O Alto Minho vive um momento decisivo da sua afirmação territorial. Nos próximos anos, a nossa região terá de responder a desafios estruturais que vão além da gestão do quotidiano autárquico. A crescente exigência na atração de investimento, na qualificação da população, na fixação de jovens e famílias e na criação de condições de vida sustentáveis obriga a uma visão coordenada, capaz de ultrapassar fronteiras concelhias.
É neste contexto que, a meu ver, a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho) assume um papel central.
Criada em 2008 e integrando os dez municípios da região, a CIM deixou de ser uma mera estrutura de articulação administrativa para se afirmar como a plataforma mais relevante de cooperação regional. Prova disso é a sua capacidade orçamental: em 2025, a CIM gere um orçamento recorde de 16,5 milhões de euros, mais do que o dobro do valor do ano anterior, grande parte destinado ao seu papel como Autoridade de Transportes.
A eficácia da sua ação também já foi comprovada, com 99,9% de concretização dos projetos do Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial (PDCT) Alto Minho 2020, a CIM alcançou a melhor taxa de execução da Região Norte. Em paralelo, gere agora o novo contrato-programa Alto Minho 2030, financiados pelo FEDER e pelo FSE+, o que demonstra a sua importância estratégica na gestão de fundos estruturais.
Para além da robustez financeira enunciada, destacam-se outras iniciativas inovadoras com impacto direto no território: a Plataforma de Gestão Urbana, apoiada pelo PRR, para modernizar os serviços municipais através de soluções digitais, a entrega de 110 computadores às bibliotecas públicas, reforçando a inclusão digital, ou ainda o dashboard Alto Minho 2030, que fornece indicadores essenciais para o planeamento socioeconómico.
Estes exemplos mostram como a CIM pode transformar recursos em ganhos concretos para os cidadãos e para os agentes locais.
Contudo, a reflexão não pode esgotar-se na mera execução de programas. A valorização do setor primário, a aposta num turismo de qualidade, o reforço da educação e da investigação científica, e até a certificação distrital, como já se propôs no passado, são caminhos que exigem precisamente uma coordenação supramunicipal.
Tudo isto remete para a mesma ideia central: o futuro do Alto Minho não pode depender apenas da ação fragmentada dos seus municípios, embora reconheçamos inequivocamente o seu enorme mérito. A CIM deve ser vista como a arma de ataque político e económico da região, o espaço onde se definem prioridades, se agregam recursos e se projeta a imagem do território para fora das suas fronteiras.
O próximo ciclo autárquico, com o país em crescimento e com investimento representa uma oportunidade para trabalharmos ainda mais em conjunto.
Independentemente das cores político-partidárias, haverá investimentos prioritários que não abrangerão todos os concelhos a todo o tempo. Todavia, há um caminho comum que todos os concelhos do Alto Minho deverão fazer nas infraestruturas, no turismo, na agricultura e no mundo rural, no mar e em tantos outros.
Esse caminho deve ser apontado pela CIM, ao leme do desenvolvimento e prosperidade do Alto Minho.
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