Um homem de 38 anos morreu na sequência de um atropelamento ferroviário na Linha do Minho, na freguesia de Areosa, em Viana do Castelo. Segundo a Infraestruturas de Portugal (IP), o comboio, que fazia a ligação entre Porto e Valença, colidiu com a vítima numa zona sem atravessamento autorizado, a cerca de 600 metros da estação de Areosa.
A circulação ferroviária entre Viana do Castelo e Caminha foi cortada às 14h47 e retomada cerca das 17h40, revelou a IP. Para o local foram mobilizados três veículos e 12 operacionais dos Bombeiros Voluntários e Sapadores de Viana do Castelo, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do hospital de Santa Luzia, a PSP e elementos da própria IP.
Este acidente insere-se num contexto nacional preocupante. Em maio de 2025, a IP revelou à Antena 1 que, entre 2016 e 2024, registou-se um total de 220 atropelamentos em linhas ferroviárias, com 162 mortes. Os números mostram que a Linha do Norte, do Minho e de Cascais concentram 65% de todas as situações registadas. Em 2024, ocorreram 23 atropelamentos, com 18 mortes, o valor mais alto desde o início da pandemia e um aumento em relação a anos anteriores.
A IP distingue três tipos de acidentes: 170 atropelamentos em estações e em plena via, 50 em passagens de nível e 42 classificados como “outras situações”, incluindo corpos encontrados ou possíveis suicídios. Quase metade dos atropelamentos deve-se a pessoas que atravessam a linha em locais não autorizados. Outros acidentes ocorreram com passageiros no limite das plataformas, durante embarque e desembarque, ou devido a trabalhos na via.
O coordenador da estrutura de missão da IP para a redução da sinistralidade, António Viana, explica que “as pessoas estão a atravessar no local que lhes é mais conveniente” e alerta que “desvalorizam a segurança valorizando o conforto da sua mobilidade”.
Para reduzir acidentes, a IP planeia suprimir 135 passagens de nível e reclassificar 237 até 2030, tendo já eliminado 28. Barreiras e muros têm sido instalados de acordo com a análise de risco, especialmente em zonas urbanas. “Tentamos pôr outro tipo de vedação, e em alguns casos optamos mesmo por muro. Se todos dermos este exemplo, conseguiremos levar as pessoas a fazer esta mudança”, acrescenta António Viana.
Além das barreiras físicas, a IP promove campanhas de sensibilização em escolas, zonas industriais, redes sociais e meios de comunicação, com destaque para o Dia Internacional de Prevenção da Intrusão no Canal Ferroviário, celebrado a 5 de junho.
O acidente ocorrido em Areosa evidencia os riscos existentes em zonas residenciais e agrícolas atravessadas por linhas ferroviárias no Alto Minho, onde a proximidade das populações aumenta a vulnerabilidade. A gestão da segurança ferroviária envolve múltiplos atores, incluindo a Infraestruturas de Portugal e, em articulação com as autarquias locais, a análise de áreas prioritárias e a implementação de medidas preventivas, independentemente das causas específicas de cada atropelamento.
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