D. João Lavrador pede uma Diocese mais consciente da dimensão social

Cerca de 80 pessoas participaram na Jornada "Quem é o meu próximo", organizado pela Comissão Diocesana Justiça e Paz. Sob o tema "A Justiça: caminho para a Paz", a iniciativa visou alertar para “a urgência de construir caminhos de paz, estando abertos à solidariedade construtiva, sustentável e duradoura, dos que foram gerados na margem mais escura da vida”.

Micaela Barbosa
3 Mar. 2025 4 mins

Na palavra de abertura, e comparando a participação no Encontro Diocesano de Liturgia com o ciclo da Comissão Justiça e Paz, D. João Lavrador referiu que a Diocese “ainda não acordou para a dimensão social do Evangelho”, que “é essencial e imprescindível” para a experiência cristã. “Precisamos de estudar, aprofundar, refletir e converter-nos na solução dos problemas reais e cruciais que estamos a viver”, alertou.

Citando as palavras de Paulo VI, o Bispo diocesano destacou “a voz que clama por uma visão integral do ser humano e do seu desenvolvimento”, lembrando que “todos são chamados a realizar a paz”. “A justiça e a paz são duas coordenadas. Têm de se formar em conjunto para acontecer o desenvolvimento e o progresso na humanidade”, afirmou.

Na primeira conferência, sob o tema “O cristianismo como força de transformação social”, Juan Ambrosio (docente na Universidade Católica Portuguesa e membro da Comissão Nacional Justiça e Paz) afirmou que “não é possível ser cidadão da cidade de Deus sem ser cidadão da cidade dos homens”.

Já na parte da tarde, na segunda conferência, o consultor Tito de Morais, Natália Fernandes (Professora na Universidade do Minho) e Sónia Rodrigues (investigadora na Universidade do Porto) falaram sobre o impacto da internet nas crianças. “A exploração das crianças é um problema muito sério”, alertou a Professora, defendendo que “a distinção entre brincadeira e trabalho artístico infantil no ambiente digital é fundamental para garantir que os direitos e o bem-estar das crianças sejam adequadamente protegidos”.

Os participantes foram ainda convidados a refletir sobre “O rendimento básico incondicional”, com o Professor André Barata (Universidade da Beira Interior) e José Correia da Silva (administrador da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Noroeste), e sobre “As novas tecnologias, o futuro dos impérios e os quatro cavaleiros do apocalipse”, com o Professor Fernando Carvalho Rodrigues, do Instituto Superior Técnico.

A Jornada “Quem é o meu próximo” terminou com a intervenção de Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa, que afirmou que “o cristianismo ganha força nas comunidades mais frágeis”.

Ana Alves é professora e voltou a participar porque gostou “muito” da experiência. “Foi muito enriquecedor, sobretudo ao nível da educação digital. Ouvi reflexões e intervenções muito pertinentes”, assegurou, defendendo o uso das novas tecnologias em sala de aula desde que “os alunos sejam bem orientados e sensibilizados” porque acredita que “é uma mais-valia”.

Também Vitor Lima, dirigente do Corpo Nacional de Escutas, decidiu participar por considerar que “a formação deve ser contínua”. “Como cidadão e dirigente do CNE, o meu papel é formar crianças e jovens, também para estas temáticas da justiça e da paz. Daí ser importante transmitir e partilhar estes valores”, referiu, destacando uma das reflexões do último painel: “Nos nossos pequenos momentos, do nosso dia-a-dia, devemos ser transformadores do mundo. O escutismo é muito isto”.

Para o presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz, José Carvalhido da Ponte, o balanço é “duplamente positivo”, pela participação e pelo painel de oradores que “abordaram os temas de uma forma muito interessante”. “Certamente vamos querer repetir a conversa com os professores Tito de Morais e Natália Fernandes, porque este problema do impacte da internet em crianças e jovens tem de ser discutido com mais pais, professores e jovens”, revelou.

O responsável adiantou que o próximo ciclo vai centrar-se nos “velhos”. “Queremos um mundo humanizado, em que estamos atentos ao outro e em que sabemos quem é o próximo”, concluiu.

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