Dia do Exército reuniu 1.200 militares e 170 viaturas em Viana do Castelo

Viana do Castelo acolheu as comemorações oficiais do Dia do Exército, reunindo cerca de 1.200 militares e 170 viaturas para promoção da efeméride. As celebrações integraram uma programação extensa, como cerimónias militares, demonstrações, exposições, homenagens, concertos, apresentações de livros e corridas solidárias, entre atividades diversas para a comunidade. 

Notícias de Viana
2 Nov. 2023 6 mins
Dia do Exército reuniu 1.200 militares e 170 viaturas em Viana do Castelo

No dia 26 de outubro, o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) foi palco do seminário Perspetiva de Género. 

13% do efetivo do Exército são mulheres 

A Major Paula Branco, assessora do General Chefe do Estado-maior do Exército, considerou que, “apesar de a sociedade ser mais igualitária, ainda persistem alguns aspetos culturais, principalmente nos países menos desenvolvidos”. “Para os eliminar, importa continuar a falar do tema, partilhando e debatendo boas práticas de se melhorar, para que todos vivam com igualdade”, defendeu. 

Sob o tema “Que profissão faz o teu género?”, a psicóloga Vanessa Pereira falou sobre os fatores influenciadores das escolhas vocacionais, mostrando que, no ano letivo 2020-2021, os alunos que frequentam os cursos superiores de educação, saúde e área social (77%), e ciências sociais, jornalismo e informação (65%), são maioritariamente mulheres. Já nos cursos de engenharia, indústria transformadora e construção (27%), e tecnologias de informação e comunicação (11%), acontece o contrário. As mulheres estão em menor número. “O risco dos estereótipos é limitar as opções do potencial de desenvolvimento das pessoas”, afirmou, frisando que “as profissões não têm género”. “Custa-me crer que 23% dos rapazes não queiram ir para cursos de educação, saúde e área social só por não quererem. É um ‘não querer’ forçado pela sociedade em que vivemos”, considerou. 

A Professora Ana Teresa de Oliveira, pró-presidente e coordenadora para a igualdade do IPVC, apresentou o tema “Escolhas informadas: o futuro será aquilo que tu quiseres. Uma visão sobre o Plano para a Igualdade do IPVC”. “A igualdade não é só igualdade de género, mas também é igualdade na inclusão. Para nós, IPVC, igualdade é ser trabalhador-estudante e estudante pai ou mãe” afirmou, revelando que há mais de 60 nacionalidades nas escolas do Instituto. “De acordo com os registos, 14% dos alunos rapazes frequentam a Escola Superior de Educação do IPVC. É pouco. Não quer ir, não vai, mas que seja uma escolha informada”, disse, acrescentando: “Já a Escola Superior de Tecnologia e Gestão tem 65% de rapazes. O que significa que temos de trabalhar não para forçar as pessoas a nada, mas para que fiquem informadas e que consigamos ter uma sociedade mais igual.” 

A docente apelou ainda aos alunos do 9º ano que estavam a participar no seminário, a não fugir da matemática. “Há muito interesse da Comissão Europeia em que os jovens integrem as áreas de engenharia e matemática”, lembrou, referindo que, continuar com a matemática por perto, “permite, em contexto de trabalho, obter uma remuneração e segurança profissional de duas/três vezes superiores a outras situações”. “Quando falamos das desigualdades a nível de cursos, também é por isso que falamos de desigualdades que se repercutem no mercado de trabalho, porque, nas áreas em que temos mais representação masculina, temos tendencialmente salários mais altos”, apontou, defendendo, ainda, que “é necessário um envolvimento diferente dos jovens no território”. 

A Tenente Alexandra Nascimento mostrou como o Exército consolidou a perspetiva de género, indicando que 13% do efetivo são mulheres. “Em 2009, registámos o maior número de inscrições de mulheres – 3.209 – e, em 2017, registámos o mais baixo – 1.087. Até hoje, o número de mulheres no exército tem vindo a aumentar, mas não é muito significativo”, especificou, adiantando que há representação feminina em alguns postos altos. No entanto, é preciso “dar tempo ao tempo” para que a mulher esteja representada em todas as categorias. 

De acordo com as suas estratégias, o Exército tem vindo a “implementar a mudança de comportamento, de forma a consciencializar os militares para um comportamento igualitário” através de um conjunto de ações de informação e formação. “A diversidade constitui uma das chaves de inovação e evolução da instituição”, frisou, enaltecendo a capacidade de o Exército responder às dificuldades e ameaças. “Queremos sempre melhorar, mas sabemos que ainda temos um caminho pela frente”, reconheceu, assegurando: “Estamos a trabalhar para que haja um equilíbrio na representação de género.” 

Por fim, o presidente do IPVC, Carlos Rodrigues, e o Chefe do Estado-Maior do Exército, General Eduardo Mendes Ferrão, realçaram a importância da igualdade, que é um tema “incontornável”. “O Exército tem o compromisso de criar condições baseadas em princípios como a igualdade e a não discriminação”, afirmou o General Eduardo Mendes Ferrão. “O IPVC é sensível a estas matérias porque quer proporcionar as mesmas oportunidades a todos, mas ainda há um caminho a fazer”, referiu Carlos Rodrigues. 

Já no dia 27 de outubro, a Biblioteca Municipal acolheu o seminário “A Modernização da Guerra”. 

“Estamos a construir futuro” 

Na abertura, o Chefe do Estado-Maior do Exército garantiu que “o Exército está comprometido com o projeto da mudança e tem investido continuamente na investigação, desenvolvimento e inovação, para uma abordagem mais adequada a realidades incertas e globais”, frisando a importância das sinergias com parceiros e cooperação em estratégias comuns. “Devemos continuar a captar e aproveitar novas ideias, procurar explorar novas oportunidades, estimular a modernização do sistema e tecnologias e potenciar o conhecimento e a criatividade do capital humano do Exército e daquele que, connosco, quer estar”, afirmou, acrescentando: “O Exército deve continuar a assumir um papel importante na dinamização das capacidades científicas e tecnológicas nacionais, bem como na promoção da investigação científica”. 

O General Eduardo Mendes Ferrão enalteceu, ainda, a aposta do Exército na formação de jovens, estimulando-os. “Estamos a construir o futuro. Façamos caminho”, apelou. 

Sob o tema “A modernização da Guerra”, o seminário teve como oradores o Major-general João Vieira Borges, que apresentou o tema “As tecnologias emergentes e disruptivas, no equilíbrio do sistema internacional”. Já o primeiro painel, teve como oradores Alexandra Pessanha (representante IdD Portugal Defence), José Borges (CINAMIL, Academia Militar), Major-general Mário Carreira, Paulo Novais (IS Lab), Coronel José Pimenta, e Pe. Afonso Nunes, que refletiram sobre os desafios sociais ao emprego de tecnologias emergentes e disruptivas em conflitos armados.

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