Jorge Líbano Monteiro: “O grande papel da ACEGE é: como é que transformamos os corações dos homens”

A Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) vai implementar o seu 14º núcleo regional, desta vez em Viana do Castelo. O projeto foi iniciado pelo Núcleo Minho, desejado e impulsionado pelo Bispo diocesano e lançado na Eucaristia celebrada no dia 17 de novembro passado.

Micaela Barbosa
14 Dez. 2023 20 mins
Jorge Líbano Monteiro: “O grande papel da ACEGE é: como é que transformamos os corações dos homens”

O Projeto Viana foi apresentado pelo Secretário-Geral da Associação, Jorge Líbano Monteiro, ao abrir a iniciativa “Conversas de Gestão”, nessa mesma noite, no salão principal do Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, Viana do Castelo. O colóquio, que reuniu mais de 50 convidados, centrou-se sobre a pessoa, o estilo e a visão do empresário limiano António Carvalho Martins, e contou com o apoio do Balcão de Viana do Castelo da Fidelidade.

Notícias de Viana (NdV): Como olha para o atual momento político e social que vivemos? 

Jorge Líbano Monteiro (JLM): Com uma enorme preocupação e com o desejo de que os empresários católicos possam dar uma ajuda. É um momento que eu acho que, infelizmente, aconteceu e acontece já há alguns anos, devido a um tema que para a ACEGE é central, que é a questão da ética e da responsabilidade e objetivamente, se olharmos para trás, percebemos o impacte que a falta de ética tem no mundo, no nosso país em particular. Recentemente apareceram estes casos, que, infelizmente, se vêm juntar a outros que já vinham de trás; não há uma novidade. Isso é dramático, mas eu acho que as pessoas ainda não perceberam que há aqui um bem maior que é preciso preservar, e isso implica que cada um faça a sua função, cumpra a sua missão de uma forma ética, de uma forma responsável e, portanto, sem dilapidar o bem comum que é de todos e que, infelizmente, fica cativado por alguns só.

(NdV): Os banqueiros e empresários têm pedido estabilidade social, em favor da credibilidade de Portugal. Acha isso desejável? A estabilidade não é, também, forma de manter os mesmos interesses no poder? 

(JLM): Penso que aqui a grande questão é que nós precisamos de estabilidade, na medida em que o ambiente do ecossistema financeiro e económico possa dar tranquilidade às empresas para investir. Aqui é essa estabilidade, não é também uma estabilidade política, penso eu. Estamos a falar de ter as bases suficientes para poder trabalhar. As empresas são projetos que não são de curto prazo. Uma empresa séria é uma empresa de longo prazo, quanto muito, médio prazo. E, para o médio prazo, tem de antecipar um conjunto de fatores que acha que vão acontecer.

Se a empresa começa um investimento e, de repente, mudam as regras do jogo, é muito difícil querer investir nesse país. Essa estabilidade que se pede não é uma estabilidade para ficar parado no mesmo sítio, é uma estabilidade que permita avançar. E, no fundo, toda a parte do Governo, o que devia dar era criar esse ambiente económico para que as empresas possam investir, para que as empresas possam criar riqueza e, ao criar riqueza, possam distribuir essa riqueza também com o Estado e com as pessoas. Portanto, nesse sentido, de que é que estamos a falar? Estamos a falar da justiça, uma justiça que seja célere e que seja independente e que possa cumprir a sua função. Estamos a falar também de uma educação que crie jovens profissionais com capacidade e com possibilidade de vir a integrar as empresas. Hoje, às empresas falta-lhes muita mão-de-obra e que infelizmente está a vir de fora. Não há aqui mão-de-obra, não houve uma educação, uma formação profissional bem pensada, bem orientada para as necessidades que o país tem. Não foi por aí que a educação foi. Precisamos também da parte da saúde, para que os colaboradores possam projetar-se. Mas precisamos de um sistema e de um país que, no fundo, ganhe esperança e que não esteja com medo de investir, mas de crescer, de fazer-se com o país.

Eu acho que é essa estabilidade, que o mesmo é dizer, essas condições de base para que a economia possa crescer e para que as pessoas confiem. Quando eu vejo um sistema que está inquinado por causa da corrupção, onde só alguns é que conseguem andar com os seus projetos para a frente, onde só alguns é que conseguem ter o posto de trabalho que ambicionam, o que quer dizer é que há aqui alguma coisa que tem de mudar e, portanto, essa estabilidade é necessária.

(NdV): A Doutrina Social da Igreja denunciou sempre “o lucro como motor essencial do progresso económico” e apontou que “a propriedade privada não constitui para ninguém um direito incondicional e absoluto”. Como é que olha para o nosso modelo económico? Qual é a proposta que a ACEGE tem?

(JLM): Acho que aqui há uma grande medida, que não é medida legislativa, mas que é a noção de cada um perceber que tem de se transformar interiormente. E, portanto, aqui, mais do que medidas, porque já vimos que não é a legislação que altera a realidade – a legislação pode, sim, enquadrar a realidade – aqui, a ACEGE acredita que é profundamente central a transformação do coração dos homens. E essa é a grande mudança. Quando nós vemos líderes empresariais, responsáveis de grandes bancos, responsáveis de grandes empresas, a terem a noção de que o seu trabalho é a sua vocação, a terem a noção de que a empresa é de outros, é dos stakeholders, de todos os que estão envolvidos. Quando temos esta noção, tudo é diferente. E, portanto, essa aqui é a grande medida, é como é que nós, e o grande papel da ACEGE é esse, como é que transformamos os corações dos homens e, neste caso, dos líderes.

(NdV): E, em termos práticos, em que é que isso se traduz? 

(JLM): Não há empresas éticas. Há empresas que são lideradas por pessoas que têm comportamentos éticos. Isto não é uma teoria. Isto é uma prática. O que acontece quando alguém percebe a sua função como líder de uma empresa? É que vai tomar decisões de acordo com esse fim. E são essas decisões que podem fazer toda a diferença dentro de uma empresa. A decisão de me deixar corromper, ou de corromper outro, é uma decisão que é tomada pela pessoa.

E, portanto, essa é uma decisão que faz logo a diferença dentro da empresa: se está disponível para corromper e ser corrompido, ou não. Isto é uma questão que cada um tem de decidir por si. E é uma decisão pessoal, não é uma decisão da empresa, é uma decisão pessoal. A decisão, se eu vou olhar para os meus trabalhadores, para aqueles que estão comigo na empresa, e se vou olhá-los como meros números, ou se vou olhá-los como pessoas com famílias. 

(NdV): Acha que neste momento as pessoas são números? 

(JLM): Acho que, em muitas empresas, são números e, também em muitas empresas, são pessoas com família.

(NdV): E, nas empresas em que as pessoas ainda são números, o que faz falta fazer para que sejam olhadas como pessoas? 

(JLM): Falta, primeiro, converter o coração dos líderes. E depois, há certos instrumentos para ajudar a fazer isso. Temos uma Certificação de Empresas Familiarmente Responsáveis. O que é isto? É, no fundo, ajudar a empresa a ter de identificar as medidas de apoio que dá às pessoas; e o apoio pode ser no desenvolvimento pessoal de alguém, através de mais formação, disponibilizar a formação, mas também pode ser na área de apoio à família, o que tem a ver com o acompanhamento das crianças e, cada vez mais, com o apoio aos pais, dos próprios trabalhadores, visto que, por vezes, é mais fácil gerir os anos em que a criança é pequena do que gerir a velhice dos pais. Depois, também criar um conjunto de medidas que fomente a conciliação entre o trabalho e a vida pessoal das pessoas. Há muitas empresas que estão nisto. Nós temos 50 empresas já nesta certificação, que vão desde CTT, EDP, Santander, CUF, Brisa, grandes empresas, e depois em microempresas de 3, 4 pessoas. E, no fundo, ao aderir à Certificação de Empresas Familiarmente Responsáveis, o que está este empresário, ou este gestor, a dizer? A dizer a toda os colaboradores que a empresa está realmente comprometida com estas medidas. Porque estas medidas irão ser todas avaliadas no final do ano, por uma entidade externa. Portanto, não é dizer que é. É dizer, e fazer. E este programa entre outros, faz isso. Quer dizer: deixa de ser uma decisão pessoal do líder, se dá a tarde do dia de anos para os pais poderem festejar com os filhos, para ser uma coisa que já está instituída na empresa. Portanto, sendo uma medida instituída, vai ser avaliada no final do ano: se foi utilizada ou não. Portanto, isto é um instrumento efetivo para olhar as pessoas como pessoas e não como números. Outro projeto que a ACEGE também tem, outro programa, é o Semáforo. O que é o Semáforo? É uma tentativa de encontrar, dentro da empresa, aqueles que estão em maior risco de pobreza e, a partir daí, tentar desenvolver medidas dentro da empresa para combater a pobreza desses trabalhadores. Isto é um projeto que a ACEGE desenvolve e que há várias empresas que estão a fazer os questionários anónimos a todos os trabalhadores, e depois ficam com uma noção do que podem fazer, e tentam fazer, sem que a pessoa seja identificada. Nem sempre se pode fazer tudo, nem sempre se pode aumentar os ordenados, mas há pequenas coisas que podem alterar depois esta realidade.

Esta distinção de eu ser um líder que olha para as pessoas como números ou que olha para a humanidade da empresa e das pessoas, não é só teoria, mas pode fazer-se coisas realmente diferentes. E isto também leva à motivação daqueles que trabalham nessas empresas, porque também se sentem pessoas. E todos nós fomos criados para amar e para ser amados, e é isso que nos faz felizes. E portanto, muitas vezes, estas conversas que a Igreja defende, que a Igreja propõe a todos, quer dizer, o amor nas relações, que parece tão longe das empresas, pode não ser assim.

(NdV): Segundo os dados mais recentes, 30% dos pobres em Portugal têm contratos de trabalho, e 42% da população ativa portuguesa recebe menos de 812 euros brutos por mês. Em concreto, o que tem feito a ACEGE neste campo?

(JLM): Esses números e essas estatísticas, que foram lançadas pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, impressionaram, mas o que nos impressionou mais foi que 33% dos trabalhadores eram pobres. Ou seja, há 33% que trabalham o mês inteiro e chegam ao fim do mês e continuam sem conseguir pagar as suas despesas, e cada vez mais pobres. Foi isso que levou a ACEGE a lançar o programa Semáforo. Foi ver como conseguíamos encontrar formas de apanhar os pobres dentro das empresas o que, muitas vezes, não é fácil, porque as pessoas não querem expor-se. No fundo, queríamos perceber que tipo de pobreza existe numa empresa para, a partir daí, se poder atuar. Esta atuação, junto dos trabalhadores mais pobres, pode ser muito interessante, porque o trabalhador ainda continua com toda a dignidade do trabalho, está com condições para poder ser ajudado a dar a volta e para poder, ele próprio, com a pequena ajuda da empresa, tentar fazer a mudança dessa realidade, sem que ninguém seja identificado. Não focarmos o tema no aumento salarial porque, muitas vezes, as empresas não conseguem fazer. Não é possível, embora continuemos a apelar às nossas empresas para que paguem o máximo que possam, de acordo com critérios racionais de gestão. Há uma grande empresa que está connosco e que tem refletido sobre isso, fazendo esse caminho autonomamente do Governo.

Tenta fazer essa aproximação àquilo que pode fazer, dentro de critérios de alguma capacidade de não vir a correr riscos no futuro pelo facto de estar a dar agora mais. 

O tema da pobreza é um tema que nos marca muito e acreditamos que este programa Semáforo terá um grande impacto nos próximos anos. Começámos o ano passado, realizando testes para garantir que funcionasse bem. Sem problemas. A confidencialidade é garantida sempre, para nunca ficar em causa o próprio trabalhador naquilo que respondeu. Ver como se pode criar uma rede de apoio para dar sequência à indicação que aquele trabalhador tem, porque também recebe os dados finais do inquérito que preenche, e o que pode fazer para transformar a sua vida. 

(NdV): Segundo indicam alguns estudos, a “preocupação social” das empresas tem sido muito lucrativa, beneficiando, em grande medida, os grupos económicos e não as causas defendidas. Não teme que a ACEGE caia no mesmo erro? Como se impede que isso aconteça? 

(JLM): Penso que a ACEGE não tem essa questão. Fala-se, muitas vezes, do greenwashing. Faz-se uma grande campanha de publicidade para mostrar às pessoas que a empresa é muito limpa, e depois diz-se que todos os lucros vão para uma Organização Não Governamental (ONG) qualquer. No final, a ONG ganha muito menos que o dinheiro que foi gasto para fazer a campanha publicitária. Esse não é o nosso estilo, e não é por aí que vamos. Nós queremos trabalhar muito mais por dentro das empresas. Queremos transformar estruturalmente a empresa. Queremos trazer uma nova cultura à empresa. E, portanto, quando estamos a falar deste programa Semáforo e desta responsabilidade social para com os colaboradores, é uma medida que entra dentro da empresa, que não tem de ser comunicada para fora, mas que os trabalhadores vão sentir. Quando estamos a falar do Pagamento Pontual a fornecedores, que é mais uma medida de responsabilidade social, também não estamos aqui a dizer que a empresa faz parte ou não faz. Estamos aqui a mudar o esquema e a chamar a atenção que pagar a horas é uma coisa importante. Não é indiferente pagar hoje ou daqui a 15 dias, porque isto cria uma bola de neve que, depois, alguém, no fim, quase sempre os mais fracos, vai ficar mal. A lógica da ACEGE é transformar por dentro, começando no coração do próprio gestor. Só mudando o olhar do gestor é que, depois, eles começam a fazer estas propostas. E, portanto, é claro que há muito aproveitamento destas medidas de responsabilidade social, de sustentabilidade e de empresa verde. Há muitas coisas que são mal utilizadas, mas a verdade é que é um caminho que tem de ser feito, mas feito interiormente e numa mudança cultural.

(NdV): Tem-se assistido a uma espiritualização do trabalho e do salário – as empresas são apelidadas como famílias e comunidades, a luta de classes parece ter desaparecido do léxico da vida política, defende-se que o salário não é só “o que chega ao fim do mês”. No entanto, as profissões que estão em risco são precisamente as das pessoas mais pobres, especialmente aquelas ligadas ao trabalho manual. Esta perspetiva sobre o trabalho, apesar de ser mediaticamente muito apetecível, não tem sido contraproducente e permitido cada vez mais exploração dos trabalhadores? 

(JLM): Em relação à luta de classes, é algo que já está ultrapassado. As empresas não melhoram pela luta de classes. Não é pela luta entre trabalhadores e administração que as coisas vão lá. Não é esse o seu caminho. A empresa não é um espaço de confronto entre classes, mas tem de ser um espaço de encontro entre quem lá está, mesmo tendo funções e objetivos diferentes. Se não colaborarem uns com os outros, a empresa nunca pode ir mais além. Ou há um entendimento entre todos, ou há uma capacidade de olhar mais longe e perceber que é importante que todos têm a ganhar se a empresa funcionar bem, ou então as coisas não avançam. Eu acho que a Autoeuropa, em Setúbal, é um exemplo dessa realidade. Todos querem fazer mais carros, porque mais carros significa mais dinheiro para todos, mas há alturas em que há crises, e em que todos sofrem. Mas, quando não há crises, também todos aproveitam. Parece-me que há uma confiança entre trabalhadores, administração e empresa, que permite fazer isto, garantindo que a empresa vai mais além e que aqueles postos de trabalho não desaparecem.

Já a questão dos salários é uma questão que, cada vez mais, tem de ser posta em cima da mesa para alertar e sensibilizar as pessoas. O salário mínimo tem subido, mas o problema não é o salário mínimo, mas o salário médio. É que, cada vez mais, o salário mínimo está próximo do salário médio. Não deveria ter sido assim. Deveria subir tudo de igual forma e aí, teríamos conseguido um país mais equilibrado. Agora, quando os salários médios se mantêm num valor e não aumentam, e o que aumenta é o salário mínimo, estamos a ter uma sociedade cada vez mais pobre. Aqueles que deveriam subir, devido ao desenvolvimento da empresa e tudo mais, não estão a subir. Portanto, temos de ter um olhar para o salário médio, muito mais do que para o salário mínimo.

Os salários só vão subir quando as empresas começarem também a ter mais capacidade de crescer e de se sustentarem. Quando uma empresa se compromete com outro para pagar um valor muito mais alto, é porque tem confiança no futuro. Se estamos sempre a olhar para o curto prazo e a ver o que vai acontecer e qual é a próxima realidade, … tipicamente as empresas também têm medo de o fazer e não avançam, mantendo as coisas como estão.

É essencial que o trabalho seja valorizado, que não se olhe só para o ordenado. Posso até dar um ordenado melhor, mas se a empresa for um caos, em que eu não sou respeitado, não me sinto bem. 

(NdV): Mas não acha que existem pessoas que se acomodaram a essa mesma realidade porque não querem correr riscos na empresa, ou em outras, faltando oportunidades, por exemplo, face à sua idade? 

(JLM): Sem dúvida, isso acontece muito, quando temos estes salários e estas dificuldades. É claro que pondero que, se houvesse emprego e várias hipóteses de diferentes empregos, era mais fácil. Quando eu sinto que não consigo ir para o outro lado, é mais difícil. Há muito medo de sair e de arriscar. É uma realidade que foi imposta por este Estado, que dá a ideia de que quer tomar conta de nós, dando-nos subsídios por tudo e por nada.

A capacidade de arriscar e de querer mais, implica que também sinta confiança no país, porque, se não sinto confiança, depois também não arrisco. É importante para os trabalhadores e para as empresas terem a capacidade de ir para fora. Por exemplo, quando tivemos cá a Troika, a maior parte das empresas percebeu que não tinha aqui espaço, e os empresários com coragem meteram-se a caminho. Foram para países diferentes, internacionalizaram a nossa economia e sobreviveram. Quando acabou a crise, estavam mais fortes do que estavam antes, mas porque arriscaram. Este espírito está adormecido outra vez. Não precisamos de uma crise tão grande, mas de um novo espírito, uma nova ambição e capacidade de arriscar. É isso que são as empresas.

(NdV): Há muitas empresas estrangeiras a investir em Portugal, mais concretamente, em Viana do Castelo. Muitas delas lucram à custa dos trabalhos temporários, não renovando os contratos após o tempo estipulado por lei. Estão sempre a contratar. Essa realidade existe em alguma das empresas da ACEGE? 

(JLM): A lógica tem de ser apostar nas pessoas e naquilo que elas nos dão, comprometendo-nos. Claramente, esta falta de confiança muitas vezes leva a que as empresas façam o mínimo, cumprindo com aquilo que é legal, mas depois não tendo esta preponderância com as pessoas. Portanto, a lógica não deve ser essa.

Não sei se dentro da ACEGE há alguma situação, mas em 1.200 pessoas, algumas haverá.

Se a empresa é uma empresa para o futuro, não deve estar a abusar desses esquemas. Não é aceitável. Reconheço a carga fiscal que existe sobre as empresas, e que os próprios trabalhadores têm uma postura diferente enquanto estão em trabalho temporário ou quando ficam definitivos.

Requer um esforço de ambas as partes e, mais uma vez, de perceber o que estamos a fazer numa empresa. Se estamos a tentar ganhar dinheiro ou a desenvolver uma empresa, criando trabalho que é importante para a pessoa se desenvolver. 

(NdV): Neste momento a ACEGE está a começar a implementar-se em Viana do Castelo. Quais os passos que têm de ser dados e quais os objetivos? 

(JLM): Estamos muito contentes em chegar a Viana do Castelo. Entramos aqui pela mão de um associado local que, paulatina e sistematicamente, foi reunindo as pessoas para podermos avançar.   

Estamos ligados também ao Núcleo de Braga, portanto, Minho. Minho é o que vai juntar os dois Núcleos da ACEGE para poder ter aqui mais força e maior presença. O grande objetivo é que o Núcleo de Viana possa ser essa presença desafiante para os empresários e para a sociedade em geral. Ou seja, que seja um espaço de comunidade, onde estes empresários possam partilhar preocupações e alegrias, mas também seja um espaço de desafio pelos próprios, com conferências, programas e novidades que os obriguem a sair da sua rotina. Muitas vezes, a rotina dos empresários é muito dura, porque não há muito tempo para mais nada, a não ser para tratar da empresa. Portanto, que possa ser um espaço de liberdade, inquietude e desafio e, depois, que todos juntos, aos poucos e poucos, transformem as suas empresas e mostrem também que, em Viana, há empresas que podem ser diferentes das outras.

(NdV): O que é ser um empresário cristão? (JLM): É ter a noção exata que foi criado por Deus para ter um papel transformador na sociedade e de criação de riqueza. Um empresário católico é alguém que sabe que depende de Deus e que aquilo que faz tem um objetivo que não é só para ele, mas para todos. É alguém que sabe que a sua vocação é ser empresário ou ser gestor de empresas, fazendo o bem aos outros e a si próprio. É viver nesta lógica, sabendo que é um caminho em que sempre vai ter erros, falhas e omissões. São pessoas normais, que querem fazer a vontade que Deus quer para elas, e que querem conseguir fazê-lo da melhor forma possível.

Tags Entrevista

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias