Não, não vou publicitar uma qualquer empresa. Vou mesmo falar de festas.
Em pleno mês de junho, e nos próximos meses, a palavra festa estará entre as mais usadas, particularmente no Norte (juntamente com futebol, seleção e outras, conforme os sítios) Festas sem santo, festas com santo, ou mesmo festas com santo disfarçado.
Festas sem santo: pois isso … sem o pretexto de qualquer invocação religiosa; festas com santo: aquelas em que um santo ou uma invocação cristã são mesmo cabeça de cartaz; festas com santo disfarçado: aquelas em que o santo (substantivo) deu lugar a um adjetivo fabricado a partir do nome do santo (por exemplo: joaninas, sebastianas, etc).
Aproveito a referência às primeiras (festas sem santo) apenas para dizer que o espírito cristão tem, na sua essência, a alegria e a festa. Por isso, sempre que seja realmente festa e não apenas barulho e confusão disfarçado de festa … nada contra, acho bem.
Pelo que diz respeito às segundas (festas com santo) gostaria que fossem verdadeiras. Isto é: que o “pobre” do santo ou “invocação” não seja mero pretexto para facilitar a recolha de donativos. Os foguetes, as músicas (nas suas variadas formas) os cortejos, as procissões, as atividades culturais, etc. custam dinheiro … com certeza. E é a festa, no seu todo, que assume esses compromissos.
Mas o “santo” ou a “invocação” religiosa não podem ser mero pretexto. Dito de outro modo, o ruído dos foguetes ou os decibéis das músicas não podem diminuir a memória do titular da festa. Pior … quando os conteúdos, supostamente culturais, afogam ou contradizem a respetiva identidade religiosa (não dou exemplos para não oferecer publicidade gratuita!). Mal, também, quando se gasta o que se não tem à custa da generosidade religiosa das populações, às vezes dos mais pobres. Pior ainda quando se engordam as iniciativas apenas para não ficar atrás ou para fazer mais que a Comissão anterior.
Solução? Não há soluções mágicas e uniformes. Mas, como sempre, daria jeito atuar com bom senso e responsabilidade social.
A Igreja não deve nem quer fechar-se na sacristia e alhear-se da dimensão histórica, social e cultural da fé. A fé em Deus Pai, em Jesus Cristo, no Espírito Santo, na Virgem Maria, nos Santos (que percorreram os nossos mesmos caminhos) tem também uma dimensão pública que, entre outros modos, se exterioriza nas festas com a possível dupla componente religiosa e civil. Mas de modo que uma potencie a outra e não a esconda ou a contradiga.
Este difícil equilíbrio é gerido pelos diferentes responsáveis religiosos com a imprescindível cooperação das respetivas Comissões. De aí a importância de que os integrantes das Comissões, pelo menos, não tenham perdido, de todo, a sensibilidade cristã.
Não me esqueci das festas com santo disfarçado. Só que aí, muitas vezes, já estamos tão longe da fonte que é complicado beber dessa água.
Festas felizes!
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