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Viana do Castelo e o boom das barbearias: Entre navalhas clássicas e tendências atuais

O autocuidado já não é um território exclusivamente feminino. Cada vez mais homens, e não apenas os mais jovens, se preocupam com a imagem, investem em produtos de beleza e procuram serviços personalizados que aliam estética, conforto e bem-estar. De acordo com um estudo da L’Oréal Portugal realizado em 2018, 75% dos homens portugueses utilizavam produtos de beleza e 90% tinham um papel ativo na escolha. Uma tendência que, ao que tudo indica, se acentuou nos últimos anos.

Micaela Barbosa
17 Nov. 2025 5 mins

Entre as principais preocupações masculinas estavam o cabelo (58%), os dentes (56%) e a barba (48%). Na altura, 95% já cortavam o cabelo em barbearias e mais de 30% cuidavam da barba nesses espaços, uma tendência que tem vindo a crescer e a transformar o conceito tradicional de barbearia. Hoje, são locais multifuncionais que misturam estética, convívio e estilo, com bares, bilhares e até lojas de roupa.

Em Neves, Viana do Castelo, Arménio Lima, de 76 anos, representa a barbearia mais tradicional. É barbeiro desde 1973. Nunca se deixou levar pelas modas, mas também nunca ficou para trás. “Tenho clientela de todos os lados: Vila Fria, Vila Franca, Portela, Subportela, Meadela… Não é só aqui de Neves. É gente que vem, porque confia. Porque sabe que eu capricho”, disse, confidenciando que, apesar de reformado há 12 anos, tem uma carteira de mais de 300 clientes, e até atende algumas mulheres.

Com a chegada de novas barbearias, admite que a concorrência aumentou “muito”, mas não se preocupa. “Eles cortam muito com a máquina. Eu ainda trabalho muito com tesoura. Gosto de cortes clássicos, com navalhinha, bom acabamento”, confidenciou, elogiando muitos jovens que por ali passaram e que hoje têm o seu próprio negócio.

Os clientes variam dos 30 aos 70 anos, mas também aparecem muitos jovens com fotos no telemóvel para pedir cortes modernos e dégradé, algo que ele faz sem perder o toque tradicional.

Num registo semelhante, embora mais recente, está António Mendes, de 57 anos. Há cerca de dez anos, decidiu seguir uma “paixão” antiga. Hoje, está à frente do seu próprio espaço, instalado no Salão Gama, uma das Lojas Memória no centro de Viana do Castelo. Aprendeu a cortar cabelo na tropa e, apesar das dificuldades iniciais, garante que não se vê “a fazer outra coisa”.

A maioria dos seus clientes tem mais de 55 anos, mas também há muitos jovens com pedidos personalizados e cortes modernos. “Hoje, os homens cortam o cabelo com mais frequência. Talvez por autoestima ou porque as famílias incentivam. No verão, cortam mais baixo e mais vezes; no inverno, se passar um mês, não faz mal”, conta.

Para além do cuidado com a imagem, os clientes valorizam o ambiente descontraído das barbearias, que também são espaços de convívio. “Gosto de vir ao cabeleireiro não só para cuidar do cabelo, mas para estar na moda, falar de futebol e até comentar as coisas da vida com

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