Chamado ao Consultório: Portugal tem a maior incidência de cancro do estômago

Portugal ocupa o topo da tabela relativa ao número de novos casos de cancro gástrico na Europa Ocidental. Porque será? Este mês é Chamado ao Consultório para o descobrir.
Fatores como desequilíbrios na alimentação, diagnóstico tardio e elevada prevalência da bactéria Helicobacter pylori contribuem para estes números.
Como todos sabemos, é rara a mesa portuguesa onde não exista chouriço, farinheira ou presunto, seja como aperitivo ou no refogado. Ricos em sal, gordura e a maior parte das vezes fumados, estão entre os alimentos mais associados ao aumento do risco de cancro do estômago.
E se, por um lado, a alimentação portuguesa é rica em sal, fritos e carnes processadas, por outro é pobre em frutas, legumes e leguminosas. Juntando a este desequilíbrio, o consumo excessivo de álcool e tabaco, o risco de desenvolver cancro do estômago aumenta substancialmente.
Em relação à infeção pela bactéria Helicobacter pylori, sabemos que esta atinge cerca de 60 a 70% da população portuguesa, em especial no Norte do país, e está associada a cerca de 90% dos casos do cancro gástrico.

Atualmente, não existe em Portugal um rastreio organizado, sistemático, para deteção precoce destes casos de cancro, à semelhança do que existe para outros tipos, como do cólon ou da mama. Isto aliado à pouca especificidade dos sintomas iniciais, leva a que o diagnóstico seja muitas vezes tardio. Ainda assim, e apesar de pouco específicos, deve estar atento a sintomas como dor abdominal persistente, perda de peso inexplicável, náuseas e vómitos persistentes, sangue nas fezes, cansaço extremo ou sensação de enfartamento precoce. Caso algum destes aconteça, deve procurar a ajuda do seu médico.
Mas lembre-se, o mais importante é sempre apostar na prevenção. Procurar um estilo de vida mais saudável, aliando uma alimentação equilibrada, evitando os alimentos que lhe trazem um maior risco, à prática regular de exercício físico e à cessação do consumo de álcool e tabaco.