Imagem de S. Sebastião percorreu a freguesia de Carvoeiro como manda a tradição

Já com muitos quilómetros nos pés, a Comissão de Festas de S. Sebastião e S. Brás, da União das Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, mantinha o entusiasmo para levar a imagem de S. Sebastião pelas casas da população. Uma tradição secular “de enorme valor cultural e patrimonial”, que ainda hoje se mantém para “proteger as famílias da fome, da peste e da guerra”.

Notícias de Viana
12 Jan. 2024 4 mins
Imagem de S. Sebastião percorreu a freguesia de Carvoeiro como manda a tradição

No primeiro fim-de-semana de janeiro, após o Ano Novo, a população de Carvoeiro abre as portas das suas casas para receber a imagem de S. Sebastião. Este ano, nos dias 6 e 7, das 08h00 às 20h00, a Comissão de Festas saiu à rua com o grupo de bombos Zés Pereiras Nacionais de Fragoso.

À porta, a primeira frase a ser proferida é: “S. Sebastião livre esta casa da fome, da peste e da guerra”. Beija-se a imagem, e o dono/a da casa pega na imagem e deita-a nas suas camas. “Esta tradição aconteceu devido a uma peste e, nós tentamos que ela não acabe”, referiu o juiz da festa, António Carvalho, assegurando que “tem sido fácil” manter a tradição. “Aqui, também fazemos a Visita Pascal e, infelizmente, algumas pessoas não abrem as portas. No entanto, abrem a porta a S. Sebastião”, salientou, acrescentando que, no final, as pessoas dão esmola “conforme podem” e/ou oferecem os frutos das suas colheitas. “Há muito mais casas a abrir as portas a S. Sebastião do que ao compasso pascal”, lamentou.

Maria de Lourdes Rodrigues e José Correia Magalhães, são de Carvoeiro e, desde que voltaram de França, recebem a imagem de S. Sebastião na sua casa, que pertenceu aos seus avós. “Recebemos sempre S. Sebastião. E, naquilo que puder ajudar, ajudo”, disseram, salientando a importância de S. Sebastião nas suas vidas. “Temos muita devoção por ele, para nos livrar da fome, da peste e da guerra”, afirmaram, desejando paz e saúde “a todos”. “Que os casais novos tenham muita paciência e que saibam educar os seus filhos, levando-os para os bons caminhos”, apelaram.

Maria Fernandes vive numa casa de 1800. Desde que se lembra, também abre as suas portas para receber a imagem de S. Sebastião. “A chegada de S. Sebastião representa emoção e fé”, destacou, contando, entre risos, que a imagem já dorme na sua casa há dois dias, porque o seu filho é o juiz da festa. “Significa muito vê-lo a levar esta tradição a cabo, porque ele é competente”, referiu, descrevendo a visita como “muito emotiva”. 

A receção da Comissão e do grupo de bombos pela população é sempre “muito calorosa”. O som dos bombos e da gaita de foles ouve-se de longe, e as pessoas abrem logo os portões e, por isso, já sabemos que nos querem receber”, contou.

Com 39 anos, António Carvalho reconhece a importância desta tradição que vê acontecer desde pequeno. O seu sonho era que, um dia, fosse ele a entrar com a imagem de S. Sebastião. Um dos irmãos também já cumpriu e, o ano passado, coube-lhe, juntamente com a sua irmã juíza, alguns amigos e uma sobrinha, que será mordoma. “Começamos com o peditório de S. Miguel, primeira esmola. De seguida, fazemos esta visita com a imagem de S. Sebastião pelas casas da freguesia. E no dia 3 de fevereiro, celebramos o S. Brás juntamente com o S. Sebastião”, explicou, referindo que convidam uma banda de música e celebram a Eucaristia e realizam uma procissão aberta à comunidade. “Da parte da tarde, há outra procissão na capela de Santo Amaro, terminando com um hino dedicado a S. Brás”, acrescentou. 

Na semana seguinte, há ainda outra tradição: S. Brasinho. Uma festa dedicada àquelas pessoas que não conseguiram participar na festa de S. Brás. “A igreja está aberta, e as pessoas podem fazer a sua romaria”, frisou.

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