Nesta minha estreia como colunista do Notícias de Viana decidi trazer à colação um dos temas mais prementes da atualidade – a crise climática.
São essencialmente duas as razões subjacentes a esta escolha (para além da referida premência): primeiro, por ser um tema que já mereceu a atenção do Santo Papa Francisco na sua Exortação Apostólica LAUDATE DEUM; segundo, porque – naquela que é a minha perceção sobre o assunto -, o cidadão comum ainda não tem verdadeira consciência da dimensão do problema e do que pode fazer para ajudar na sua resolução.
Os sinais são inúmeros e evidentes e acontecem nas mais diversas partes do nosso planeta: períodos de seca extrema; precipitação muito concentrada no tempo; aumento da temperatura da Terra; subida do nível médio das águas do mar etc., são algumas das razões que explicam o aumento significativo do número de refugiados por razões ligadas ao clima, estimando-se que ascendam a 200 milhões em 2050.
Temos de reconhecer que as medidas mais eficazes são as que partem dos próprios governos, geralmente alavancadas por deliberações, ora mais, ora menos vinculativas, tomadas no contexto internacional. Se é verdade que alguns compromissos internacionalmente assumidos pelos países se têm mostrado pouco ambiciosos, é inegável a preocupação crescente de várias organizações internacionais com a crise climática. Destaco, a este nível, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU para o horizonte temporal 2015-2030, dos quais 7 estão diretamente relacionados com questões ambientais. O segundo destaque vai para a União Europeia ao tornar obrigatórias as suas metas climáticas de longo prazo, desde logo, a neutralidade das emissões de dióxido de carbono até 2050.
Contudo, a constatação da eficácia das políticas não diminui a importância do papel que cabe a um de nós. Não se pode escamotear que a alteração do nosso estilo de vida é difícil e exigente porquanto colide com hábitos culturais muito consolidados. Mas a defesa e subsistência da Terra justificam o esforço que, imbuídos dos valores da responsabilidade e solidariedade, cada um de nós possa dedicar a esta causa coletiva.
Consumir produtos locais, reduzir o lixo na confeção de alimentos, separar o lixo doméstico, utilizar menos papel e poupar água, são alguns dos pequenos gestos de fácil concretização para qualquer um. Infelizmente, são muitos os que nem isto fazem! E se quisermos ser ainda mais ambiciosos – e coerentes com o que exigimos aos decisores políticos – podemos evitar o uso do automóvel nas pequenas deslocações, instalar painéis solares em nossas casas, entre muitas outras práticas amigas do ambiente. Num crescendo de exigência, podemos adotar as 5 regras da economia circular – os 5 R´s: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar – aumentando o ciclo de vida dos produtos. Em suma, o consumismo deve dar rapidamente lugar ao consumerismo, isto é, ao consumo responsável, racional e sustentável.
Nas próprias palavras do Santo Papa «Tudo o que se nos pede é uma certa responsabilidade pela herança que deixaremos atrás de nós depois da nossa passagem por este mundo». Por isso, associo-me às Suas palavras e «Convido cada um a acompanhar este percurso de reconciliação com o mundo que nos alberga e a enriquecê-lo com o próprio contributo, pois o nosso empenho tem a ver com a dignidade pessoal e com os grandes valores.»
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