A Câmara Municipal de Caminha aprovou, por unanimidade, uma recomendação ao Governo para a instalação de uma estação salva-vidas no concelho, na sequência de dois naufrágios ocorridos nos últimos dias, um em Moledo e outro ao largo de Aveiro, que afetaram diretamente a comunidade piscatória local.
A proposta, apresentada pelo PS e aprovada também pelos eleitos da coligação PSD/CDS-PP, defende que a criação de uma estação salva-vidas em Caminha constitui “uma medida estrutural, tecnicamente fundamentada e politicamente responsável”, orientada para a salvaguarda da vida humana e a prevenção de tragédias no mar e no rio Minho.
No dia 14 de dezembro, uma embarcação de pesca naufragou ao largo de Moledo, no concelho de Caminha. Dos cinco pescadores a bordo, dois foram resgatados, permanecendo três desaparecidos. As buscas, que mobilizaram meios da Autoridade Marítima e dos bombeiros, encontraram apenas destroços da embarcação.
Dois dias depois, um segundo naufrágio voltou a atingir a comunidade piscatória local. A embarcação “Carlos Cunha”, registada no porto de Vila Praia de Âncora, naufragou a cerca de 370 km de Aveiro, com sete pescadores de nacionalidade indonésia a bordo. Três foram resgatados por outra embarcação, mas um acabou por falecer devido a paragem cardiorrespiratória. Os restantes quatro permanecem desaparecidos, e as buscas envolveram o navio patrulha oceânico NRP Figueira da Foz, uma aeronave P3 da Força Aérea e duas embarcações de pesca. A Marinha anunciou que as operações de busca foram dadas como encerradas, embora o Centro Coordenador de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa (MRCC Lisboa) continue a monitorizar a área remotamente com satélites da EMSA.
A embarcação, do tipo pesca do espadarte, é propriedade do armador António Cunha, de Vila Praia de Âncora, mas costuma estar fundeada em Vigo, Espanha. Três dos tripulantes resgatados, incluindo o que faleceu, estão a bordo do NRP Figueira da Foz, enquanto os dois sobreviventes restantes foram avaliados pela equipa de saúde do navio, não havendo necessidade de cuidados médicos adicionais.
No documento aprovado, o executivo municipal sublinha que Caminha “possui uma extensa faixa costeira e uma relevante frente ribeirinha, nomeadamente na foz do rio Minho”, caracterizadas por fortes correntes, variações rápidas de maré e condições meteorológicas frequentemente adversas, o que representa “riscos acrescidos para a segurança de pessoas”.
A recomendação apela ao Governo, através do Ministério da Defesa Nacional e da Autoridade Marítima Nacional, para que avalie com caráter de urgência a instalação de uma estação salva-vidas no concelho, assegurando os meios humanos, técnicos e financeiros necessários ao seu funcionamento permanente e eficaz.
A presidente da Câmara de Caminha, Liliana Silva, revelou que o município está a prestar apoio psicológico às famílias dos pescadores e a garantir alimentação aos operacionais envolvidos nas buscas. Segundo a autarca, a existência de meios permanentes de salvamento permitiria uma resposta mais rápida e integrada, em articulação com o Instituto de Socorros a Náufragos, a Proteção Civil, os bombeiros e a Polícia Marítima.
A autarquia defende ainda que esta intervenção deve ser enquadrada numa estratégia nacional de prevenção de afogamentos e proteção da vida humana, lembrando que, nos últimos anos, se têm registado várias situações de afogamento, algumas fatais, tanto no mar como no rio Minho, com impacto profundo na comunidade local e na perceção de segurança do território.
c/ Lusa
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