Num tempo de avaliação do tecido paroquial, convém mesmo ir pensando a questão do Diaconado Permanente em ordem a uma Igreja mais próxima de todos, em que todos sintam o seu lugar estimado no serviço quotidiano.
I – O diaconado sempre existiu na Igreja. Hoje, pode ser uma vocação desejada, um serviço ordenado permanente no meio da Igreja e não apenas de ordem transitória, como tem sido na admissão dos seminaristas ao presbiterado. De facto, o diaconado tem sido entre nós uma etapa ministerial exercida por aqueles que postulam o presbiterado: etapa transitória de alguns meses/até de alguns anos.
Importa não agir apenas por simples desejo, mas discernir o que o Espírito diz hoje à Igreja (Apc 3, 13), no meio das vicissitudes atuais e nos ambientes sociais e humanos que são hoje os nossos. Isto implica que o diaconado permanente não seja somente uma precária imitação da forma de fazer como os outros, mas que a questão seja ponderada nos diferentes conselhos e rezada em comum para que o ministério do diaconado permanente seja suscitado no seio do Povo de Deus (na diocese de Viana do castelo).
A Conferência Episcopal Portuguesa, em 1981, deu as orientações em tal matéria. Convém revisitar o documento, sobretudo naquilo que são as funções de um diácono permanente, não caindo no vazio nem em oportunismos de carreira sempre doentios. As funções atribuídas a tais diáconos permanentes sobretudo no campo caritativo eram ditas assim: “1 – dirigir, em nome do Bispo, as comunidades cristãs dispersas de que for encarregado; 2 – dirigir/animar as atividades socio-caritativas, nomeadamente em favor dos pobres, presos, marginais e outros carecidos; 3 – orientar/assistir serviços e atividades de administração e secretariado, de ambiente diocesano ou local; 4 – dirigir/dinamizar centros de acolhimento, de apoio, de espiritualidade, de peregrinação, etc.”
II – A atualidade destas funções é evidente, na diocese de Viana do Castelo, onde o tecido/território social está repleto de indigências de pessoal qualificado e é semeado de Instituições Sociais de Solidariedade Social; tantas IPSS’s poderiam ser geridas por pessoas formadas em gestão, finanças, administração e noutras especialidades, sem necessidade de tanta dispersão dos presbíteros que mantêm o seu sagrado ministério pastoral. Os presbíteros seriam mais dedicados ao seu nobre ministério. As aldeias dispersas com poucos recursos (mesmos pessoais) contariam com um ministério que não as deixaria abandonadas; hoje, este aspeto gasta e enfraquece tanto clero diocesano.
A Liturgia poderia também contar com Diáconos, favorecendo a preparação e a beleza dos rituais; procurando garantir a dignidade e santidade que convém a todas as celebrações. O diácono permanente seria um bom servidor de tanta qualidade que todos, sacerdotes e fiéis, desejam nas suas comunidades. O serviço litúrgico é sempre a imagem da cortesia dos diferentes ministérios que lhes são atribuídos no quotidiano, solícitos na proximidade.
Iniciemos a reflexão. A abertura a Deus é imprescindível para o florescimento de vocações diaconais. O Espírito suprirá às necessidades atuais. A efeméride “Viana em Família” do departamento da Pastoral Familiar, noticiado em Viana no último NV, me sugeriu esta reflexão.
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