D. José Augusto Pedreira: 60 anos de sacerdócio

D. José Augusto Martins Fernandes Pedreira nasceu em Gondomil, no concelho de Valença, distrito de Viana do Castelo, no dia 10 de abril de 1935. Entrou no Seminário de Braga em outubro de 1947 e foi ordenado Presbítero, na Sé de Braga, em 12 de julho de 1959. Foi, depois, formador no Seminário Maior de Braga, diretor e professor do Colégio do Minho, em Viana do Castelo, e Professor da Escola do Magistério Primário, da Escola de Educadoras de Infância e da Escola de Enfermagem de Viana do Castelo (1975-1979). De 1978 a 1983, foi chanceler secretário da Cúria Diocesana e, em 1982, Promotor de Justiça do Tribunal Eclesiástico. Foi ainda Provigário-Geral da Diocese. No ano de 1971/72, esteve em Lisboa onde concluiu o curso do ISPA, tendo feito estágio de Psicologia na Fundação Gulbenkian. Em 31 de dezembro de 1982, foi eleito Bispo Titular de Elvas e Auxiliar do Porto, tendo sido ordenado em Viana do Castelo, por D. Armindo Lopes Coelho, em 19 de março seguinte. A 29 de outubro de 1997, foi nomeado Bispo de Viana do Castelo, cargo onde se manteve até ao seu pedido de resignação e consequente nomeação de D. Anacleto Cordeiro Gonçalves de Oliveira, em 2010. É, atualmente, Bispo-Emérito de Viana do Castelo. Assinalando os 60 anos de sacerdócio celebrados no passado mês de julho, nesta edição do “Notícias de Viana” partilhamos alguns testemunhos de pessoas que o conhecem de perto.

Notícias de Viana
8 Nov. 2019 5 mins
D. José Augusto Pedreira: 60 anos de sacerdócio

D. José Pedreira, homem simples e homem de Deus

Um ser humano à face da terra não é sobretudo as suas componentes físicas ou as suas posses, mas é a colheita de tudo o que a sua vida pôde semear à sua volta. É este pensamento que me ocorre ao evocar a pessoa de D. José Pedreira, nascido na aldeia de Gondomil, Concelho de Valença, uma daquelas onde vive um povo ao qual o Senhor me envia. Mas a minha ligação com este homem vai muito além do facto de ser pároco da sua aldeia natal. A mais viva, a mais grata lembrança que dele conservo é a das suas mãos. As mãos que, no dia da minha Ordenação Sacerdotal, invocaram sobre a minha cabeça o sopro divino, que sobre as minhas mãos colocaram a carícia do Espírito Santo, através do óleo do santo crisma e que confirmaram a minha vida como consagrada ao serviço de Cristo e da Igreja. Por isso me é grato lavrar estas linhas na celebração do seu 60º aniversário de Ordenação Sacerdotal. D. José Pedreira foi o Bispo que me acolheu no Presbitério de Viana do Castelo a que presidia, no primeiro ano do seu ministério Episcopal ao serviço da Igreja de Viana do Castelo e que, paternalmente, estimulou os meus primeiros anos de padre, numa confiança que me fortaleceu e me fez crescer. Porque a confiança é uma das mais profícuas fontes de energia de uma qualquer comunidade humana. No que me diz respeito foi um homem que acreditou! Enviou-me, mais tarde, para Roma a fim de completar a minha formação espiritual e pastoral, dentro daquilo que ele acreditava ser um investimento para a sua própria Diocese. Recordo-o, nas particularidades da minha vida pessoal, mas também no perfume de comunhão eclesial que ele deixou a palpitar na nossa Diocese, principalmente através da convocação e realização do primeiro Sínodo Diocesano. Recordo com muita alegria asua afabilidade e delicado rigor, seja para consigo mesmo seja para com os outros, até nas contas da diocese. Pela simplicidade e pela humanidade que coloca acima de tudo, é ainda hoje para mim um belo exemplo e testemunho paterno do amor de Deus. Por isso, agradeço e desejo ad multos annos, Pater D. José Pedreira! Mons. José Fernando Caldas Esteves

D. José Augusto Pedreira faz parte do meu percurso, desde 1975, quando ainda exercia o cargo de Diretor do Colégio do Minho, e lecionava a disciplina de Psicologia na Escola Normal de Educadores de Infância. Foi um privilégio ter sido sua aluna!Era um professor não só cheio de conhecimentos científicos como capaz de modos de transmissão tão práticos, que se tornava impossível não apreender os conceitos. Para nos ensinar, por exemplo, como deveríamos trabalhar com as crianças, sobre a associação das cores, dava-nos o exemplo da aldeia onde os filhos aprendiam com os pais de forma muito natural, na eira, a separar o feijão e o milho conforme as cores.Quando, por alguma situação mais particular, era necessário ir ao seu gabinete no Colégio do Minho, para além da própria disponibilidade, oferecia sempre um chocolate, o que, naquela época, era um luxo. E o gesto valia, sobretudo, pela proximidade que criava. A sua tranquilidade não diminuía a sua exigência. Nos assuntos que era necessário confrontar com ele tudo tinha de ser muito claro e com argumentação bem fundamentada. As próprias questões que levantava eram sempre uma ajuda preciosa, usando o reforço positivo e nunca abdicando do seu papel de professor, sempre aberto a mudar a sua opinião, se assim o entendesse. Pelo Natal, sendo já ele o nosso Bispo, costumava enviar-lhe um cartão de Boas Festas. E era sempre uma surpresa receber, em resposta, um seu cartão manuscrito. Não conseguia compreender como tinha disponibilidade para o fazer. Ao perceber que, como Bispo Emérito, tinha mais disponibilidade, passei a visitá-lo mais frequentemente. Conversamos sobre a minha família, o percurso dos filhos, dos netos, e é sempre enriquecedor, pois tem uma visão da vida e do Mundo muito abrangente. Em 2017, fomos Mordomos da Cruz, na Paróquia. Pensamos então convidá-lo, para vir almoçar connosco, como oportunidade para conhecer a nossa família. Aceitou o convite. Foi uma alegria enorme para nós este gesto da parte de D. José. Há pessoas que nos marcam na vida, como colunas de suporte.Quando necessito de lhe telefonar, sempre me atende com prontidão, ou devolve a chamada logo que lhe é possível. Gravo a sua simplicidade e delicadeza.Sempre que o visito, acompanha-me até à porta ficando à espera de me ver iniciar a condução do carro. Tudo aquilo que colhi da sua parte, como meu professor, foi crucial e continua a ser para a minha vida e de tantas pessoas com quem me cruzei e continuo a cruzar. O seu exemplo, primeiro como Sacerdote e depois como Bispo, quer no Porto, como auxiliar quer em Viana como residencial e agora emérito, é como um fio de ouro que une a sua vida concreta, dos aspetos práticos aos teológicos. Apesar do natural temor de escrever sobre D. José Augusto, o dever de gratidão para com ele tornou o convite irrecusável.Um infinito obrigada D. José!Rosa Maria R. Carvalhido Esteves

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