Ambientalistas contra parque eólico em Sistelo

A FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade revelou ter dado parecer negativo ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) para a instalação de um parque fotovoltaico na aldeia de Sistelo, em Arcos de Valdevez. O projeto, que prevê 32 torres eólicas numa área classificada e junto ao Parque Nacional da Peneda-Gerês, está atualmente em consulta pública, entre 24 de abril e 16 de maio.

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2 Mai. 2025 3 mins
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Em comunicado, a associação ambientalista refere que a “área pretendida para implantação do parque eólico conflitua com a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês/Xures, designada pela UNESCO em 2009, o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), a Zona Especial de Conservação (ZEC) Peneda-Gerês (PTCON0001), a Área Importante para as Aves(IBA) Serras da Peneda e Gerês e a Paisagem Cultural de Sistelo (Monumento Nacional), e com muito mais pré-existências naturais e culturais”.

Contactado pela agência Lusa, o presidente em exercício da Câmara de Arcos de Valdevez, Olegário Gonçalves, adiantou que o projeto vai ser analisado pela autarquia para ser tomada uma decisão.

O projeto, da responsabilidade da empresa Madoqua IPP — ligada ao grupo holandês Madoqua Renewables Holding BV —, prevê a instalação de 32 aerogeradores, cada um com 112 metros de altura e rotores de 175 metros de diâmetro, em zona agroflorestal de baixa densidade populacional.

Segundo a FAPAS, os níveis de ruído projetados atingirão entre 92 e 106,9 dB(A), “valores equivalentes a um concerto de rock”, o que “rompe com o silêncio natural de uma das últimas zonas de refúgio de espécies como o lobo-ibérico e algumas espécies de aves”.

Além das torres eólicas, o projeto prevê ainda a abertura de uma nova rede de estradões e a instalação de uma linha elétrica de muito alta tensão, com mais de 76 mil hectares de impacto estimado, com atravessamento dos concelhos de Arcos de Valdevez, Monção, Melgaço, Ponte da Barca, Vila Verde, Terras do Bouro, Amares, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Montalegre, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão. ““Os projetistas escudam-se nos objetivos da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC), no Programa Nacional para as Alterações Climáticas 2020/2030 (PNAC 2020/2030) e noutros documentos, mas, a verdade, é que se o parque eólico dos Arcos de Valdevez pode contribuir para minimizar as alterações climáticas, o seu impacto ambiental não é desprezível, nomeadamente na paisagem, um património de elevado valor económico, até por via do turismo”, realça.

A associação critica ainda a lógica económica subjacente ao projeto. “Por muito boas que sejam as intenções anunciadas pela Madoqua IPP, não esquecemos que o principal objetivo de uma empresa é distribuir lucros aos seus investidores e, ao que parece, o eólico e o fotovoltaico são, neste momento, um bom investimento em Portugal. Veja-se no portal Participa.pt a quantidade de parques eólicos e fotovoltaicos cujos processos estão, ou estiveram, em discussão pública”, destaca.

c/Lusa

Tags Economia

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