Nos últimos anos tem-se verificado um aumento de estrangeiros a viver em Portugal. E, de acordo com dados do Banco de Portugal e do Instituto Nacional de Estatística (INE), os brasileiros que cruzam o Atlântico vêm compensando boa parte do deficit populacional local. Em Viana do Castelo, vive-se esta realidade que é partilhada em canais de youtube, onde os vídeos são vistos por milhares de pessoas.
Em 2021, o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA) deu conta que se verificou um aumento de estrangeiros a viver no distrito de Viana do Castelo. E, em 2019, foi eleito o melhor distrito do País para se viver segundo 12 fatores: segurança, limpeza, qualidade do ar, silêncio, transportes públicos, lojas e restaurantes, espaços de lazer, estabelecimentos de Ensino, espaços de saúde, custo de vida em geral, acessos e estacionamento.
No youtube, são vários os vídeos que se podem encontrar sobre a capital do Alto Minho quer seja de imigrantes que vivem em Viana do Castelo, quer seja imigrantes visitantes. Dois dos canais que existem são o Elephante na Europa e Juntos na Euro. Um pertence a Emerson e outro a Rafael e Dulci.
O canal Elephante na Europa tem 495 subscritores e uma média de 529 632 visualizações. Dos 16 vídeos disponíveis, 12 são sobre Viana do Castelo. Num primeiro vídeo, a viagem de carro passa por percorrer o caminho de Darque até à cidade. Emerson mostra alguns dos locais emblemáticos e debruça-se sobre temas da atualidade, desde os preços ao custo de vida. “é uam cidade maravilhosa com um clima agradável. Estamos próximos da Galiza (Espanha)”, afirma, assegurando que Viana do Castelo “é um lugar muito interessante e muito bom para viver, educar filhos e criar família”. No entanto, lamenta a vida noturna “pouco agitada”. “Pode não ser uma boa opção para os jovens porque não tem vida noturna muito agitada”, reitera.
O segundo vídeo acontece na praia Norte que segundo Emerson é “um paraíso”. “É um lugar muito bonito, agradável e maravilhoso para as crianças e adultos”, considera.
Em quase todos os vídeos, fala do Santuário do Sagrado Coração de Jesus, que se situa no monte de Santa Luzia. “Em quase toda a cidade podemos ver o Santuário de Santa Luzia”, refere, descrevendo-o como “um tesouro português”. “É um dos pontos turísticos mais procurados. Tem uma paisagem para a cidade que vale muito a pena”, enaltece.
No quinto vídeo, apresenta “o lugar secreto” em Viana do Castelo: Cabedelo. Fez uma caminhada até à praia, onde apreciou e mostrou o pôr do sol.
O sexto e sétimo vídeo mostra o farol de Montedor, em Carreço, e a praia fluvial junto ao novo Praça Viana. “Conseguimos ver uma mistura entre o ambiente desportivo e familiar. Muitas famílias vêm aqui aproveitar o dia”, especifica, sublinhando a cor da água do rio. “É cristalina”, refere.
No oitavo vídeo, Emerson leva os seus seguidores até a uma viagem “ao lugar queridinho dos imigrantes”: freguesia da Meadela. “É um bairro interessante porque tem uma grande oferta de alugueres, mas os preços já estiveram mais baratos”, alertou, reconhecendo as consequências da inflação. “Um outro ponto positivo é que fica perto da cidade e está próximo da maioria dos supermercados”, acrescenta.
Os vídeos 9 e 10 são sobre o Parque Ecológico Urbano e a praia de Arda, em Afife. “Isto (praia de Arda) é um paraíso. Morava aqui fácil”, frisa, contando que é uma praia com um grande potencial na prática do surf. “É uma praia muito limpa”, enaltece.
No penúltimo vídeo, a viagem é até à Amorosa onde, segundo Emerson, “tem arrendamentos sensacionais e uma praia maravilhosa”. “A única desvantagem é não ter escola, mas estamos a 10 minutos do centro da cidade”, disse, elogiando as vivendas e o comércio.
O último vídeo, é sobre o emprego em Portugal. Emerson mostra a Zona Industrial de Lanheses e mostra as empresas que “mais empregam” pessoas em Viana do Castelo. Aqui, também dá dicas de como conseguir emprego e explica as condições necessárias para conseguir um emprego.
Já o canal Juntos na Euro tem 7,85 mil subscritores e uma média de 529 632 visualizações. Nos seus vídeos, Rafael e Dulci fazem um tour pela cidade e falam da sua experiência abordando o clima, trabalho, transportes, sistema de saúde, educação, preços de arrendamento e turismo.
Num dos vídeos, o casal faz uma viagem de carro pela cidade mostrando os locais mais emblemáticos. “A área de fábricas é muito grande, tendo quatro parques empresariais. Se quer trabalhar nesse ramo, Viana do Castelo é uma boa opção porque tem muitas fábricas”, consideram, referindo outras áreas de empregabilidade como a restauração, construção civil e comércio e turismo. “Ao nível da educação, Viana do Castelo tem sete agrupamentos escolares e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo com dezenas de cursos”, acrescentam.
Rafael e Dulce também partilham da opinião de Emerson sobre os arrendamentos. “Estão altos”, alertam, defendendo que Viana do Castelo “é uma cidade bem calma, segura para criar filhos e com um custo de vida é barato”. “Em contrapartida, a cidade é um pouco parada. Estamos aqui há cerca de um ano e é muito parado para quem é jovem. Quando queremos mais movimento, vamos para o Porto e Braga”, conta Dulci.
Num outro vídeo, o casal mostra o seu custo de vida, apresentando um total de 1453, 23 euros. “Esta é a nossa realidade. Não temos filhos”, disse Dulci.
“O nosso arrendamento foi um presente de Deus. O apartamento estava fechado desde fevereiro. Caminhamos quilômetros para achar um apartamento. Estava tudo muito caro. Isto aconteceu em 2022 e agora, tudo aumentou”, explica Dulci, agradecendo aos primos que os acolheram e ajudaram na sua hospedagem em Viana do Castelo.
“Estamos num T1+1 e pagamos 375 euros. Estamos bem localizados. Estamos a cinco minutos do shopping e com tudo muito próximo”, exemplificou Rafael, acrescentando que dá água, luz e gás, e um plano de saúde pagam 125.07 euros.
O casal apresenta ainda valores da alimentação, lazer, telemóvel e internet, ginásio e carro.
O último vídeo é sobre os seus empregos. Trabalham em fábricas diferentes e optaram pelo horário noturno porque recebem mais um pouco. “Foi complicado conseguir emprego. Estava quase a desistir. Para a Dulci foi mais fácil”, confidencia Rafael. “Em Portugal, sempre trabalhei na área de produção e, no Brasil, não. Em fábrica, foi a primeira vez”, conta Dulce, admitindo: “Não é fácil porque é mais cansativo, mas a gente não tem muita escolha quando emigra e temos que nos adaptar.”
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