“Traição”, “má gestão” e silêncio institucional. Eixo Atlântico lança críticas sobre alterações no comboio Celta

A decisão de alterar o serviço do comboio internacional Celta, que assegura a ligação ferroviária entre Porto e Vigo, no pico do verão, com a imposição de um transbordo em Viana do Castelo, está a gerar forte contestação por parte do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular.

Notícias de Viana
14 Ago. 2025 3 mins

“Não é uma medida de gestão, é uma traição”, acusa Xoán Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, condenando o momento escolhido para a alteração como uma tentativa de evitar o escrutínio público.

Segundo a Comboios de Portugal (CP), a medida é “excecional e temporária”, embora sem qualquer indicação sobre a sua duração. O serviço, operado em conjunto com a espanhola Renfe desde 2013, passará a exigir um transbordo em Viana do Castelo, comprometendo a ligação direta que até agora era possível.

Para  Xoán Mao, não se trata apenas de uma questão técnica, mas “má vontade, sem qualquer explicação sobre se o problema está do lado da CP ou da Renfe”. Neste sentido, a organização continuará a pressionar as autoridades até que o serviço seja plenamente restabelecido.

Mais grave, segundo o dirigente, é o silêncio institucional. “Ligamos e dizem-nos que estão todos de férias. Ninguém com responsabilidade quer dar a cara”, atirou, referindo que a expectativa do Eixo Atlântico é conseguir reunir com CP e Renfe apenas em setembro.

O secretário-geral recordou ainda que já há anos o Eixo Atlântico alertava para a fragilidade do material circulante, referindo-se aos contratos iniciados em 2011 com as automotoras da série 592, cuja fiabilidade tem sido posta em causa. “Este problema foi antecipado. Isto é má gestão. Os problemas no Celta acontecem sempre quando o Governo é de direita”, criticou, acrescentando que o comboio representa “concorrência forte para operadores privados”.

Embora o trajeto Celta continue a ser feito com automotoras a diesel, tanto Portugal como Espanha já eletrificaram as suas redes, embora com sistemas distintos de tensão e sinalização. Ainda assim, Xoán Mao defende que a tecnologia já permite ultrapassar estas barreiras. “Na Galiza usam-se comboios bitensão, modernos e rápidos, que podiam perfeitamente fazer a ligação até ao Porto”, considerou.

Outro ponto crítico é a falta de coordenação entre os governos centrais de Lisboa e Madrid. Segundo o secretário-geral, o ministro português das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, “não tem uma relação fluída” com o homólogo espanhol, Óscar Puente. Chegou a ser o próprio Eixo Atlântico, revela, a mediar contactos entre ambos antes da última Cimeira Ibérica.

Apesar das críticas,  Xoán Mao sublinha que o Eixo Atlântico “não tem problemas em bater em nenhum Governo, seja da cor que for”, e garante que a organização continuará a exigir “o mínimo”, que é “o nível de mobilidade entre o Norte de Portugal e a Galiza seja, pelo menos, o que já existia antes”.

c/Lusa

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