Depois de 31 dias a percorrer a Diocese de Viana do Castelo, os Símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani – estão na Arquidiocese de Braga. A passagem aconteceu no passado dia 29 de janeiro, numa ponte sobre o rio Neiva, que liga os dois distritos, e, segundo D. José Cordeiro, Arcebispo de Braga, citado pelo “Diário do Minho”, tratou-se de um “momento há muito esperado”.
D. José Cordeiro manifestou a sua gratidão à Diocese de Viana do Castelo e “profunda gratidão pelo testemunho dos jovens”. “Este é um momento único e irrepetível. Por isso, estamos a dar tudo para que a passagem dos Símbolos deixe a Igreja mais jovem, mais bela, mais alegre e mais leve”, disse, acrescentando: “Queremos acompanhar-vos nesta peregrinação. O fim é levar o Evangelho e a Palavra de Jesus a todos, especialmente aos jovens, e trazer todos a Jesus”.
“Que todos nós demos o nosso esforço para a comunhão, a participação e para a missão”
Horas antes da entrega dos Símbolos, a Sé de Viana do Castelo acolheu a cerimónia de despedida, presidida por D. João Lavrador, Bispo diocesano, que convidou os jovens a manter esta caminhada. “Não é a despedida da Jornada, pelo contrário; é dizer a uma Igreja irmã, muito irmã, que é Braga, que lhes entregamos estes sinais, estes Símbolos. Nós estamos já empenhados na Jornada Mundial. Vamos em frente”, apelou.
A Eucaristia marcou também o final do 45º Encontro Diocesano de Pastoral Litúrgica de Viana do Castelo.
O prelado agradeceu a todos os que estiveram envolvidos na peregrinação dos Símbolos, numa “Diocese a crescer”. “Que todos nós demos o nosso esforço para a comunhão, a participação e para a missão”, reiterou.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. João Lavrador disse ainda que o apelo à participação “está feito e foi bem recebido”, classificando a peregrinação dos Símbolos da Jornada Mundial da Juventude como “francamente positiva” e salientando que “envolveu” toda a sociedade, nomeadamente, “o que é típico” no Alto Minho. “O momento mais alto foi o ‘Santoinho’, mas noutros lugares também se manifestou a interligação entre a juventude, as tradições, a festa, a alegria, o folclore, que é típico aqui no Alto Minho, e a vida das pessoas no seu quotidiano, nas suas expressões”, afirmou.
Após a peregrinação ao longo do mês de janeiro em Viana do Castelo, o Bispo diocesano disse que “o apelo está feito” para a participação na JMJ Lisboa 2023 e que “foi bem recebido”, traduzindo-se em inscrições a concretizar “de acordo com a vontade, a possibilidade e a disponibilidade de cada um”.
Participação juvenil foi “o maior fruto”
Já o responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ) e do Comité Organizador Diocesano (COD), Pe. Domingos Meira, salientou que “o mais importante” foi “o contágio de entusiasmo” que sentiu entre Arciprestados, Paróquias, Grupos de Jovens e, “sobretudo”, nos jovens. “Eles começaram a sentir que tinham de participar na JMJ e fazer parte de tudo o que aconteceu. Este talvez seja o maior fruto desta peregrinação pela nossa Diocese”, frisou.
Durante a peregrinação, houve momentos que ficaram para sempre na sua memória. Entre vários, o Pe. Domingos Meira destaca a passagem pela prisão e pela Casa dos Rapazes. “Foi um momento especial pela forma como os jovens acolheram os Símbolos”, realçou, não esquecendo “muitas outras associações e instituições” que “abriram as suas portas aos Símbolos”. “Também me marcou o testemunho dos outros sobre a forma como a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani os tocaram”, acrescentou.
Outro “momento muito bonito” foi a organização dos Comités Diocesanos, despertando a participação de jovens “onde se pensava que não existiam”. “Os jovens mandavam convites uns aos outros para participar naquilo que tinham programado juntos para as suas Paróquias”, disse, enaltecendo o trabalho em comunhão entre Paróquias.
A cada passagem dos Símbolos da JMJ de Arciprestado para Arciprestado, o responsável teve o cuidado de agradecer o acolhimento. No entanto, também não esqueceu os três jovens Diáconos que acompanharam a peregrinação. “Foi interessante e bom para eles porque permitiu, em primeiro lugar, o contacto com a realidade da Diocese e depois, com a dos jovens, que é mais deles do que minha”, disse, entre risos, garantindo que João Santos, Renato Costa e João Cruz sentiram “o pulsar da Pastoral Juvenil”. “Espero que este momento tenha ajudado na visão do seu sacerdócio”, apelou.
Notícias de Viana (NdV): De que forma a passagem dos Símbolos da JMJ marcou a vossa vida enquanto Diáconos?
João Santos (JS): Definiria em três palavras: conhecer, serviço e testemunho. Em primeiro lugar, o facto de termos a oportunidade de conhecer, mais proximamente, alguns Arciprestados. Já por si é uma riqueza ter esta oportunidade, enquanto Diáconos, de conhecermos realidades diferentes daquelas em que estagiamos ou de onde somos naturais.
Em segundo lugar, o facto de estarmos ao serviço da Diocese, mais concretamente dos Departamentos da Pastoral Juvenil e da Pastoral da Comunicação. Este serviço que se interliga num único propósito nesta Peregrinação dos Símbolos: procurar chegar ao maior número de pessoas possível.
E num terceiro ponto, a oportunidade de sermos testemunho para todos aqueles que se interrogavam sobre o que era um Diácono. A interrogação criada nos outros é uma provocação e uma abertura de uma janela possível para se interrogarem sobre “por que não ser Diácono”.
João Cruz (JC): Aqui a questão não se trata de ser diácono ou não. A única coisa que interferiu foi o facto de por sermos diáconos pediram a nossa disponibilidade para acompanhar os símbolos. Agora, como um jovem que pela primeira vez está a viver uma jornada mundial da juventude, tem sido bastante gratificante todas as experiências que tenho assistido. Têm-se vivido muitos sentimentos e emoções fortes que acabam por não me deixar indiferente. Deste modo, acabei por perceber verdadeiramente a sensibilidade que estes símbolos conseguem transpor em cada um.
Renato Costa (RC): Primeiramente deu para ter uma perspetiva mais ampla da diocese, pelo facto de termos visitado muitos paróquias. Posteriormente, foi muito marcante fazer parte de algo que significava tanto para as pessoas, não só jovens como adultos e idosos. Presenciar a emoção com que as pessoas recebiam a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora será algo que me recordarei para sempre. Ver o empenho que os jovens colocaram nesta peregrinação também foi um ponto muito positivo. É sinal que estão animados e entusiasmados, é sinal que podem, de facto, rejuvenescer a Igreja.
(NdV): Qual o momento ou situação caricata que o marcou de forma especial?
(JS): De cada encontro que os Símbolos tinham com uma Comunidade (fosse ela paroquial, educativa, sénior, residencial, etc.) tiraríamos uma história para contar. Foram várias as palavras e os gestos que tocaram e emocionaram, que foram ditas e feitas ao longo desta Peregrinação. Mas, se tivesse de destacar algum momento, seria numa creche, quando um grupo de miúdos descobre que, da Cruz, se podia fazer um escorrega. Outro momento seria a Vigília que se realizou em Arcozelo (Ponte de Lima) – onde realizo o meu Estágio Pastoral – em que não me recordo bem do que disse na partilha que fiz, mas em que me recordo que, no final, quase toda a assembleia estava emocionada. São momentos que ficam na minha memória agradecida.
(JC): A situação mais marcante que assisti foi numa escola primária ver o entusiasmo de todas as crianças, super ativas e empolgadas com os símbolos, e com um acolhimento extraordinário, muito bem preparado. Uma situação caricata foi numa carrinha de caixa aberta. Uma das bandeiras da JMJ que tínhamos na carrinha lembrou-se de voar. Isto tudo aconteceu à uma da manhã entre Vila Praia de ncora e Caminha. Quando cheguei a Caminha verifiquei que de quatro bandeiras apenas tinha três na carrinha. Então, de noite tivemos de andar pela estrada à procura da bandeira, mas apareceu.
(RC): Talvez o facto de, logo no segundo dia, ter dado um toque com a carrinha no parque de estacionamento do mini preço. Foi um sinal que nem a carrinha ficou igual depois desta passagem por Viana.
(NdV): Qual o seu contributo na peregrinação dos símbolos?
(JS): Procurei ser um instrumento de Deus para que os Símbolos chegassem ao maior número de pessoas. Para isso procurava seguir o programa idealizado pelos comités organizadores arciprestais de modo a ser o mais pontual possível para que todos tivessem oportunidade de tocar e serem tocados pelos Símbolos.
(JC): Penso que consegui mostrar que a JMJ é para todos, crentes ou não, e que não há nada a perder em experimentar uma oportunidade única. E isso aconteceu com jovens que não iriam participar e após o meu contributo com a passagem dos símbolos acabaram por se inscrever. Fico contente por a peregrinação também ter sido um momento de reflexão para vários jovens.
(RC): Na peregrinação dos símbolos o principal contributo que tentei dar foi levar a alegria e a boa disposição. Tudo o resto com estas duas atitudes se consegue realizar. Em segundo plano, o que mais fiz foi conduzir a carrinha e trocar os símbolos de sítio.
(NdV): O que espera da JMJ?
(JS): Alguns frutos da JMJ já os começamos a ver e a receber e isso é muito gratificante.
Creio que, a nível diocesano, o melhor fruto seria mantermos as estruturas e continuarmos a promover encontros e atividades, através das referidas estruturas.
A nível paroquial, procurar dar voz e presença aos jovens em diversos órgãos de aconselhamento. Eles não são o futuro, mas sim o presente. E se são o presente, os sonhos deles valem tanto quanto os desejos dos mais velhos.
Mas, acima de tudo, que da JMJ saia uma Igreja jovem, em transformação, após ter sido tocada por Cristo.
(JC): Espero momentos de paz e tranquilidade juntando a diversão. Um momento de união por vários jovens de povos diferentes, onde a religião não será um entrave. Sendo esta a primeira JMJ que irei viver, espero encontrar isto e muito mais porque também vou à descoberta.
(RC): Espero que seja, verdadeiramente, uma oportunidade para os jovens pensarem o que é a Igreja e qual o papel que são chamados a assumir na mesma. Irão ter oportunidade de partilhar a sua fé com pessoas de todo o mundo, o que lhes irá abrir horizontes e inquietá-los a ir mais além, a se envolverem um pouco mais.
O Pe. Domingos Meira adiantou ainda que o trabalho “vai continuar” até à JMJ 2023. Antes dos Dias nas Diocese (DND), o SDPJ e o COD vão reunir, em Conselho Diocesano, com os responsáveis dos Comité Organizadores Arciprestais e Paroquiais “para estarem a par do que vai acontecer no caminho ainda a percorrer até à JMJ”, que é preparar os DND e o acolhimento das famílias e as suas logísticas das famílias e as suas logísticas.
Fotografia em destaque: Arquidiocese de Braga
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