Guerra Gelada

Os dias que vivemos dão medo. Basta ver as notícias que a televisão e os telemóveis nos mostram para ficarmos com um misto de sensações, entre o receio de que nos aconteçam tais desgraças e o alívio de sabermos que, apesar de tudo, ainda estamos em segurança, neste país “à beira-mar plantado”. Mas até quando?

Depois da pandemia, que afetou o mundo entre 2020 e 2022, e quando todos desejavam que ficasse “tudo bem”, a invasão da Rússia à Ucrânia chocou o mundo. Uma tragédia que, infelizmente, continua.

Daqui a poucas semanas, a agressão russa ao povo e ao território ucranianos faz três anos. Trinta e seis meses de destruição. Centenas de milhares de mortos. Dezenas de milhares de mutilados. Bombas, bombas, e mais bombas. Fortunas colossais que davam para construir países inteiros, desbaratadas em “brinquedos” de guerra que enriquecem uma minoria de bilionários e que desgraçam milhões de pessoas inocentes.

Há um pensamento que é atribuído a um piloto aviador nazi chamado Erich Hartmann (1922-1993), que se terá inspirado num escrito do autor francês Paul Valéry (1871-1945), que diz que a guerra é a circunstância em que jovens que não se conhecem e não se odeiam, se matam entre si, por decisão de homens mais velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam. É uma boa forma de colocar a falta de sentido da guerra e a crueldade com que se sacrificam vidas de pessoas inocentes para manter os privilégios de pessoas que são tudo menos inocentes. Mas, se até há pouco tempo, a Rússia era a única potência nuclear governada por um ditador que ameaçava o mundo, o que dizer do que está a acontecer nos Estados Unidos da América? O que pensar quando o “país da Liberdade” elegeu um líder que se comporta como um ditador e que está a transformar o país rapidamente numa ditadura? Alguém que está a reverter direitos humanos básicos? Alguém que é capaz de gozar com o defeito de fala de um jornalista quando este lhe faz uma pergunta e que é presidente do país mais poderoso do mundo? Talvez, que até há bem pouco tempo, existia um país que ameaçava a paz mundial. Agora, há dois.