O gigantone. O cabeçudo. O bombo. A imagem de Nossa Senhora d’Agonia. A lavradeira. Figuras alusivas à Romaria em Honra de Nossa Senhora d’Agonia e que podem ser contempladas, através da Arte em Partes, que resulta da junção da arte urbana com a tradição da azulejaria, na Avenida dos Combatentes, e junto à igreja de Nossa Senhora d’Agonia, em Viana do Castelo.
O projeto de arte urbana “Arte em Partes” pretende “fazer uma abordagem moderna a uma arte portuguesa de grande projeção, nacional e internacional”. São cinco peças com uma média de dois metros de altura, criadas com o aproveitamento de vários tipos de azulejos, numa mistura de reciclagem e reutilização, e criação de novos objetos.
Ricardo Ferreira, designer e presidente da Associação Artmatriz, faz o desenho, e Marco Marinha, artista plástico, executa. “Durante a pandemia, foi criado o projeto Des_romaria, que visava ser um tributo às Festas de Romaria de Nossa Senhora d’Agonia. Quando terminou, sempre quis que tivesse continuação, e pensei como ele poderia prolongar-se. Falei com a Câmara Municipal e, depois de ver uma obra do Marco, convidei-o para fazer parte do “Arte em Partes” que, na altura, ainda não tinha nome”, conta Ricardo Ferreira, explicando que simplificou os seus desenhos e desenhou as figuras em partes geométricas. O passo seguinte passa pela projeção, e é o Marco quem completa “o puzzle”. Ao vivo. “É um trabalho minucioso e que exige algum tempo. Aqui, o Marco pode dar asas à sua criatividade”, salienta.
O desenho adapta-se à obra final e vice-versa, em que cada detalhe é adaptado, à medida que se vai colocando o azulejo. “O nosso trabalho completa-se. Só assim é que as nossas peças vivem”, reitera o designer, referindo que este projeto “inova e moderniza” o universo simbólico que existe na Romaria em Honra de Nossa Senhora d’Agonia. “Com o passar dos anos é que nos apercebemos de todo o trabalho que envolve a organização da romaria. Ou seja, acabamos por dar mais valor. Esta é também a nossa forma de agradecer às pessoas que tornam possível a romaria”, afirma.
Marco Marinha descreve uma “grande satisfação” em participar no projeto porque tem uma ligação “especial” a Viana do Castelo. “Uma parte do meu coração também é vianense”, admite, confidenciando que as pessoas, por vezes, interpelam-no e elogiam a obra. “O que eu faço, faço por paixão e isso reflete-se no trabalho final”, salienta.
Os dois criativos asseguram que o feedback ao “Arte em Partes” é “positivo”. “Toda a gente que passa por aqui tem apreciado o nosso trabalho. Isso alimenta a vontade de querer fazer mais”, confidenciam, apelando às pessoas para que não estraguem. “Isto é um presente para a cidade e para as pessoas”, afirmam.
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