Imagem de Nossa Senhora da Peneda, com mais de 300 anos, em destaque na romaria “mais genuína” do Alto Minho

O Santuário de Nossa Senhora da Peneda, no Arciprestado de Arcos de Valdevez, acolheu, entre os dias 01 e 08 deste mês, a romaria que poderá tornar-se Património Imaterial da Humanidade. Este ano com um sabor especial: um quadro representando Nossa Senhora da Peneda, com mais de 300 anos, regressou a casa.

Notícias de Viana
15 Set. 2023 5 mins
Imagem de Nossa Senhora da Peneda, com mais de 300 anos, em destaque na romaria “mais genuína” do Alto Minho

A Romaria em honra de Nossa Senhora da Peneda é, segundo o reitor, Pe. César Maciel, “a mais genuína” do Alto Minho. “Apesar das condições climatéricas, o balanço é extremamente positivo. O genuíno manteve-se em tudo o que é a espontaneidade popular e a centralidade das celebrações litúrgicas. Isso é que nos identifica e diferencia de outras romarias”, considerou, contando que o dia 06 foi “muito concorrido” com “muita gente”. “A noite com Ana Bacalhau foi muito bonita. É um momento que acontece à porta do Santuário com músicas à Senhora.  Isso condiciona o número de pessoas, mas é o pretendido. Um momento em que estamos aos seus pés e que é uma forma de nos aproximar, em determinados momentos. No geral, criou-se um bom ambiente e uma grande animação por parte dos presentes. Isso é reconforte”, especificou, salientando a participação dos galegos nos vários dias da romaria. “Este ano, após a pandemia, as pessoas puderam beijar a imagem, que é um dos momentos mais simbólicos e intimistas.”, afirmou.

A romaria ficou ainda marcada pela aquisição de um quadro que esteve exposto no Santuário durante os oito dias. “Alguém o viu e comentou junto da Câmara Municipal. Ligaram-me, e eu só disse: compramos. Não perguntei o preço porque, embora não soubéssemos a sua história, desde quem pintou, ou quem mandou pintar, se era daqui ou não, sabíamos que nele está gravada a imagem de Nossa Senhora da Peneda. É antigo. Terá à volta de 300 anos, mas ainda estamos a tentar acertar a data”, explicou, considerando a peça mais antiga daquele espaço “que regressou a casa”. “Foi pintada por um pintor minhoto, porque tem o colar representado com as contas de Viana”, especificou, avançado que, oportunamente, será apresentado um estudo. “Comprámos num leilão no Porto e, com apoio da Câmara Municipal, foi restaurado. Agora está no Santuário. Portanto, é um momento especial e simbólico, porque é uma das peças que o Santuário teria e, ao longo dos tempos, se terá perdido”, acrescentou, apelando: “Há também muitas pessoas que têm, certamente, peças em casa, e gostaríamos que elas regressassem à sua verdadeira casa. E, por isso, é um pequeno pontapé de saída para o restauro deste espaço.”

Recentemente, foi publicada em Diário da República, a consulta pública, por 30 dias, “para efeitos de inscrição” da festa em honra da Nossa Senhora da Peneda como Património Imaterial da Humanidade. “Este santuário tem uma importância enorme. É o maior santuário do concelho e, por isso, vemos com bons olhos esta candidatura. Será mais uma distinção, que é bem merecida”, afirmou Olegário Gonçalves, vereador da Câmara de Arcos de Valdevez. “De há uns anos a esta parte, temos feito tudo para valorizar a liturgia, que é o ponto central do Santuário, e depois, procurar acolher melhor as pessoas. Isso implica ter espaços renovados. A autarquia, em conjunto com a Confraria, tem procurado a classificação, primeiro, da romaria a Património Imaterial da Humanidade, como registo do momento atual que valoriza o que sempre aqui se fez, e, depois, a classificação a Monumento Nacional. São anseios fundamentais, porque nos encontramos numa zona protegida – Parque Nacional Peneda Gerês. A partir do momento em que tivermos a dimensão imaterial e todo o património arquitetónico e escultórico classificado, teremos outra capacidade para renovar, conservar e valorizar o Santuário”, acrescentou o Pe. César Maciel, reitor do Santuário. 

D. João Lavrador, Bispo diocesano, presidiu à celebração da Eucaristia em honra de Nossa Senhora da Peneda e à Procissão e, na homilia, falou da importância do nascimento. “A Palavra de Deus de hoje convida-nos a centrar no essencial do que a Igreja quer verdadeiramente oferecer. O mundo existe através do nascimento e somos igualmente desafiados a renascer”, começou por dizer, alertando para o mundo que distrai. “Que nossa Senhora nos ajude a aprofundar o mistério que Deus colocou em nós, família e comunidade cristã”, apelou, frisando que “todos pertencem a uma comunidade cristã que nasce e renasce permanentemente pelo Batismo e pelo Espírito”. 

O prelado afirmou, ainda, que “missão, é viver em comunhão com Cristo e torná-Lo presente na nossa vida”. “Ninguém nasceu para ser isolado. Nascemos para uma missão de amor, entrega, e para tornar melhor o presente com o melhor que temos para dar”, salientou, relembrando que “a Igreja está a ser chamada para uma renovação”. “O que renova? O que faz algo de surpreendente? Será que a minha relação com Deus e com os outros passa pelo amor e entrega total?”, questionou, acrescentando: “À imagem de S. José, aprendamos a viver numa dinâmica de amor e de entrega, colocando-nos totalmente disponíveis para Deus e para os outros, e fazendo das nossas comunidades escolas de comunhão. Está nas nossas mãos fazê-lo”, concluiu.

No final da celebração, o Pe. Luciano Forte, Arcipreste de Arcos de Valdevez, apresentou as contas do Santuário referentes a 2022. “Temos um saldo positivo com mais de cinco mil euros”, referiu, agradecendo as ofertas de todos. “O Conselho Económico da Diocese e a Confraria estão a trabalhar em conjunto para arranjar soluções viáveis para o presente e futuro do Santuário”, adiantou.

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