O parêntesis Estava na hora de pôr uma pedra no assunto e formalizar o interesse da Diocese de Viana do Castelo na cedência do «Seminário das Ursulinas», da Congregação do Espírito Santo, com o fim exclusivo de ser utilizado como Seminário Diocesano, processo revisitado por iniciativa de D. Armindo em conversas pessoais com o superior […]
O parêntesis
Estava na hora de pôr uma pedra no assunto e formalizar o interesse da Diocese de Viana do Castelo na cedência do «Seminário das Ursulinas», da Congregação do Espírito Santo, com o fim exclusivo de ser utilizado como Seminário Diocesano, processo revisitado por iniciativa de D. Armindo em conversas pessoais com o superior provincial dos Espiritanos, o padre Manuel Durães Barbosa (1941-2018), paralelamente à negociação da quinta da Areosa.
Assim sendo, D. Armindo fez saber ao provedor Veiga de Faria, por carta com data de 1 de Fevereiro de 1984, que se sentia «na obrigação de abrir um parêntesis nas negociações com a Ordem do Carmo», significando com isso que, a partir desse momento, a Mesa podia diligenciar o futuro da propriedade sem esperar uma palavra da Diocese. Porém, acrescentou que a sua decisão não denotava «desde já total desistência para reatar negociações», isto é, «se entretanto ainda formos a tempo…».
A verdade era que a Mesa da Ordem do Carmo pedia pela propriedade um valor muito alto. Não era, pois, de admirar que tivesse surpreendido tudo e todos, desde os técnicos presentes no encontro de 5 de Janeiro até o próprio D. Armindo, que confessou ter ficado «alarmado e um pouco desanimado perante os valores de uma avaliação feita quase pedra a pedra». O mesmo aconteceu aos órgãos competentes da Diocese depois de terem sido consultados. Também eles sentiram com o bispo que se estava perante «um grande obstáculo – a importância pedida».
Por conseguinte, D. Armindo acrescentou, na referida carta ao provedor, que «a Diocese tem diante de si outras pistas a estudar, e neste momento estamos a iniciar o estudo de outra hipótese sobre a qual é urgente que nos pronunciemos, porque a partir daí poderemos encontrar solução (outra solução) para o problema do Seminário».
Em resposta, o provedor Veiga de Faria lamentou, em carta datada de 2 de Fevereiro, «a remota possibilidade» de um acordo com a Diocese de Viana do Castelo e adiantou que iria procurar «estabelecer outros contactos com vista à negociação», sendo certo que haveria da sua parte o cuidado de manter D. Armindo ao corrente para fazê-lo repensar a sua posição.
Era acolá
Ao mesmo tempo que retomou as negociações com a Venerável Ordem do Carmo, D. Armindo recobrou o contacto com a Congregação do Espírito Santo, tacteando assim, paralelamente, uma alternativa para a instalação do Seminário Diocesano, também ela abandonada no episcopado do seu antecessor.
D. Júlio ainda sonhou que fosse possível concretizar-se o milagre de instalar o Seminário Diocesano na casa que a Congregação tinha desocupada em Viana do Castelo, mas a realidade de então obrigou-o a continuar em busca de outro lugar.
Mais conhecida por «Seminário das Ursulinas», a designação da casa foi-lhe atribuída em razão do edifício onde se instalou, em 1922, o Seminário das Missões – uma casa de formação de padres missionários espiritanos e o primeiro seminário da cidade –, ter sido anteriormente um antigo convento da Ordem de Santa Úrsula ou das irmãs ursulinas, fundado no século XVIII.
Dois dias após a tomada de posse de D. Armindo como segundo bispo da Diocese de Viana do Castelo, o padre Manuel Durães Barbosa (1941-2018), superior provincial da Congregação do Espírito Santo, apresentou-lhe por escrito, com data de 10 de Dezembro de 1982, as felicitações pelo novo encargo pastoral, em nome de todos os missionários espiritanos.
No entanto, o padre Manuel Barbosa fez questão de dizer no mesmo escrito que teria muito gosto em saudar o novo bispo vianense pessoalmente, esperando fazê-lo quando se ausentasse da Casa Provincial, na Estrela, em Lisboa, onde morava, para tomar a direcção do norte de Portugal, entre os dias 20 e 22 de Dezembro.
Em resposta, D. Armindo agradeceu a reverência, manifestou interesse no encontro pessoal e adiantou que, caso ele não ocorresse por alguma razão, que lhe tornaria a escrever. De facto, o superior provincial andou pelo Norte antes do Natal de 1982, mas não teve oportunidade de parar na residência episcopal, em Darque, porque, inesperadamente, foi obrigado a regressar a Lisboa para tratar de assuntos relacionados com os missionários de Angola.
Conforme havia dito, D. Armindo escreveu ao padre Manuel Barbosa logo no dia 2 de Janeiro de 1983. Curiosamente, no mesmo dia em que enviou ao provedor da Venerável Ordem do Carmo o pedido de audiência para se inteirar do ponto em que ficaram as negociações com a Diocese de Viana do Castelo, a respeito da quinta da Areosa, no tempo do seu antecessor.
Na carta, D. Armindo explicou a razão do interesse no encontro, dizendo que, durante o ano de 1983, pretendia «fazer uma opção» e que, por essa razão, queria saber se valeria a pena repensar a hipótese anteriormente intentada e, havendo «alguma viabilidade de princípio», quem seria o interlocutor da parte da Congregação.
A respeito das conversações passadas disse pouco saber, apenas que a Congregação do Espírito Santo possuía, na cidade de Viana, «um Seminário desocupado e que parece ter estado na intenção desta Diocese tentar adquirir para Seminário diocesano». Ou seja, entre as várias hipóteses, «também esta foi considerada». Mas, confessou: «não estou ao corrente das diligências efectuadas nem do estado actual da situação».
Sem adiantar pormenores, o superior provincial apontou o encontro para a segunda semana de Janeiro, altura em que iria a Braga em visita provincial. Acabou por acontecer finalmente em 14 de Janeiro de 1983, na residência episcopal, em Darque.
(Continua na próxima edição)
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