A inteligência artificial (IA) e a sustentabilidade são, hoje, elementos centrais para a sobrevivência e crescimento das empresas. No debate promovido pela ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, Cristina Melo Antunes, responsável de Sustentabilidade do Banco Santander, e Tiago Carrilho, diretor de Conhecimento e Formação do BCSD Portugal (Business Council for Sustainable Development – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável), destacaram como estas áreas se complementam e transformam o mundo empresarial.
Para Tiago Carrilho, a IA não elimina empregos, mas muda a forma de trabalhar. “Ela torna as tarefas repetitivas mais eficientes e liberta tempo para decisões estratégicas e criatividade”, explicou, exemplificando com gestão de stocks, centralização de dados e análise de grandes volumes de informação para antecipar problemas e ajustar processos rapidamente.
O especialista alertou, porém, para os limites da tecnologia. “Ferramentas como ChatGPT ou Perplexity comportam-se como um macho-alfa. Ao não saber a resposta, podem inventar informações. É essencial treinar as pessoas para fazer as perguntas certas e interpretar as respostas com senso crítico”, defendeu, reforçando que a IA deve multiplicar a capacidade de decisão humana, não substituí-la.
Segundo Cristina Melo Antunes, sustentabilidade e inovação caminham lado a lado. “O desafio é tornar a empresa mais eficiente, resiliente e sustentável, olhando não só para o impacte ambiental, mas também para as pessoas e para o talento que nelas existe”, explicou.
Neste sentido, Tiago Carrilho sublinhou que pensar a longo prazo é essencial. “Todas as empresas devem ter um plano de médio prazo, de três a cinco anos, para investir em tecnologia e posicionar-se no futuro. Uma empresa que não pensa em sustentabilidade, está a fechar os olhos a riscos graves: alterações climáticas, ataques cibernéticos, inundações ou deslizamentos, podem afetar qualquer operação”, apontou, reforçando a importância de “ter sempre um plano alternativo para matérias-primas e operações”. “Sem planeamento, qualquer empresa corre riscos sérios”, alertou.
A responsável de Sustentabilidade do Santander lembrou que os bancos desempenham um papel central no apoio à transição sustentável. “Devemos financiar empresas resilientes e com planos estratégicos sólidos. Nos sectores mais poluentes, é essencial apoiar a transição para reduzir a pegada ambiental”, defendeu, afirmando que “Portugal tem capacidade de energia renovável suficiente para alimentar datacenters e permitir investimentos em tecnologia, sem comprometer a sustentabilidade”.
O futuro, concluem os especialistas, exige curiosidade e estudo contínuo. “Ninguém está dispensado de aprender a usar essas ferramentas para evoluir e inovar. A combinação de IA, sustentabilidade e gestão de riscos, permite reduzir tarefas repetitivas, aumentar criatividade, tomar decisões rápidas e criar modelos de negócio mais resilientes e inovadores”, referiram, terminando: “Sustentabilidade não é um custo, é um investimento estratégico. Empresas que incorporam visão de longo prazo, planeamento, inovação tecnológica e responsabilidade ambiental e social, tornam-se mais competitivas, resilientes e preparadas para enfrentar crises e garantir relevância no mercado global.”
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