se em todo o ambiente que foi um momento de intimidade e encontro com Deus”, acrescentou, contando que os jovens franceses gostaram da forma como foram acolhidos e da comida. “As famílias mandam-nos fotografias a dizer que estão a adorar a experiência e que repetiriam amanhã, se fosse preciso, embora mostrassem alguma preocupação com estes dias”, contou, salientando: “Os jovens franceses, pelos que nos fazem chegar, é que estão muito felizes em viver esta experiência connosco.”
Paredes de Coura: “Estão super encantados”
O Arciprestado de Paredes de Coura também acolheu cerca de 80 peregrinos das Dioceses Metz e Verdun (França) em 35 famílias de acolhimento. “Faço um balanço muito positivo a todos os níveis. O feedback que temos recebido é que todos estão a adorar. Eles dizem-nos que as famílias estão a acolher muito bem. Estão super encantados com elas e, além disso, estão surpreendidos com as atividades”, disse Sofia Brito, membro do COA de Paredes de Coura, explicando: “Eles não achavam que um Município tão pequeno, como Paredes de Coura, que os fosse acolher de uma forma tão boa e com tantas atividades. Além das nossas, eles também estão a usufruir de iniciativas municipais que estão a decorrer.”
A responsável confidenciou ainda que as famílias de acolhimento tratam os jovens estrangeiros como filhos. “Elas mandam-lhes lanche”, contou, entre risos, enaltecendo a participação das pessoas mais isoladas. “Há pessoas que são mais reservadas e têm participado. Isto, para mim, já vale a pena. Mexe o coração”, admitiu, desejando que levem de Paredes de Coura “a experiência mais espetacular da vida deles”. “Não se vão esquecer da forma como foram acolhidos e tratados”, frisou.
Ponte de Lima: “Estão abismados”
O Arciprestado de Ponte de Lima acolheu, em 130 famílias de acolhimento, 301 jovens da Diocese de Valance (França). “A parte mais bonita foi juntar membros das diferentes freguesias de Ponte Lima para formar o COA. Somos todos diferentes e é bonito saber que há uma fé que nos une, conseguindo fazer coisas belíssimas. E, o resultado está à vista de todos”, disse Mónica Nogueira, membro do COA de Ponte de Lima.
A jovem da paróquia de Friastelas contou ainda que “muitos deles (peregrinos), nunca vieram a Portugal. Já outros, conhecem portugueses imigrantes. “Normalmente, são eles que nos acolhem e, desta vez, fomos nós. E, posso assegurar que está a ser feito um trabalho estrondoso. Eles nunca viram nada assim na vida deles. Eles vão encantadíssimos. O nosso concelho é um paraíso no cantinho do mundo em que não há violência. Andam à vontade e as famílias, muitas delas, falam francês. Estão abismados”, contou, salientando que os peregrinos franceses “levam o coração muito cheio, mesmo com cansaço nas pernas”. “Levámo-los a andar de barco, a visitar as igrejas e o Museu dos Brinquedos e a conhecer a Festa da Boa Morte e visitas às igrejas. Ficaram muito encantados”, especificou, enaltecendo a disponibilidade das famílias de acolhimento que, sem muita disponibilidade, participaram nos DND. “As famílias foram fantásticas e fenomenais”, assegurou.
Viana do Castelo: “Os nossos (jovens) ganharam muito com a estadia deles cá”
Já o Arciprestado de Viana do Castelo acolheu cerca de 150 peregrinos, provenientes da Polónia, da Arquidiocese de Łódź. “Nem tudo correu como previsto, sobretudo, por causa do tempo, mas o feedback que nos chega é que estão a gostar”, referiu Maria Luís, membro do COA de Viana do Castelo.
O programa inclui eucaristias, visitas ao Museu do Traje, Sé Catedral e Santuário do Sagrado Coração de Jesus (Santa Luzia), uma tarde cultural, a realização do tapete de sal e ações de cariz solidário e ambiental. “Os jovens polácos levam muito do que é a nossa cultura, mas também os nossos ganharam muito com a estadia deles cá. Viram uma vivência da religião muito diferente daquilo a que estamos habituados”, salientou, exemplificando: “No programa, não tínhamos missa todos os dias e, muitos grupos, pediam-nos para celebrar a missa.”
Vila Nova de Cerveira: “Os nossos jovens e as nossas famílias estão felicíssimos”
O Arciprestado de Vila Nova de Cerveira está a acolher 68 peregrinos da Bolívia, Venezuela, Argentina e Espanha. “Está a ser uma experiência muito positiva. Os nossos jovens e as nossas famílias estão felicíssimos”, garantiu Cátia Asseiro, membro do COA de Vila Nova de Cerveira.
Os peregrinos conheceram o concelho, visitando o património e a cultura, e tiveram a oportunidade de ir até à capital do Alto Minho (Viana do Castelo). “Tornou-se uma oportunidade única de conhecer o Santuário do Sagrado Coração de Jesus, em Santa Luzia, e ir até São Domingos, onde estão sepultados os restos mortais um dos patronos da JMJ: São Bartolomeu dos Mártires”, especificou, frisando que os jovens vão levar com eles a proximidade, a alegria e o entusiasmo da vivência da fé. “Mesmo para nós, esta experiência é um embalar de sair das rotinas e de alargar horizontes. E, para muitos dos jovens de Vila Nova de Cerveira, é a primeira experiência com impacto global”, acrescentou.
“Nota-se uma enorme gratidão para connosco”
Durante os DND, a Diocese de Viana do Castelo acolheu mais de 1300 jovens de 12 países, em cerca de 500 famílias de acolhimento nos dez Arciprestados.
O Pe. Domingos Meira, responsável do Comité Organizador Diocesano (COD), garantiu que foi uma semana de “sonho”. “Eles estão a sentir o que nós sentimos quando fomos acolhidos nas famílias de acolhimento em outras JMJ. Nota-se uma enorme gratidão para connosco e isso vale tudo”, afirmou, confidenciando que levarão saudade e uma experiência “muito bonita” da diocese.
A iniciativa contou com o apoio das autarquias e, sobretudo, do CNE da região de Viana do Castelo. “O nosso papel é que fosse o mais participativo possível a vários níveis junto do COD, dos COA’s e Comité Organizador Paroquial (COP’s), explicou Henrique Amorim, chefe regional, enaltecendo a realização da JMJ em Portugal. “O CNE está a fazer um trabalho excelente na organização deste evento, que contará com centenas de escuteiros a participar”, terminou.
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