“Para uma Igreja Sinodal” – I

Pe. José Lima
26 Nov. 2024 3 mins
Padre José Lima

É atualíssima a expressão, depois da sua consagração no último sínodo, que reuniu muitos responsáveis na Igreja (quase quatro centenas), durante o mês de outubro (2-27 de outubro de 2024). Muitos, bispos, religiosos e leigos fizeram a experiência da sinodalidade e por fim colocam à disposição de todos os membros da Igreja os resultados da sua reflexão, procurando em 155 números do Documento transmitir o legado que viveram e que tornam património de toda a Igreja, para que todos possamos participar, viver em comunhão e permanecer numa perspetiva de missão ao longo da vida: três substantivos traçam a continuação de um estilo de vida.

  1. O Sínodo iniciou-se muito antes. Desde 2021 que todos começamos a olhar a comunidade que formamos como fundamentalmente assente na comunhão sinodal e por isso na partilha de ações e projetos em ordem a um mais profícuo desempenho da missão, a de ser continuadores no mundo da missão de Cristo, que nos congrega. Esta forma de olhar o que fazemos entronca na reflexão que os participantes no Concílio Vaticano II nos legaram nos seus documentos-chave, Lumen Gentium, Sacrosantum Concilium, Gaudium et Spes, Apostolicam Actuositatem. A ação apostólica da Igreja é alegria e esperança sempre que é realizada em comunhão com Cristo, Luz dos povos, Mistério celebrado na vida sacramental. Nos últimos anos, a linguagem mudou, rejuvenesceu e todos estamos mais atentos às formulações atuais, procurando ser, numa comunhão ativa, parceiros de transformação.
  2. Vamos configurando “um percurso” cheio de ações conjuntas, sempre norteado pela “sabedoria do sentido da fé”, renovando na alegria a Igreja, como se lê no número 3 do presente documento. Não nos separamos “da atualidade histórica”, mas sabemo-nos nela envolvidos, “nos seus dramas”, num ambiente social de “demasiadas guerras” (nº 2). O caminho sinodal patenteou-se já nos documentos conciliares. Nessa altura foi “uma semente lançada no campo do mundo e da Igreja” (nº 5), mas vai “fermentando silenciosamente”, sempre que colaboramos em unidade com aqueles e aquelas que nos circunscrevem. Deste caminho sinodal, já vemos os primeiros frutos “a fermentar na vida das famílias, das paróquias, das Associações e Movimentos, das pequenas comunidades cristãs, das escolas e das comunidades religiosas” (nº7).
  3. O Documento, “oferecido ao Santo Padre, é o Documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos” (nº 10); revela o sapiente trabalho da assembleia de toda a Igreja e requer cuidado na leitura das suas cinco partes: integra especificamente “o coração da sinodalidade, chamados pelo Espírito Santo à conversão” ( nºs 13-48), “Na barca juntos, a conversão das relações” (49-78), “Lançai as redes, a conversão dos processos” (79-108), “Uma pesca abundante, a conversão das ligações” (109-139) e “Também Eu vos envio, formamos um povo de discernimento missionário” ( 140-151). A conclusão articula presente e escatologia com “Um Banquete para todos” (152-155).

Daremos os frutos da nossa leitura em pequenos textos que partilharemos com os leitores de Notícias de Viana nos próximos números. Seja este Documento ocasião e motivo para refletir, aprender e agir num estilo, em estruturas e processos autênticos e com eventos sinodais (nº 30).

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