O Seminário de Viana do Castelo. Prioridade da Identidade Diocesana: subsídios para a sua história – parte XI

Investimento de futuro Ainda que nem todos os seminaristas viessem um dia a ser ordenados presbíteros, a passagem de muitos jovens pelo Seminário – por vezes, efémera – deveria ser sempre interpretada como um investimento feito pela Diocese, antes de mais e pelo menos, na formação humana de verdadeiros homens e de verdadeiros cristãos. Era […]

Notícias de Viana
30 Jan. 2021 4 mins
O Seminário de Viana do Castelo. Prioridade da Identidade Diocesana: subsídios para a sua história – parte XI

Investimento de futuro

Ainda que nem todos os seminaristas viessem um dia a ser ordenados presbíteros, a passagem de muitos jovens pelo Seminário – por vezes, efémera – deveria ser sempre interpretada como um investimento feito pela Diocese, antes de mais e pelo menos, na formação humana de verdadeiros homens e de verdadeiros cristãos.

Era fácil encontrar forte consenso a respeito desta consolação tanto nas palavras de bispos e de agentes da pastoral vocacional, como nas alusões à relevância da instituição na sociedade, sob múltiplos aspectos.

Recorde-se, a título de exemplo, um destaque de primeira página do jornal diocesano sob o título «Um benemérito chamado Seminário», assinado pelo pseudónimo «Nunabre» e publicado em 19 de Novembro de 1981, salientando que «seria interessante saber-se, por exemplo, quantos ex-seminaristas ocupam, hoje, na nossa sociedade, cargos de responsabilidade e devem a sua preparação próxima ou remota aos seminários que frequentaram!»

No referido texto, o autor sublinhou a ideia de que «o Seminário é credor do nosso reconhecimento» com o relato de um episódio decorrido num congresso, realizado num dos seminários de Braga, em que um orador vianense, «recordando com saudades o seu tempo de seminarista e o quanto devia na sua formação ao Seminário, disse, inflamado: ‘nesta casa eu deveria entrar não de pé mas sim de joelhos’».

Com uma perspectiva mais alargada, o padre Carlindo Vieira foi mais longe ao aduzir argumentos, na edição do mesmo periódico de 24 de Outubro de 1985, para justificar por que considerava a instituição «um valor moral e cultural, social e comercial», que, tendo casa erguida de raiz em Viana do Castelo, beneficiaria em muito a cidade.

De acordo com o autor, «o Seminário não é um estabelecimento de ensino como outro qualquer. Para além de ensinar, tem de dar aos seminaristas uma formação específica, que lhes proporcione, um dia mais tarde, o exercício de uma função, que tem tanto de nobre, como de exigente. E essa função, sendo espiritual, tem repercussões sociais».

Mais, o Seminário não só deveria ser entendido como «um valor cultural pelos conhecimentos que prodigaliza aos educandos», mas também como «um pólo de desenvolvimento social e comercial do meio». 

Por um lado, muitos ex-seminaristas «devem tudo o que são ao seminário», pois «foi ele que promoveu socialmente milhares e milhares de ex-seminaristas pobres, alguns dos quais ocupam hoje posição relevante na sociedade portuguesa». Por outro, «como todo e qualquer estabelecimento de ensino, o Seminário além de variados empregos, mobiliza ao seu redor muitas actividades comerciais». 

Embora actualizado e dirigido mais para fora do que para dentro da comunidade cristã diocesana, um discurso similar e igualmente aglutinador seria adoptado, mais tarde, para promover o projecto de construção do novo Seminário Diocesano, em Viana do Castelo, aproveitando assim os créditos de que a instituição enquanto tal dispunha no meio social, não só como necessária à formação dos sacerdotes e à dinâmica eclesial, mas também pelos relevantes serviços prestados à sociedade e à cultura. 

Na sessão de apresentação pública do projecto do novo Seminário, em 8 de Agosto de 1990, D. Armindo fez questão de salientar que, para a construção do edifício, foi lançado «o desafio do apoio e compromisso de todos os fiéis, comunidades e movimentos da Igreja diocesana e de toda a comunidade humana do Alto Minho, pois o Seminário também constitui uma estrutura de inegável valor e importância para o desenvolvimento humano, cultural, social e religioso desta comunidade humana».

A resposta ao apelo seria descrita por José Artur Rocha Peixoto, membro da comissão central de angariação de fundos, na edição do jornal diocesano de 6 de Maio de 1993 – quando a obra já seguia adiantada –, como «altamente positiva», graças à «contribuição voluntária de inúmeros cidadãos, que não sendo da Igreja, mostraram a sua disponibilidade duplamente valiosa», porque «encaram o Seminário como um equipamento de grande valor social e cultural para o Distrito de Viana».

(Continua na próxima edição)

Tags Diocese

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