IPVC é a única instituição de ensino superior com uma coleção viva de macieiras

Nos terrenos da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC), as árvores têm história. São árvores antigas, algumas com nomes quase esquecidos, guardadas e estudadas como se fossem livros raros. São macieiras antigas, algumas com nomes quase esquecidos como “Branca de Melgaço”, “Malápia” e “Campeã de Caminha”. Crescem ali como um arquivo vivo da fruticultura minhota, num pomar onde a ciência e a memória se cruzam.

Notícias de Viana
13 Nov. 2025 2 mins

O IPVC é hoje a única instituição de ensino superior em Portugal com uma coleção viva de variedades de macieiras, 106 no total, e vai coordenar o novo Programa Nacional de Conservação e Melhoramento Genético Vegetal de Macieiras, um projeto que pretende travar a perda das variedades regionais.

Coordenado por Raul Rodrigues, docente e investigador da ESA-IPVC, o projeto junta o Banco Português de Germoplasma Vegetal (INIAV) e a Comissão de Coordenação da Região Centro (CCDR-C), num esforço conjunto para identificar, caracterizar e valorizar cem variedades regionais de maçãs, muitas delas em risco de desaparecer. “Cada variedade conta uma história. A de quem a plantou, a de quem a cuidou e a de quem ainda hoje a reconhece num pomar antigo”, explica Raul Rodrigues, salientando: “Preservar estas macieiras é preservar o nosso património agrícola e cultural.”

Com um investimento de 100 mil euros e uma duração de três anos, o programa vai incluir a recolha de novas amostras, análises agronómicas e biomoleculares de 150 acessos e o registo dos resultados na GRIN-Global, a maior base de dados mundial de conservação genética vegetal.

Há mais de dez anos que Raul Rodrigues percorre o Minho à procura destas variedades. O seu trabalho começou com visitas a quintas familiares e pomares abandonados, onde as árvores sobreviveram ao acaso. Hoje, a coleção viva do IPVC é um repositório científico, mas também uma ponte entre o passado e o futuro da fruticultura portuguesa. “Não se trata apenas de estudar maçãs. Trata-se de compreender o território através das árvores que o moldaram”, sublinha o investigador.

A equipa do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade quer agora transformar essa herança em conhecimento útil para a agricultura moderna. Muitas destas variedades antigas revelam características únicas de adaptação, sabor e resistência que podem ser essenciais para enfrentar os desafios das alterações climáticas. “Estas árvores são memórias com raízes. Guardá-las é uma forma de manter viva a identidade do território”, frisa Raul Rodrigues.

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