Quem passa pela Rua da Bandeira, em Viana do Castelo, é recebido com uma melodia constante que anuncia a presença da Galáxia Discos, a loja mais antiga do país dedicada à música gravada. Fundada em 1975, a discoteca celebrou, no mês de novembro, meio século de atividade. Um marco raro no comércio local e um testemunho vivo da história musical portuguesa.
Para o proprietário, José Felgueiras, a trajetória da Galáxia é também “a história de uma cidade”, de gerações de colecionadores e de um mercado que mudou “radicalmente” nas últimas décadas. “Houve anos altos e, depois, vieram tempos mais difíceis, mas a música nunca nos deixou”, recorda, entre histórias de clientes que seguem a loja há 50 anos e jovens que descobriram o vinil por curiosidade ou nostalgia.
José Felgueiras começou a trabalhar na loja quase por acaso, substituindo o sobrinho do seu antigo patrão, e acabou por assumir a exploração da Galáxia depois de um período em sociedade que durou cerca de 20 anos. Desde então, tem mantido a loja “quase sempre com uma equipa mínima”, garantindo um atendimento “próximo e personalizado”. “Não sou das pessoas de meter dinheiro ao bolso. Prefiro reinvestir para dar uma boa escolha aos clientes”, explica.
O nome da loja, Galáxia, nasceu da escolha entre duas opções, com a outra – Atlântida – usada posteriormente pelo seu antigo sócio. A Galáxia acabou por se tornar mais que um nome. É uma marca de memória afetiva, de raridades musicais e de cultura local.
O mercado global da música gravada viveu uma inversão de tendência em 2024, também refletida em Portugal. Segundo dados da Audiogest, a indústria portuguesa cresceu 15% em relação a 2023, arrecadando cerca de 69 milhões de euros. Embora o streaming seja responsável por quase metade das receitas, os formatos físicos, e em especial o vinil, voltaram a conquistar espaço.
Na Galáxia, José Felgueiras confirma essa tendência. “As pessoas estão fartas do streaming. Querem ter algo físico, que possam escolher e guardar” referiu, revelando: “Até vendemos mais CD que vinis, mas ambos estão a ter uma procura crescente.”
O vinil clássico, de Frank Sinatra a Taylor Swift, atravessa gerações, enquanto colecionadores recuperam discos que outrora deram às filhas e filhos, ou que perderam em
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