Luís Arezes apresenta-se como candidato do partido ADN – Alternativa Democrática Nacional – à Câmara Municipal de Viana do Castelo com um discurso de rutura face ao poder socialista, e de forte marca identitária. O empresário, natural do concelho, coloca a imigração no centro da sua narrativa política, mas também defende medidas económicas e sociais que passam por turismo, desporto, mar e reorganização da própria estrutura municipal. A candidatura posiciona-se como alternativa radical a décadas de governação, com um diagnóstico severo sobre o estado do concelho e propostas que desafiam consensos estabelecidos.
A questão da imigração como eixo central
O tema dominante no discurso de Luís Arezes é a imigração. O candidato considera que Viana do Castelo enfrenta um “problema grave” devido ao aumento de população estrangeira, sobretudo em bairros sociais. Nas suas palavras, “a imigração é o maior problema de Viana do Castelo, porque não é controlada”. Alega que a chegada de imigrantes tem provocado tensões sociais, e acusa a autarquia de não fiscalizar adequadamente a integração e as condições de habitação.
A proposta é endurecer critérios de atribuição de apoios sociais e reforçar a fiscalização municipal. Afirma que o objetivo não é discriminar, mas “defender primeiro os vianenses” e garantir que os recursos municipais se destinam a quem tem ligação efetiva ao concelho. Trata-se de uma posição alinhada com a retórica nacional do ADN, que procura capitalizar o descontentamento em torno da imigração e da habitação social.
Habitação e urbanismo: crítica à especulação
Apesar do foco no tema migratório, Luís Arezes também se posiciona sobre a habitação no geral. Considera que os custos elevados afastam jovens do concelho, e que há falta de habitação acessível. Critica o urbanismo municipal por estar demasiado “próximo dos grandes interesses imobiliários”, e promete rever prioridades, apostando na reabilitação de imóveis devolutos e na utilização de património público para criar soluções de custo controlado.
Para o candidato do ADN, é necessário garantir que as famílias de Viana do Castelo possam permanecer no concelho, em vez de verem a cidade transformada em destino de especulação, ou em espaço inacessível à classe média. Defende uma gestão urbanística transparente, embora sem detalhar instrumentos técnicos de implementação.
Turismo, mar e desporto como motores de desenvolvimento
Outro eixo programático é a economia, que Luís Arezes associa, sobretudo, ao turismo e ao mar. Afirma que Viana do Castelo tem um “potencial inexplorado” em áreas como turismo religioso, desportivo e de natureza, e que a autarquia deve apostar na promoção externa e em parcerias para captar visitantes.
O candidato defende, também, uma estratégia para valorizar o mar e a economia associada, desde a pesca até às atividades portuárias e de logística. Considera que a cidade tem condições únicas para se afirmar como plataforma atlântica, mas acusa os Executivos anteriores de não aproveitarem esse capital.
No que se refere a desporto, propõe transformar Viana do Castelo num polo de excelência, apostando em eventos e na requalificação de infraestruturas. Vê o desporto não apenas como prática de lazer, mas como sector económico com impacte no turismo e na projeção da cidade.
Críticas à indústria e ao modelo socialista
A candidatura do ADN não esconde a desconfiança face à indústria pesada instalada no concelho, sobretudo nas áreas automóvel e naval. Luís Arezes considera que a aposta em grandes empresas cria dependência e não garante sustentabilidade. Prefere falar em pequenas e médias empresas locais, mais ligadas ao território, e em sectores de futuro, como o conhecimento e o turismo.
As críticas à governação socialista são constantes. O candidato acusa a Câmara Municipal de ser “um aparelho pesado, com demasiados funcionários e pouca eficiência”, e afirma que a gestão se fez em função dos interesses do partido, e não da cidade. Para si, Viana do Castelo viveu décadas de “promessas não cumpridas” e de investimentos que não trouxeram retorno proporcional.
Reformar a Câmara: “limpar a casa”
Na governação local, Luís Arezes apresenta uma agenda de reorganização profunda. Promete reduzir a estrutura de pessoal da Câmara Municipal, que considera “excessiva”, e reavaliar todos os subsídios atribuídos a associações e entidades. Defende auditorias externas às contas municipais e revisão dos contratos em vigor, para identificar o que classifica como “desperdícios e compadrios”.
Um dos pontos mais simbólicos é a proposta de transformar a antiga cadeia de Viana do Castelo num espaço cultural ou turístico, que funcione como marca da cidade e, ao mesmo tempo, recupere património abandonado. Para o candidato, esta medida exemplifica a sua visão: “valorizar o que é nosso, em vez de gastar em obras faraónicas”.
Segurança e ordem pública
A segurança surge, também, no programa do ADN. Luís Arezes defende maior presença policial nos bairros sociais e videovigilância em zonas críticas da cidade. Afirma que a autarquia deve assumir um papel mais ativo neste domínio, colaborando com as forças de segurança nacionais, mas também criando mecanismos próprios de fiscalização e ordem.
Esta linha política conecta-se diretamente com o discurso sobre imigração: para o candidato, não é possível garantir qualidade de vida sem controlo e disciplina. A mensagem é clara: mais autoridade municipal no espaço público.
Posicionamento político e mensagem final
Luís Arezes posiciona-se como voz de protesto contra o “sistema instalado” em Viana do Castelo. O seu discurso mistura preocupações locais com bandeiras nacionais do ADN, sobretudo no que toca à imigração e à crítica às elites políticas. Procura captar eleitores descontentes com os socialistas, mas também aqueles que não se reveem nas propostas da direita tradicional ou do Bloco de Esquerda.
A mensagem final da candidatura é de rutura. Arezes apresenta-se como alguém disposto a “limpar a casa”, a cortar privilégios e a recentrar a política municipal nos vianenses. A estratégia é desafiante: apostar num discurso duro sobre imigração e segurança, mas, ao mesmo tempo, propor uma agenda económica assente no turismo, no mar e no desporto, sem grandes planos industriais.
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