Um morto em atropelamento ferroviário em Areosa. Linha do Minho já registou 162 mortes em nove anos

Um homem de 38 anos morreu na sequência de um atropelamento ferroviário na Linha do Minho, na freguesia de Areosa, em Viana do Castelo. Segundo a Infraestruturas de Portugal (IP), o comboio, que fazia a ligação entre Porto e Valença, colidiu com a vítima numa zona sem atravessamento autorizado, a cerca de 600 metros da estação de Areosa.

Micaela Barbosa
17 Dez. 2025 3 mins

A circulação ferroviária entre Viana do Castelo e Caminha foi cortada às 14h47 e retomada cerca das 17h40, revelou a IP. Para o local foram mobilizados três veículos e 12 operacionais dos Bombeiros Voluntários e Sapadores de Viana do Castelo, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do hospital de Santa Luzia, a PSP e elementos da própria IP.

Este acidente insere-se num contexto nacional preocupante. Em maio de 2025, a IP revelou à Antena 1 que, entre 2016 e 2024, registou-se um total de 220 atropelamentos em linhas ferroviárias, com 162 mortes. Os números mostram que a Linha do Norte, do Minho e de Cascais concentram 65% de todas as situações registadas. Em 2024, ocorreram 23 atropelamentos, com 18 mortes, o valor mais alto desde o início da pandemia e um aumento em relação a anos anteriores.

A IP distingue três tipos de acidentes: 170 atropelamentos em estações e em plena via, 50 em passagens de nível e 42 classificados como “outras situações”, incluindo corpos encontrados ou possíveis suicídios. Quase metade dos atropelamentos deve-se a pessoas que atravessam a linha em locais não autorizados. Outros acidentes ocorreram com passageiros no limite das plataformas, durante embarque e desembarque, ou devido a trabalhos na via.

O coordenador da estrutura de missão da IP para a redução da sinistralidade, António Viana, explica que “as pessoas estão a atravessar no local que lhes é mais conveniente” e alerta que “desvalorizam a segurança valorizando o conforto da sua mobilidade”.

 Para reduzir acidentes, a IP planeia suprimir 135 passagens de nível e reclassificar 237 até 2030, tendo já eliminado 28. Barreiras e muros têm sido instalados de acordo com a análise de risco, especialmente em zonas urbanas. “Tentamos pôr outro tipo de vedação, e em alguns casos optamos mesmo por muro. Se todos dermos este exemplo, conseguiremos levar as pessoas a fazer esta mudança”, acrescenta António Viana.

Além das barreiras físicas, a IP promove campanhas de sensibilização em escolas, zonas industriais, redes sociais e meios de comunicação, com destaque para o Dia Internacional de Prevenção da Intrusão no Canal Ferroviário, celebrado a 5 de junho.

O acidente ocorrido em Areosa evidencia os riscos existentes em zonas residenciais e agrícolas atravessadas por linhas ferroviárias no Alto Minho, onde a proximidade das populações aumenta a vulnerabilidade. A gestão da segurança ferroviária envolve múltiplos atores, incluindo a Infraestruturas de Portugal e, em articulação com as autarquias locais, a análise de áreas prioritárias e a implementação de medidas preventivas, independentemente das causas específicas de cada atropelamento.

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