Milhares de agricultores de toda a União Europeia manifestaram-se em Bruxelas contra a proposta da Comissão Europeia para a nova Política Agrícola Comum (PAC) pós-2027, numa mobilização que reuniu cerca de 12 mil participantes, segundo as organizações do setor.
O protesto teve como principal alvo a proposta de redução do orçamento destinado à agricultura no próximo Quadro Financeiro Plurianual, num contexto em que o orçamento global da União Europeia deverá aumentar. Para os agricultores, trata-se de um “retrocesso” numa das políticas consideradas estruturantes do projeto europeu.
Entre os participantes esteve a Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, representada pelo presidente da direção, Adelino Esteves, que integrou a delegação portuguesa presente junto das instituições europeias.
Numa publicação nas redes sociais, a cooperativa defendeu “uma política agrícola mais justa, equilibrada e ajustada à realidade do território português”, sublinhando as especificidades das regiões de montanha e de baixa densidade populacional, como o Alto Minho.
Segundo a cooperativa, a atual proposta da Comissão Europeia desvaloriza a agricultura extensiva e a pastorícia tradicional, sistemas produtivos que considera essenciais para a sustentabilidade ambiental, a segurança alimentar e a coesão territorial. “Estes modelos desempenham um papel determinante na gestão do território, na prevenção de incêndios e na fixação da população jovem”, lê-se.
Também a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) sublinha que os agricultores europeus se manifestaram “contra a proposta da Comissão Europeia de redução do orçamento destinado à agricultura no próximo quadro financeiro plurianual”, alertando para o impacto económico e social das mudanças previstas.
O presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, considera difícil de compreender que, “num contexto em que o orçamento da União Europeia cresce cerca de 40%, se proponha uma redução de 20% para a agricultura”.
O dirigente da CAP alertou ainda para os efeitos particularmente penalizadores destas opções para países como Portugal, defendendo que a fusão do desenvolvimento rural com a coesão territorial poderá agravar as desigualdades entre Estados-membros. “Portugal será muito mais prejudicado do que outros países”, afirmou.
Além da PAC, a manifestação integrou igualmente a contestação ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que várias organizações agrícolas consideram prejudicial para os produtores europeus, por permitir a entrada de produtos provenientes de países terceiros com regras ambientais e sociais menos exigentes.
c/Lusa
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