A área ardida em Portugal até 30 de novembro coloca 2025 como o quarto pior ano desde 2001, apesar de o número de incêndios se manter abaixo da média histórica. Em Viana do Castelo, o impacte fez-se sentir sobretudo no elevado número de ocorrências, ainda que maioritariamente de pequena dimensão.
Segundo o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) e a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), arderam cerca de 270 mil hectares em 8.284 incêndios, sendo este o segundo pior ano da última década, apenas superado por 2017.
A AGIF sublinha que até ao final de novembro se registou “o quarto pior ano desde 2001 em termos de área ardida”, com as regiões Norte e Centro como as mais afetadas, ao mesmo tempo que destaca que “o número de incêndios mantém-se significativamente abaixo da média histórica”.
Na análise por distrito, Viana do Castelo surge entre os territórios com maior número de ignições, com 642 incêndios registados, a par de Porto (1.921) e Braga (804). Apesar disso, os fogos no Alto Minho foram, na sua maioria, de reduzida dimensão, com menos de um hectare ardido.
O 8.º Relatório Provisório de Incêndios Rurais, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), indica que, entre 1 de janeiro e 15 de outubro, se registou “o quarto valor mais reduzido em número de incêndios e o segundo valor mais elevado de área ardida, desde 2015”.
De acordo com a análise do SGIFR, este ano “ocorreram 44 incêndios com mais de 500 hectares de área ardida”, dos quais 21 no Norte, representando “apenas 0,5% do número de incêndios, mas 91% da área ardida”.
Entre os maiores fogos do verão, destaca-se o incêndio que teve início a 13 de agosto em Piódão, no concelho de Arganil, e que se estendeu aos distritos da Guarda e Castelo Branco, devastando 65.417 hectares ao longo de 11 dias. Seguiram-se os incêndios de Freches, em Trancoso, com 46.906 hectares, e de Ferreira de Aves, no concelho de Sátão, com 13.761 hectares consumidos.
Quanto às causas, e apesar de 23% dos incêndios ainda estarem em investigação, o SGIFR indica que 34% tiveram origem em atos de incendiarismo, seguindo-se queimadas para renovação de pastagens (9%) e utilização de maquinaria agroflorestal (9%). As causas naturais, como descargas elétricas, representaram 5%.
A AGIF refere ainda que a área afetada é “maioritariamente matos, pastagens e vegetação esparsa (52%)”, seguida de “florestas (38%) e áreas agrícolas (10%)”. Mais de metade da floresta ardida ocorreu em áreas de pinheiro bravo e outras resinosas.
A maioria da área ardida concentrou-se em Áreas Prioritárias de Prevenção e Segurança, com 84% em zonas de perigosidade ‘alta’ ou ‘muito alta’, abrangendo também áreas classificadas como Zonas de Intervenção Florestal e a Rede Nacional de Áreas Protegidas.
Em 2025, morreram quatro pessoas na sequência dos incêndios rurais, estando ainda em investigação a morte de outros dois civis. Mais de uma dezena de casas de primeira habitação foram destruídas, levando o Governo a aprovar apoios de emergência e a apresentar o plano “Floresta 2050, Futuro + Verde”, com medidas estruturais para o ordenamento florestal.
c/Lusa
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