Este verão, quatro festivais do Alto Minho – Artbeerfest (Caminha), Folk Celta (Ponte da Barca), Festival Contrasta (Valença) e Cerveira ao Piano (Vila Nova de Cerveira) – animam a região com música, cultura e artes. Mas quanto custam às autarquias e ao erário público? E que retorno económico trazem?
O primeiro a arrancar é um dos mais emblemáticos encontros de piano da região norte. Acontece nos dias 4 e 5 de julho, no Palco das Artes.
O evento é promovido pela Câmara Municipal e, desde 2022, é atribuído através de ajustes diretos (regime geral) à empresa Ritmos, promotora responsável pelo festival Vodafone Paredes de Coura, conforme dados públicos disponíveis no Portal Base.
Em 2022, 2023 e 2024, o valor adjudicado à produtora foi de 77.500 euros em cada ano. Para a edição de 2025, o contrato, registado em junho, refere um ajuste direto no valor de 80.000 euros.
O contrato contempla o cachet (artistas, técnicos operadores, road manager, e demais elementos da comitiva de trabalho dos artistas), os serviços de produção e segurança, as refeições, estadias e deslocações dos artistas, e ações de comunicação.
Quando o festival regressou, em 2022, o autarca Rui Teixeira descreveu-o como “marca cultural” do concelho pelas suas “dinâmica e elevação cultural”. “Acredito que é um momento musical de referência para oferecer aos cerveirenses uma agenda cultural de qualidade e que, ao mesmo tempo, é uma alavanca para o nosso turismo”, sublinhou.
Caminha recebe, entre os dias 10 e 13 de julho, o Festival Internacional de Cervejeiras Artesanais e Mestres Cervejeiros.
O evento também é promovido pela autarquia e, segundo o Portal Base, entre 2022 e 2025, o município adjudicou à empresa Octávio & Giestal, Lda. contratos para a realização do festival num valor anual que tem rondado os 61.945 euros, através de ajustes diretos (regime geral). O mais recente tem data de 22 de abril de 2025.
Registos anteriores indicam que, em 2021, a realização do Artbeerfest foi suportada por ajustes diretos também atribuídos à Octávio & Giestal, Lda., num total de cerca de 28.000 euros para o formato Beer Garden, e cerca de 10.000 euros para a edição online do E-Artbeerfest.
Para além da produtora principal, outras entidades locais participaram em serviços de animação para o evento, como a Farra Fanfarra Associação Cultural, que recebeu 7.500 euros em 2016 e 6.000 euros em 2017, e o Toca das Artes – Núcleo Cultural, que realizou animação de rua em 2015 com um contrato de 10.700 euros.
Este financiamento representa uma parte da estrutura organizativa do evento que atrai milhares de visitantes e que gera um impacto económico no concelho da ordem dos 5,6 milhões de euros, segundo um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
O trabalho, intitulado “Artbeerfest Caminha 2023. Caracterização do comportamento do consumidor e avaliação dos gastos globais dos visitantes”, concluiu que, “em termos de impacte económico global, estima-se que a despesa global gerada pelo total estimado de turistas (13.230) foi cerca de 4.175.158,56 euros, enquanto a despesa global gerada pelo total estimado de excursionistas (21.770) foi de cerca de 1.381.653,89 euros, totalizando 5.556.813 euros”.
O estudo também destacou que a maioria dos participantes permanece no concelho durante cerca de dois dias, hospedando-se em casas próprias ou em alojamento local, o que contribui para a dinamização do comércio, da restauração e do sector turístico local.
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