VII A Ressurreição e Missão (Mt 27, 62- 28, 20) Lectio: que diz o texto bíblico em si? Não é a morte que põe fim à vida, mas sim a Vida que derrota a morte. Por isso mesmo, a verdadeira conclusão do relato da Paixão, a sua sétima (número perfeito!) e última parte, é a […]
VII
A Ressurreição e Missão (Mt 27, 62- 28,
20)
Não
é a morte que põe fim à vida, mas sim a Vida que derrota a morte. Por isso
mesmo, a verdadeira conclusão do relato da Paixão, a sua sétima (número
perfeito!) e última parte, é a Ressurreição. Todos os evangelistas afirmam a
ressurreição de Jesus, mas cada um com detalhes particulares. Os textos
evangélicos da ressurreição tentam responder a um propósito apologético (provar
a historicidade da ressurreição de Jesus) e a um propósito teológico
(descortinar o significado deste evento).
O sepulcro guardado (27, 62-66)
Na
comunidade para a qual Mateus escreve, corre o boato de que tinham sido os
discípulos a roubar o corpo de Jesus do sepulcro (cf. Mt 28, 13-15). Assim,
para atestar a historicidade da ressurreição, Mateus coloca como introdução ao
relato da ressurreição, o pedido que os sumo sacerdotes e os fariseus fazem a Pilatos
para que o sepulcro seja vigiado. Os chefes recordam-se que Jesus havia predito
a sua ressurreição ao terceiro dia e vão até Pilatos, o qual mais uma vez
assente ao pedido dos sumos sacerdotes e fariseus. Esta cena termina, com os
inimigos de Jesus a selarem o sepulcro e a pôr a guarda de segurança ao
sepulcro. Os mesmos guardas que foram colocados quase para impedir a
ressurreição, serão as primeiras testemunhas da ressurreição ante os sumos
sacerdotes.
As mulheres no Sepulcro (28, 1-10)
Mateus
já tinha mostrado o triunfo da morte de Jesus, com os acontecimentos
escatológicos que acompanharam a sua morte (cf. Mt 27, 51-54). Porém, ao
iniciar a narração do Domingo de Páscoa, este evangelista volta a apresentar
alguns elementos próprios das teofanias apocalípticas, das intervenções de Deus
na história: terramoto, anjo vestido de branco, relâmpago, o medo, … Mateus, bem como todos os outros evangelistas,
não descrevem o como da ressurreição, mas interpretam-na com o recurso à
linguagem simbólica.
O
anjo, depois de dissipar o medo das mulheres, explica-lhes não somente o
significado do sepulcro vazio, ou seja, a ressurreição do Crucificado, mas
também lhes recorda que Jesus tinha anunciado a sua ressurreição, mostrando
assim que é Jesus o Senhor dos acontecimentos. Além disso, confia-lhes a missão
de serem testemunhas da ressurreição ante os discípulos que devem voltar à
Galileia, o lugar do início do ministério de Jesus e da resposta generosa dos
discípulos. Esta referência à Galileia é uma indicação de que a ressurreição de
Jesus possibilita novos recomeços. Tudo isto provoca nas mulheres o temor
(sinal de que estão ante um acontecimento transcendente) e a alegria (um dos
dons pascais do Ressuscitado).
Como
prova da ressurreição não temos somente o sepulcro vazio, mas também a aparição
do Senhor Ressuscitado às mulheres. A narração desta aparição às mulheres é um
dado exclusivo de Mateus que deixa transparecer a sua teologia. Na verdade, o
Ressuscitado aparece, vem ao encontro das mulheres que permaneceram fiéis até
ao fim e que agora estão a iniciar a sua tarefa missionária. O Ressuscitado
torna-se presente na comunidade fiel e missionária. Às mulheres, o Ressuscitado
dirige um convite à alegria, um pedido para não terem medo e um imperativo à
missão. Alegria, coragem e testemunho: são estes os dons do ressuscitado à sua
comunidade.
A reação dos sumos sacerdotes e dos anciãos (28, 11-15)
Se
a ressurreição de Jesus provocou uma grande alegria nas mulheres, nos soldados
que guardavam o sepulcro provocou um terror mortal. Quando as mulheres começam
a cumprir a missão atribuída pelo Ressuscitado, os soldados vão à cidade também
testemunhar a ressurreição aos sumos sacerdotes que, após se reunirem com os
anciãos, mais uma vez, recusam a Jesus de uma forma lucida e corrupta. Aqueles
que entregaram dinheiro a Judas para prenderem Jesus, são os mesmos que
entregam dinheiro aos guardas para negarem a verdade da ressurreição de Jesus e
espalharem a calúnia do roubo do corpo de Jesus pelos discípulos.
A aparição de Jesus na Galileia e a missão universal (28, 16-20)
A última cena do evangelho de Mateus é a missão universal que o Ressuscitado confia aos seus discípulos na Galileia. Aqui Mateus não está interessado em demonstrar a ressurreição de Jesus, mas mostrar as exigências que essa Ressurreição traz para a vida da Igreja. Os onze – Judas já não estava com eles, mas Pedro sim – acreditam nas palavras das mulheres e dirigem-se até à Galileia. Os discípulos prostram-se reconhecendo que Jesus Ressuscitado é o verdadeiro Deus. Porém, a ressurreição de Jesus e a sua aparição não conseguiram dissipar todas as dúvidas dos discípulos. Alguns ainda duvidavam. Acreditar na Páscoa, na ressurreição nem sempre é fácil. Parece bom demais para ser verdade. A estes discípulos ainda cheios de dúvidas e medos, o Ressuscitado, aproximando-se deles, confia-lhes a missão universal de fazerem discípulos, através do batismo no nome da Trindade e do ensino. O Ressuscitado quer chegar a todas as nações, mas para isso necessita da colaboração dos seus discípulos. No entanto, eles não estarão sozinhos e por sua conta e risco. O Emanuel (cf. Mt 1,23) estará com eles até ao fim do mundo (cf. Mt 28,20). Temos aqui uma grande inclusão: quer no início quer no fim do seu evangelho, Mateus assegura que Jesus é o Deus connosco, o Deus que nunca nos abandona na nossa missão.
2. Meditatio: que me diz o Senhor com este texto bíblico?
i) O que significa para mim a Ressurreição de Jesus?
ii) Lê e medita nas seguintes palavras do Papa Francisco: “Cristo Vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!” (Cristo Vive, 1)”
i) O Senhor Ressuscitado vem ao nosso encontro e concede-nos a alegria, a vitória sobre o medo e a missão. Sei acolher estes dons do Ressuscitado na minha vida?
i) Tenho consciência que ser cristão é ser testemunha da ressurreição? Com que gestos concretos posso anunciar a ressurreição de Jesus à humanidade?
i) Onde e de que maneira o Ressuscitado está presente na minha vida?
3. Oratio: que digo ao Senhor, em resposta à sua Palavra?
Senhor
Jesus,
OBRIGADO por me ressuscitares dos sepulcros que me prendem, libertando-me do medo, dando-me a alegria e confiando-me a missão. Porque vives, queres-me vivo.
DESCULPA a minha pouca fé na tua Ressurreição. “O único grande pecado é não acreditar na energia da tua ressurreição.” (Enzo Bianchi)
AJUDA-ME a experimentar o poder da ressurreição (cf. Fl 3, 10) que me dá a graça do recomeço e me torna evangelizador. Na verdade, “Somos nós, somos nós, Senhor, a prova de que Tu ressuscitaste.” (Turoldo – Ravasi) Ámen! Aleluia!
4. Actio: que decisão concreta me convida a tomar a Palavra que escutei, meditei e rezei?
Neste
tempo pascal, vou empenhar-me por fazer uma autêntica visita pascal. Vou pensar
em alguém que nesta Páscoa esteja a passar um momento difícil. Depois de rezar
por essa pessoa e de tentar descobrir as palavras que o Ressuscitado lhe diria,
vou fazer-lhe uma visita (telefonema) comunicando-lhe a alegria, a paz e a
esperança que brilham na Páscoa.
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