Maak, o espaço cowork que privilegia o talento limiano

Redução de custos, flexibilidade, conforto e comodidade, têm sido os principais atributos para o crescimento de espaços de coworking (partilha de recursos de apoio ao trabalho) em todo o mundo. Este conceito chegou pela primeira vez a Ponte de Lima através de um jovem casal, Alexa Pires e Olavo Franco, que idealizou um espaço até ao último pormenor. “Tudo, no interior, tem uma função e tem capacidade de ser flexível para mais do que uma tarefa”, garante o casal.

Notícias de Viana
26 Mai. 2023 5 mins
Maak, o espaço cowork que privilegia o talento limiano

O hall de entrada, onde se privilegia a luz natural, tem três secretárias e um armário com caixas de correio para receber correspondência e encomendas. “Cada pessoa pode colocar a sua morada comercial e receber o seu correio aqui”, especifica Olavo. 

À direita, encontra-se o espaço coworking, em que cada pessoa tem uma secretária e um cacifo inserido num móvel, que promove a boa postura através do trabalho em pé. Nesta área, há ainda uma zona de lunch (almoço) e de exposição. “A nossa intenção é que, a cada dois meses, haja uma exposição de artistas locais”, revela, especificando: “Desde que abrimos, já tivemos três exposições. Uma mostra de ilustrações de André Rocha, uma exposição fotográfica de Paulo Afonso e, agora, uma exposição de pintura de Catarina Vale.” 

Já do lado esquerdo, mais especificamente num canto, há uma sala de chamadas equipada, desde paredes, mobília e tecido para isolar o som, permitindo fazer chamadas e reuniões remotas. Neste seguimento, seguem-se os dois escritórios privados para os profissionais com mais sigilo, que mesmo em ambiente mais individual, possam ainda usufruir dos espaços partilhados. 

Antes da sala de reuniões, que é a mais solicitada, há uma casa de banho e uma pequena cozinha (kitchenette) equipada e com produtos da região. “Tudo o que aqui está, foi feito e comprado por empresas locais. É tudo de Ponte de Lima”, salienta Olavo, acrescentado: “Se defendemos e trabalhamos para que o jovem talento se mantenha em Ponte de Lima, privilegiando o que de melhor se faz aqui, temos de dar o exemplo e mostrá-lo através das nossas ações.” 

O Maak Cowork abriu portas em dezembro de 2021, e define-se como “um espaço de trabalho para todos”, que dá “valor à multiplicidade de áreas de atuação e à potencialidade de partilha de projetos e ideias, contribuindo para uma comunidade profissional sustentável”. Aqui, ainda há tempo para “privilegiar as pausas entre os momentos de produção, que podem ser praticados no espaço de lazer”. “Queremos quebrar o conceito do ‘típico escritório’ numa área rural, e unir esforços para um sucesso comum”, afirma o jovem casal. 

Embora sejam os dois gestores do espaço, Alexa Pires, de 27 anos, é ainda consultora de empresas, e Olavo Franco, de 28 anos, é arquiteto. Vão tentar manter-se assim até quando der porque, no futuro, pretendem que “o espaço seja autossuficiente”. “Somos portugueses e, portanto, fazemos milagres. Não é suposto existirem dois trabalhos, mas faz-se um esforço. Nesta fase inicial e de investimento, estamos a comprometer o nosso lado pessoal, mas, mesmo assim, tentamos que, pelo menos, o Domingo seja um dia para nós e para a nossa família”, confidencia Olavo. “Ou eu, ou o Olavo, estamos sempre por aqui. Durante a semana, o horário de funcionamento é das 09h00 às 12h30, e das 14h30 às 19h00. Ao fim de semana, também estamos cá, porque promovemos vários eventos e iniciativas para a comunidade, ou recebemos pessoas que alugam a sala de reuniões”, acrescenta Alexa. 

Até hoje, o Maak já recebeu centenas de pessoas. A nível de cowork, conta com duas pessoas fixas, duas flexíveis e outras que recorrem pontualmente aos seus serviços. “As pessoas ainda não estão habituadas à ideia do trabalho colaborativo, que é o futuro. Queremos instituir isso em Ponte de Lima”, defende Alexa. “É através do trabalho colaborativo que acontecem mais projetos. E, por isso, o nosso objetivo é atrair e manter o jovem talento em Ponte de Lima, assim como nós estamos a fazer com este projeto, tirando o maior número de vantagens possível e criando oportunidades de diferentes profissionais com diferentes experiências, cultura e trabalho”, reitera Olavo, frisando ainda o enriquecimento pessoal. “Ponte de Lima é uma vila fantástica, mas para quem vem viver a reforma. Aqui não se desenvolve a qualidade de vida para as novas famílias e queremos, através deste espaço, assumir a nossa responsabilidade perante o território”, admite. 

Ao contrário do que se pensa, este jovem casal não criou o espaço cowork devido ao crescimento do trabalho remoto após a pandemia. “Através deste espaço, podemos manter as pessoas que nasceram e cresceram em Ponte de Lima e investir nelas, fazendo coisas incríveis”, salienta Alexa. 

Olavo confidencia, ainda, que o Makk nasceu por influência de um outro espaço cowork em Viana do Castelo, onde começou a trabalhar. “Não conheço outra forma de trabalhar e modo de estar. Aliás, também se enquadrou com o meu estilo de vida. Sou uma pessoa do mundo rural, com nove irmãos. Se não soubesse trabalhar em colaboração, não conseguiria estar e ter vontade de estar aqui”, conta. 

O espaço cowork é ainda considerado, pelo casal, como um negócio familiar. “Só não abrimos mais cedo, porque queríamos o cunho da nossa família nas decisões”, disse Alexa. “Tudo surgiu em reuniões e discussões familiares”, acrescenta Olavo, assegurando o apoio incondicional da família e de amigos. 

Cinco meses depois de ter aberto as portas do Maak, Alexa e Olavo mostram- -se “muito satisfeitos” com o feedback, mas querem fazer mais. “O primeiro feedback é que o espaço é acolhedor. A entrada de luz natural faz com que as pessoas queiram vir trabalhar para aqui”, afirmam, contando que um dos seus coworkers (utilizadores) vê no Maak “um espaço essencial” em Ponte de Lima, e que não percebe como não vieram mais pessoas procurar os seus serviços. “Também dizem que somos pessoas acolhedoras. É muito bom saber”, brinca Alexa.

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