As condições No seguimento do Conselho Provincial de 13 e 14 de Março de 1984, os padres Manuel Durães Barbosa, superior, e Abel Moreira Dias, ecónomo, indigitados para serem interlocutores da parte da Congregação do Espírito Santo junto da Diocese, deslocaram-se a Viana do Castelo, no dia 27 de Março de 1984, para entregarem em […]
As condições
No seguimento do Conselho Provincial de 13 e 14 de Março de 1984, os padres Manuel Durães Barbosa, superior, e Abel Moreira Dias, ecónomo, indigitados para serem interlocutores da parte da Congregação do Espírito Santo junto da Diocese, deslocaram-se a Viana do Castelo, no dia 27 de Março de 1984, para entregarem em mão a D. Armindo um escrito no qual constavam os termos da abertura do diálogo.
O documento revelou, primeiramente, a inclinação do Conselho Provincial pela restauração da sua actual casa de Viana do Castelo «como solução melhor» por diversas razões. Se, por um lado, o «Seminário das Ursulinas» representava, historicamente, «um marco histórico na restauração da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo», era, por outro, uma casa priveligiada pela sua «situação geográfica, no contexto da cidade».
Mas, o que ainda forçava mais aquela inclinação era a «sensibilidade da maioria dos membros» da Congregação do Espírito Santo, residentes em Portugal, «ouvidos ultimamente quanto à melhor solução para o futuro».
Apesar de tudo, os membros do Conselho Provincial puseram-se de acordo, bem visto o pedido formal de D. Armindo, quanto à abertura do diálogo com a Diocese de Viana do Castelo, «em ordem à transformação» da sua casa em seminário menor diocesano «por razões de colaboração eclesial». O diálogo estaria, no entanto, sujeito a quatro condições, as quais foram apresentadas na segunda parte do documento.
Em primeiro lugar, o Conselho Provincial pôs como condição que deveria ser encontrada uma casa que servisse a comunidade espiritana «em qualidade, tamanho e situação» ou um terreno «com viabilidade para tal». A segunda condição obrigava que houvesse acordo «num preço justo para ambas as partes» e a terceira reclamava a obtenção de «licença da Casa Generalícia, em Roma, e Santa Sé». A última tornava o diálogo dependente de «um tempo limite de 90 dias», a contar a partir do início das conversações.
Sem mais, D. Armindo prometeu dizer qualquer coisa dentro de 30 dias e, logo no mesmo dia 27 de Março, na presença do padre Abel Moreira Dias, pediu «que se fizesse uma prospecção na cidade de Viana e redondezas no sentido de indagar se haveria à venda qualquer casa que merecesse ser considerada como hipótese» para a comunidade espiritana.
O impasse
Em 3 de Abril de 1984, as condições impostas pelo Conselho Provincial foram expostas por D. Armindo na reunião com os Consultores Diocesanos e os membros do Conselho de Administração, tendo todos os presentes dado mostras de que, assim sendo, as perspectivas eram «fracas» e de que havia «pouca esperança» no sucesso das conversações. Apesar de tudo, a pesquisa de casas à venda iria continuar.
Por escrito, a resposta de D. Armindo à Congregação do Espírito Santo foi enviada com data de 5 de Maio de 1984, ou seja, com um atraso de semana e meia em relação ao limite de um mês por si imposto, o qual foi justificado com os afazeres que precederam a Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima, da qual emanou a nota pastoral sobre a lei da despenalização do aborto.
Sobre o resultado da prospecção de casas para a comunidade não deu novidades, a não ser que, em Viana do Castelo e arredores, «aparecem apenas andares em blocos de construção nova, e com dimensões familiares (para as famílias dimensionadas na sociedade hodierna…)».
Sem resposta para a primeira das condições impostas pelo Conselho Provincial, D. Armindo perseguiu a segunda do «preço justo», perguntando à Congregação do Espírito Santo quanto pedia pela casa de Viana, «sem prejuízo de toda a colaboração que continuaremos a tentar para que a Comunidade Espiritana permaneça nesta Diocese. Este é o desejo da Congregação, e é também o desejo da Diocese e do seu bispo».
O diálogo com a Congregação do Espírito Santo tinha chegado a uma fase crítica, mas ainda não era a hora de D. Armindo desistir dele, de tal modo que, em 9 de Maio de 1984, informou o Conselho Presbiteral de que se estava a dialogar com os Missionários do Espírito Santo sobre a viabilidade do antigo «Seminário das Ursulinas» ser convertido em Seminário Diocesano.
A carta do bispo de Viana do Castelo chegou à Casa Provincial, em Lisboa, quando o padre superior Manuel Durães Barbosa se encontrava em visitas pelas casas espiritanas do norte e centro do país. Uma vez regressado, incluiu-a na ordem de trabalhos do Conselho Provincial, reunido entre 16 e 18 de Maio de 1984.
Como interlocutor, o superior fez saber a D. Armindo por escrito, com data de 25 de Maio de 1984, que, de acordo com o Conselho Provincial, não se poderia avançar para o «preço justo» da casa de Viana – a segunda condição – enquanto não fosse encontrada uma solução para a primeira – encontrar uma casa para a comunidade que a sirva em «qualidade, tamanho e situação» ou um terreno «com viabilidade para tal».
No entanto, agradeceu a D. Armindo as diligências efectuadas no sentido de concretizar a cláusula primeira exigida pelo Conselho Provincial, que confessou ser, entre as demais três condições, a mais difícil de conseguir, pois também a Congregação do Espírito Santo – sobretudo através do ecónomo provincial, o padre Abel Moreira Dias – as fazia «sem grande fruto».
Para o padre Manuel Durães Barbosa, o diálogo entre as partes tinha chegado assim a um impasse, que ele não sabia como ultrapassá-lo, com a agravante do Conselho ter inclusivamente acordado a resolução do «dossier de Viana do Castelo» até 27 de Junho de 1984.
(continua na próxima edição)
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