Este ano, o complexo turístico do Luziamar faria 50 anos. Abriu portas em 1974 e, até à década de 90, foi uma das principais referências na noite na região Norte de Portugal e Galiza, principalmente, devido à discoteca que era “muito bela” e “fora do normal”. Paulo, Manuel e Vítor são três das centenas de pessoas que por ali passaram, considerando-o um dos ícones da cidade de Viana do Castelo.
Atualmente, o edifício do Luziamar está em ruínas. Muitos, apesar de acreditarem no seu “potencial”, lamentam o seu estado de degradação. No entanto, não conseguem esquecer as músicas, as pessoas, os amigos/as, os esposos/ as, os namorados/as.
Paulo Gaspar, chegou ao Luziamar com 14 anos. Hoje, é guarda prisional e um dos promotores do 50º aniversário do Luziamar, que decorreu no Forte Santiago da Barra. “Em 15 dias, vendemos as pulseiras todas”, contou, especificando que vieram pessoas não só de Viana do Castelo como de Póvoa de Varzim, Felgueiras, Famalicão e Guimarães.
Do Luziamar, guarda “as melhores recordações”. “Viana do Castelo é a Romaria de Nossa Senhora d’Agonia, Santa Luzia e o Luziamar”, afirmou, sublinhando “o ambiente familiar” que se vivia naquele lugar. “O que diferenciava, era a localização. Quando fechávamos, íamos comprar bolas-de-Berlim ao Cais Novo e ficávamos até de manhã a confraternizar”, recordou, contando que pagou os seus estudos com aquele trabalho.
Manuel Vitorino foi uma das pessoas que mais lhe ensinou sobre restauração. “Comecei a fazer verões aos 15 anos”, recordou Manuel, assegurando que “tem as melhores recordações” da sua vida, sobretudo a nível profissional, naquele lugar, que “exigia profissionalismo”.
O complexo contemplava um restaurante e um bar, uma discoteca, um pub, um campo de minigolfe e, mais tarde, uma piscina. “O maior chamariz” era a discoteca, que tinha “um chão fora de série” e uma vista panorâmica a 360º. “Depois de um período mais turbulento, após o 25 de Abril, as coisas começaram a funcionar muito bem”, acrescentou.
Em 1986, “no último dia de abril”, Manuel Vitorino deixou de lá trabalhar. O Luziamar marcou-o de “uma forma” que não consegue explicar e uma coisa é certa: “é uma casa que deixou marcas positivas em várias gerações”. E, hoje, sente-se “triste” por ver o complexo “degradado”. Apesar de considerar que é um complexo turístico com “muito potencial”, reconhece que “uma discoteca dificilmente funcionaria” porque “as realidades são outras”.
Já Vítor Coutinho, que foi DJ no Luziamar, “não tocava na discoteca” e construía-a “exatamente como era” porque era “muito à frente do seu tempo”. “Era muito atual. Tinha confettis, bolas de sabão, slides… uma coisa fora do normal. Era muito bela e bonita. Proporcionou muitas noites memoráveis”, especificou, partilhando da mesma opinião de que o edifício tem “potencial”.
Contudo, não esquece que chegou ao Luziamar através de João Doulas, o primeiro DJ. “Tenho ótimas recordações”, garantiu, afirmando que “não existe, nem de perto, nem de longe uma discoteca igual aquela”. “Aquilo era a meca da música. Sou suspeito, mas a verdade é que era considerada a melhor discoteca do país e da Península Ibérica”, referiu, recordando que vinham pessoas de todo o lado. “O que diferenciava era a música de qualidade e o espaço em si”, destacou.
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