Museu dos Terceiros procura manter interesse público no património religioso

O património religioso, de acordo com José Velho Dantas, rondará “entre os 80% e os 90%”. O Museu dos Terceiros, em Ponte de Lima, é um dos “monumentos históricos” que preserva e promove parte dele. Espólios e peças de “outros templos e igrejas”, que existem “desde há séculos”.

Micaela Barbosa
24 Set. 2024 3 mins

Instalado no extinto convento de Santo António dos Capuchos e no edifício da Ordem Terceira de São Francisco, com duas igrejas que “unem séculos de história”, os claustros e os jardins, o Museu dos Terceiros recebe, por ano, entre nove a dez mil visitantes. “Fazemos tudo aquilo que um museu, dito normal, faz”, afirmou o conservador, José Velho Dantas, recordando o protocolo entre o Instituto Limiano, a Diocese de Viana do Castelo e o Município de Ponte de Lima que “permitiu recuperar e restaurar o património” e, consequentemente, a abertura enquanto museu como, hoje, é conhecido. “Tudo o que diz respeito à arte sacra, incluindo as próprias estruturas das igrejas, é, naturalmente, uma parte do museu. No entanto, promovemos exposições temporárias com arte e fotografias sobre eventos religiosos e outras mais contemporâneas”, salientou, confidenciando que, “uma vez ou outra”, expõem peças que, normalmente, estão em reserva para “mostrar o espólio”.

Na década de 70/80, o Museu dos Terceiros integrava um núcleo de arqueologia. Contudo, quando mudaram o funcionamento de modo a acompanhar “a evolução dos tempos”, criaram um serviço educativo que pretende “atrair as crianças, as escolas e fazer com que sintam por dentro e com as próprias mãos o que é Arte Sacra e tudo aquilo que é arte”. “Entre outubro e maio, realizamos um conjunto de atividades com as escolas, sobretudo, do concelho”, explicou.

Desde 2021, o “monumento histórico” passou a integrar a Rede Portuguesa de Museus. E, como garante José Velho Dantas, tem todas as peças “inventariadas e catalogadas”. “O maior desafio é manter o interesse do público por este tipo de património porque, como o conceito é muito alargado, temos de continuar a vincar a sua importância”, apontou, considerando que a arte religiosa tem uma importância “extraordinária”. “Cerca de 80 a 90%, do património português, é património religioso. Apesar das destruições que decorreram no nosso país, foi o espólio melhor preservado. É incrível a quantidade de edifícios, desde capelas e igrejas paroquiais que sobreviveram até aos dias de hoje”, disse.

Para o conservador, a noção de património é “muito alargada” e “a grande fatia” é religioso. “Não podemos ver o património religioso como património só da igreja”, afirmou, recordando que a igreja da Ordem Terceira foi construída pelos irmãos terceiros, que viviam em Ponte de Lima. “Não podemos pensar que pertence à igreja só no sentido hierárquico e eclesiástico, mas como comunidade. A igreja somos todos e, por isso, temos de preservar este património”, defendeu, reconhecendo que a igreja não tem “meios”. Daí, “a necessidade de recorrer aos poderes públicos” para “tornar possível a manutenção e recuperação de muito espólio e sua conservação para o futuro”. 

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