O Departamento da Pastoral do Ensino Superior de Viana do Castelo promoveu, na Escola Superior de Desporto e Lazer do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, em Melgaço, uma tertúlia dedicada ao tema «Amor, sexualidade e relações», conduzida pelo professor Pedro Melo, investigador e docente da Escola Superior de Enfermagem do Porto. A sessão centrou-se na diferença entre emoções e sentimentos, no papel da paixão nas relações e, sobretudo, na necessidade de consolidar o amor-próprio como base de qualquer vínculo afetivo.
“É muito comum confundirmos paixão com amor, mas são coisas diferentes. A paixão é uma emoção; o amor é um sentimento”, alertou o orador. Para Pedro Melo, as emoções são reações rápidas e instintivas, presentes “em todos os seres vivos”, enquanto os sentimentos exigem tempo, construção e reflexão.
Para ilustrar a fragilidade da paixão, recorreu à metáfora de uma vela. “A paixão é uma chama que se acende depressa, mas qualquer sopro a pode apagar”, explicou, referindo que comportamentos possessivos como pedir passwords, controlar mensagens ou criticar a forma de vestir “são sopros que vão gastando a chama”. “Se eu quero construir uma relação saudável, tenho de proteger a chama. É assim que se passa da paixão para o amor”, sublinhou.
Pedro Melo abordou ainda a diversidade das formas de amar, referindo que “há amor sem paixão e não há nada de errado nisso”, seja no contexto familiar, de amizade ou noutras formas de vínculo afetivo. O importante, disse, é reconhecer que o amor “não é um único modelo” e que evolui ao longo da vida.
O momento mais marcante surgiu quando o professor deslocou o foco para dentro. “Quando vocês nasceram, ofereceram-vos uma pessoa: vocês próprios. Se não gostarem de vocês, quem gostará?”, questionou, defendendo que cuidar do corpo, da saúde mental e da coerência entre palavras e ações é o primeiro passo para qualquer relação afetiva madura. “A primeira pessoa com quem falo todos os dias sou eu. Não é maluquice; é responsabilidade”, contou, partilhando alguns episódios da sua vida de “violência” na infância num bairro social.
Apesar de tudo, o professor garantiu que essas experiências não definiram o seu percurso. “Não foi um processo de dor. Foi um processo de fortalecimento. Eu repetia para mim mesmo: és capaz de suportar mais do que pensas”, referiu, apelando: “O amor é escolha, é construção e é responsabilidade. Mas tudo começa no amor-próprio. Vocês vão encontrar soluções. Não deixem que ninguém vos diga quem são ou quem podem ser”.
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