A Creche do Centro Social Paroquial de Areosa (CSPA) dedicou o mês de novembro ao 10º aniversário, com um programa diversificado e aberto à comunidade. Para 2024, os desejos são abrir o Centro de Dia, colocar em funcionamento a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) e aumentar o serviço de apoio domiciliário, tornando-se “uma instituição de referência”, que “dá respostas às necessidades sociais”, especialmente, dos areosenses.
O presidente do CSPA e Pároco da Paróquia de Areosa, Arciprestado de Viana do Castelo, Pe. Torres Lima, faz um balanço de “muita luta” porque a obra, projetada em 2009, só terminou este ano. “Contamos com a ajuda de pessoas que sentem realmente estas necessidades sociais, como é exemplo a Liga dos Amigos, que nos ajuda”, salientou, recordando todo o processo desde a não comparticipação até à crise. “Estou cá desde 2006, e consigo olhar e ver a instituição que era, e que é agora. E é muito diferente”, considerou a diretora e colaboradora do CSPA, Ivone Rego, confidenciando: “Crescemos e evoluímos imenso, mas não conseguimos crescer ao ritmo que queríamos.”
A vontade de querer sempre mais é “muita”, mas reconhecem que o serviço de apoio domiciliário (entrega de refeições, acompanhamento a consultas, higiene e medicação) mudou “imenso”, que o Centro de Atividades dos Tempos Livres (CATL) se alterou “significativamente”, e abriu. Mudaram de instalações e, em breve, abrirá a ERPI e o Centro de Dia. “É um percurso penoso, mas vamos conseguir”, garantiu a diretora, sublinhando a missão do CSPA, que é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) de inspiração cristã. “A família areosense é a razão da nossa existência, e o nosso compromisso é cooperar na resposta às necessidades de cariz social”, afirmou, acrescentando: “Queremos ser um parceiro das pessoas de Areosa, ajudando-as nas suas necessidades sociais. Queremos ser uma instituição de referência. Queremos ser a primeira escolha quando nasce uma criança ou, quando vai para a escola. E, mais tarde, no apoio domiciliário, no Centro de Dia e na ERPI.”
Atualmente, o CSPA constitui uma direção com cinco elementos mais o diretor executivo, e o Conselho Fiscal é composto por três pessoas. No que diz respeito aos colaboradores, são 23 mais “cerca de dez voluntários”, que ajudam na distribuição de almoços ao fim-de-semana.
Já ao nível de pessoas apoiadas, no Serviço de Apoio ao Domicílio tem 50 utentes, na Creche tem 37 crianças, e no CATL, 25. No entanto, “em todas as respostas, temos lista de espera. A creche sempre foi muito procurada, mas, neste momento, com a medida de gratuidade, o aumento foi exponencial. E, neste momento, não há como aumentar o número de vagas, devido aos limites da sala estipulados por lei”, especificou Ivone Rego. “No entanto, as famílias acabam por ver o lado positivo, porque somos uma creche pequena, familiar e acolhedora. Quem vem ver, gosta da particularidade do nosso espaço”, justificou a educadora e responsável da creche, Susana Seixas.
De acordo com Ivone, a gratuidade das creches foi uma medida “bem pensada” no início, até porque, pela sua experiência, “ao longo dos anos, o Estado comparticipa em percentagem cada vez menor do custo real das respostas”. “O nosso receio, e de outras IPSS, é que este apoio não seja gradualmente adequado, no sentido em que os salários aumentam, os custos de manutenção aumentam… tudo aumenta, mas a comparticipação cristaliza”, considerou, especificando que o apoio cobriu as despesas do ano passado e cobrirá as deste ano. Contudo, para 2024, é uma incógnita. “Temos de olhar para a progressão das carreiras das pessoas, e para muitas outras coisas. Se não houver um aumento equiparado ao aumento de custos da instituição, vai ser penalizador”, frisou.
Depois de conseguirem novas instalações, as maiores dificuldades sentidas, segundo a diretora e a educadora, são cumprir as exigências com os recursos a que têm acesso, mas que “são poucos”, e trabalhar com as famílias e utentes que são “mais exigentes”. “Temos imensas regras e leis a cumprir. Temos de saber de tudo e mais alguma coisa, desde fiscalidade, proteção civil, higiene e segurança alimentar, recursos humanos. Mas, depois, é-nos dado muito pouco para responder a tudo”, apontou Ivone Rego, salientando que precisavam de mais dinheiro e mais pessoas para responder a tudo. “A sensação que dá é a de que quem faz as leis e os documentos a seguir, não está dentro dos assuntos. Ou seja, não são da área, e não sabem o que se passa no terreno, porque não auscultam ou avaliam”, acrescentou Susana Seixas.
Já sobre as famílias, a educadora sente que “os pais estão muito focados e não aproveitam as primeiras conquistas dos seus filhos, porque ficam ansiosos com tanta informação que recebem”. “Em contrapartida, sinto também que valorizam cada vez mais toda a equipa, não só a da creche, como a da cozinha e a dos serviços administrativos. Agradecem mais, valorizando o nosso trabalho em prol dos seus filhos”, enalteceu.
O CSPA conta, então, com o apoio da Liga dos Amigos, que se predispõe a ajudar através de trabalho voluntário, ou de donativos em dinheiro e espécie. “Há pessoas que nos fazem chegar kiwis, abóboras, batatas e chuchus, etc.. Tudo isto é registado para efeitos contabilísticos”, especificou Ivone Rego, salientando que os donativos financeiros têm ajudado muito a cumprir obrigações perante o banco, concretamente, com o pagamento do empréstimo. “A Câmara Municipal também tem sido um grande apoio, ajudando a preparar candidaturas, a acompanhar procedimentos de contratação pública e no apoio regular e extraordinário (valor importante para o edifício). A Junta de Freguesia apoia-nos sempre que possível, dentro das limitações”, enumerou, enaltecendo ainda o apoio da Paróquia, desde a cedência do salão paroquial para o CATL, ao empréstimo “significativo” para a obra, das Conferências Vicentinas, mais precisamente, a de Nossa Senhor do Socorro, e também do Banco Alimentar. “Quando temos dificuldades, tentamos perceber que pessoa, empresa ou organismo pode ajudar-nos e, na maior parte das vezes, têm sido solidários”, garantiu, exemplificando: “Para o aniversário da creche, fomos bater a algumas portas. Há muitos anos que as paredes estavam danificadas e, para as melhorar, pedimos apoio à Casa Peixoto, que nos deu tintas para pintar as salas.”
Para além destes apoios, o CSPA também participa em alguns concursos. Exemplo disso foi, no final do mês de novembro, ter-se deslocado à Casa da Música, no Porto, para receber um dos Prémios BPI Seniores 2023. “Entre 198 candidaturas, o CSPA viu a sua contemplada e, a partir do próximo ano, desenvolveremos o projeto ReAge”, lê-se numa publicação da página de Facebook, explicando que o objetivo é “dinamizar um programa de planeamento e preparação para a reforma”.
Ainda no mesmo mês, preparou um programa dedicado às celebrações do 10º aniversário da creche. O dia 04 foi o momento central. “Promovemos uma aula de yoga aberta à comunidade. Depois, foi celebrada Eucaristia, em que participaram antigas colaboradoras e famílias que já estiveram connosco. No final, fizemos o corte do bolo”, contou Susana Seixas, frisando que os dez anos têm um gosto “especial” por estar na equipa desde o início. “Começámos com duas colaboradores e quatro crianças. Tivemos altos e baixos, mas aprendemos muito ao longo destes anos. Sinto que toda a gente é feliz neste ambiente estável”, assegurou.
O programa das festividades incluiu ainda uma sessão de mindfulness [prática contra o stress e a ansiedade], uma sessão de expressão musical, um encontro com uma escritora e uma palestra sobre alimentação. “A adesão das crianças e dos pais foi bastante positiva”, afirmou Ivone Rego.
Fotografia: Flávio Cruz
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