Cerca de 80 pessoas participaram no ciclo "Quem é o meu próximo", organizado pela Comissão Diocesana Justiça e Paz. Sob o mote "A Justiça: caminho para a Paz", a iniciativa visou alertar para “a urgência de construir caminhos de paz, estando abertos à solidariedade construtiva, sustentável e duradoura dos que foram gerados na margem mais escura da vida”.
Na palavra de abertura e comparando a participação do Encontro de Liturgia com o ciclo da Comissão Justiça e Paz, D. João Lavrador referiu que a Diocese “ainda não acordou para a dimensão social do Evangelho”, que “é essencial e imprescindível” para a experiência cristã. “Precisamos de estudar, aprofundar, refletir e converter na solução dos problemas reais e cruciais que estamos a viver”, alertou.
Citando as palavras de Paulo VI, o Bispo diocesano destacou ainda “a voz que clama por uma visão integral do ser humano e do seu desenvolvimento”, lembrando que “todos são chamados a realizar a paz”. “A justiça e a paz são duas coordenadas. Têm de se formar em conjunto para dar-se o desenvolvimento e o progresso na humanidade”, afirmou.
Na primeira conferência, sob o tema “O cristianismo como força de transformação social”, Juan Ambrosio afirmou que “não é possível ser cidadão da cidade de Deus sem ser cidadão da cidade dos homens”.
Já na parte da tarde, na segunda conferência, os professores Tito de Morais e Natália Fernandes falaram sobre o impacto da internet nas crianças. “A exploração das crianças é um problema muito sério”, alertou a professora, defendendo que “a distinção entre brincadeira e trabalho artístico infantil no ambiente digital é fundamental para garantir que os direitos e o bem-estar das crianças sejam adequadamente protegidos”.
Os participantes foram ainda convidados a refletir sobre “o rendimento básico incondicional”, com o professor André Barata, e sobre “ “As Novas tecnologias, O Futuro dos Impérios e Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, com o professor Fernando Carvalho Rodrigues.
O ciclo “Quem é o meu próximo” terminou com a intervenção de Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica do Porto, que afirmou que “o cristianismo ganha força nas comunidades mais frágeis”.
Ana Alves é professora e voltou a participar porque gostou “muito” da experiência. “Foi muito enriquecedor, sobretudo ao nível da educação digital. Ouvi reflexões e intervenções muito pertinentes”, assegurou, defendendo o uso das novas tecnologias em sala de aula desde que “os alunos sejam bem orientados e sensibilizados” porque acredita que “é uma mais valia”.
Também Vítor Lima, dirigente do Corpo Nacional de Escutas, decidiu participar por considerar que “a formação deve ser contínua”. “Como cidadão e dirigente do CNE, o meu papel é formar crianças e jovens também para estas temáticas da justiça e paz. Daí ser importante transmitir e partilhar estes valores”, referiu, destacando uma das reflexões do último painel: “Nos nossos pequenos momentos, do nosso dia-a-dia, devemos ser transformadores do mundo. O escutismo é muito isto”.
Para o presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz, José Carvalhido da Ponte, o balanço é “duplamente positivo” pela participação e pelo painel de oradores que “abordaram os temas de uma forma muito interessante”. “Certamente, vamos querer repetir a conversa com os professores Tito de Morais e Natália Fernandes porque este problema, da internet em crianças e jovens, tem de ser discutido com mais pais, professores e jovens”, revelou.
O responsável adiantou ainda que o próximo ciclo vai centrar-se nos “velhos”. “Queremos um mundo humanizado em que estamos atentos ao outro e em que sabemos quem é o próximo”, concluiu.
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