O Seminário de Viana do Castelo. Prioridade da Identidade Diocesana: subsídios para a sua história – parte VIII

Seminaristas em Darque Para além do Seminário de São Teotónio, a Diocese de Viana do Castelo passou a dispor, no ano lectivo de 1985-86, de uma galeria do Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, para alojar os seminaristas do 7.º ano de escolaridade, sob a orientação do padre Sérgio Augusto Gonçalves Pereira. Enquanto os seminaristas […]

Notícias de Viana
6 Jan. 2021 7 mins
O Seminário de Viana do Castelo. Prioridade da Identidade Diocesana: subsídios para a sua história – parte VIII

Seminaristas em Darque

Para além do Seminário de São Teotónio, a Diocese de Viana do Castelo passou a dispor, no ano lectivo de 1985-86, de uma galeria do Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, para alojar os seminaristas do 7.º ano de escolaridade, sob a orientação do padre Sérgio Augusto Gonçalves Pereira.

Enquanto os seminaristas frequentavam, em Monção, as aulas internamente, os que passaram a morar em Darque deslocavam-se até o Colégio do Minho, em Viana do Castelo, para assistir às aulas. 

O regime de aulas internas no Seminário de São Teotónio seria abandonado no ano lectivo seguinte, passando os seminaristas a frequentar as escolas públicas da vila.

No seguimento do decreto de admissão de 8 de Junho de 1985 foram admitidos ao Seminário de São Teotónio, após efectuado o estágio, 19 candidatos para o 5.º ano e para o 6.º foram aprovados 4 dos 8 candidatos, um dos quais estava integrado no pré-seminário.

Assim, em 6 de Outubro de 1985, deram entrada 21 seminaristas para o 5.º ano (19 novos e 2 repetentes) e 29 para o 6.º ano (4 novos, 3 repetentes e 22 que transitaram do ano anterior). 

Para frequentar o 7.º ano no Colégio do Minho, a partir de 7 de Outubro, foram admitidos apenas 18 dos 23 candidatos, a quem se juntaram os 22 seminaristas do mesmo ano de escolaridade que transitaram de Monção. No dia da entrada, o total de 40 previstos ficou reduzido a 38.

Deste primeiro grupo de seminaristas que ficou alojado no Centro Pastoral Paulo VI apenas chegou a ser ordenado presbítero um deles – Paulo Alexandre Barros Ferreira –, o qual veio a fazer parte da equipa formadora do Seminário Diocesano, em Viana do Castelo – primeiramente, entre 1997 e 1999; depois, entre 2003 e 2004 –, bem como chegou a ser, apenas por um ano e ao mesmo tempo, administrador do Seminário de São Teotónio e pároco de Anhões e Luzio (c. Monção), nomeado em 24 de Agosto de 1999.

Pela primeira vez, foram ainda admitidos, no ano lectivo de 1985-86, mais 4 para o 8.º ano, um para o 10.º ano e outro para o ano propedêutico, todos nos seminários de Braga.

Um remedeio

A escolha do Centro Pastoral Paulo VI para alojamento de um grupo de seminaristas e o recurso ao Colégio do Minho para a frequência escolar foi o resultado da falta de uma solução efectiva da parte da Diocese quanto à instalação de um seminário na cidade episcopal.

À primeira vista, a solução mais fácil seria continuar a encaminhar os seminaristas para Braga, mas não era a «conveniente, muito menos a solução necessária», conforme se justificava na edição de 17 de Outubro de 1985 do jornal diocesano.

Necessário era mesmo ter um Seminário em Viana do Castelo. Pois, «uma Diocese sem Seminário é pouco menos que um corpo sem coração. Sabe-se que o Seminário não é a razão de ser da Diocese, mas entende-se mal que uma diocese possa viver sem seminário».

Ora, se «faz falta um Seminário; muito bem, crie-se o Seminário. Acontece que um Seminário não é mais um estabelecimento de ensino como outro qualquer. Tem algo de muito peculiar, dos métodos às finalidades pretendidas. Mais que salas de aula e professores para ensinar, um Seminário é uma forma de viver, um espírito que dá sentido a toda a actividade desenvolvida. Não é facil haver um Seminário sem casa própria, mas um Seminário é muito mais do que a casa em que os seminaristas possam viver». 

Por outras palavras, ter seminaristas no Centro Pastoral Paulo VI não era a solução ideal. Seria o mesmo que dizer com Carlindo Vieira, na edição de 24 de Outubro de 1985 do mesmo semanário, que «foi criada na cidade a instituição – que não a casa – ‘Seminário de Viana’».

Ideal seria «encontrar na cidade um edifício adequado ou, então, um terreno, onde se possa erguer o Seminário de Viana. Uma coisa é certa. Se a cidade arranjar o edifício ou o terreno, o Povo de Deus do Alto-Minho garante a construção». 

Carlindo Vieira não tinha dúvidas de que seria a Igreja e a cidade de Viana do Castelo a lucrar com a sua construção, «porque o Seminário é um valor moral e cultural, social e comercial». De contrário, «seria um dos tais erros denominados históricos».

Apelo às colunas

Cedo se percebeu que o Centro Pastoral Paulo VI não oferecia as melhores condições para que nele funcionasse o Seminário, não só porque aquele ficava assim prejudicado na finalidade para que foi razoavelmente concebido – fundamentalmente, actividades pastorais –, mas também porque o Seminário a fixar-se em Viana do Castelo necessitava de uma casa adequada à sua vida peculiar que não aquela.

Aliás, conforme se escrevia na edição de 24 de Outubro de 1985 do «Notícias de Viana», o Centro Pastoral «como Seminário apenas se lhe poderá pedir que responda um ano». Na verdade, não viria a ser um, mas sim dois anos.

Certo de que o problema tanto era do Bispo como de toda a comunidade cristã diocesana, o articulista não identificado lançou o repto às «forças vivas de Viana» para que se mobilizassem na procura de uma solução da mesma forma entusiasta com que «se bateram afincadamente para que a Diocese de Viana do Castelo fosse criada. E até escreveram que não faltavam meios materiais para que a Diocese pudesse subsistir sem grandes sobressaltos».

No mesmo sentido orientaram-se as palavras de D. Armindo proferidas, em 10 de Novembro de 1985, no encerramento da semana comemorativa do 8.º aniversário da criação da Diocese, quando referia que, «nesta Diocese, criada a pedido insistente de sacerdotes e leigos investidos de autoridade e de reconhecida representatividade, há certamente responsáveis de ontem que não podem ser hoje demissionários, há sucessões e herança de compromissos que a lealdade não pode ignorar, e há a solidariedade humana porventura fortificada pela unidade de fé e pelo compromisso baptismal».

De acordo com D. Armindo, o que verdadeiramente a Diocese necessitava era «de quadros e de estruturas, de fortificar as suas raízes e o seu tronco, para se desenvolver como árvore frondosa e saudável, sem o que não pode haver frutos (de salvação) abundantes e apetecíveis».

Carlindo Vieira, colunista do «Farol do Bugio», seria mais pragmático no texto que fez publicar no jornal diocesano, na edição de 12 de Dezembro de 1985, ao dizer que era preciso iniciar «uma nova cruzada» em favor da construção do Seminário Diocesano de Viana do Castelo, que tanta falta fazia, ainda que leve o seu tempo, como a criação da Diocese».

Pois, «quem conhecer um pouco da história da urbe local sabe que qualquer empreendimento, aqui na cidade, não se resolveu sem que, na ampulheta do tempo, passarem uma ou várias dezenas de anos».

Bem optimista acrescentava ainda que o Seminário Diocesano nasceria do bairrismo local, como aconteceu com «os colégios particulares, que, durante tantos anos, colmataram a falta de estabelecimentos de ensino oficial no Alto Minho».

(Continua na próxima edição)

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