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Alto Minho: IPSS enfrentam salários baixos, gestão complexa e desafios de sustentabilidade

As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) estão a atravessar um dos períodos mais difíceis das últimas décadas. Em todo o país, e também no Alto Minho, multiplicam-se relatos de equipas reduzidas, trabalhadores exaustos e dificuldade em contratar novos profissionais, num sector que emprega mais de 300 mil pessoas e assegura respostas essenciais em áreas como apoio à infância, à deficiência ou à terceira idade.

Micaela Barbosa
16 Dez. 2025 4 mins

O retrato é partilhado tanto por quem representa os trabalhadores, como por quem dirige as instituições. “Estamos a falar de um sector que vive quase todo no limiar do salário mínimo. Há auxiliares com mais de 20 anos de casa a ganhar 930 euros. Mesmo os técnicos superiores e os enfermeiros ficam muito abaixo da função pública”, descreve Carmen Carvalho, coordenadora do CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal no concelho de Viana do Castelo.

“É um sector muito exigente”

A dirigente sindical acompanha diariamente instituições no concelho e confirma uma realidade transversal: equipas reduzidas e desgaste acumulado. “Os trabalhadores estão cansados e exaustos. Em muitos casos, trabalham em recursos mínimos todos os dias. E o cansaço físico e psicológico leva a baixas constantes e a uma grande rotatividade”, explica, alertando para a dificuldade em recrutar novos profissionais. “As pessoas jovens não querem estes horários, nem estes ordenados. É um sector muito exigente e, infelizmente, pouco reconhecido. Quem fica são trabalhadoras com décadas de carreira, e o corpo já não aguenta o ritmo”, lamenta.

Fontes ligadas ao sector, dentro e fora do distrito, confirmam que “há instituições a funcionar com carência de pessoal”, o que agrava a pressão sobre as equipas e compromete a qualidade dos serviços. Algumas admitem “situações-limite” na gestão diária, em que “a falta de meios humanos e materiais obriga a soluções improvisadas”.

Na prática, os salários oscilam entre o mínimo nacional e pouco mais de 1.200 euros, valores que, segundo Carmen Carvalho, “não refletem o grau de exigência do trabalho”. Para a dirigente, a solução passa por um aumento de 150 euros e a redução para 35 horas semanais, reivindicações que estão em cima da mesa há anos. “Não é só uma questão salarial, é de dignidade profissional. Falamos de pessoas que cuidam de outras, muitas vezes em condições muito duras”, reforça.

“O modelo está esgotado”

As instituições reconhecem a pressão e partilham a preocupação. “Todos nós sabemos que há desequilíbrios e que os profissionais merecem melhores condições. Mas é imp

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