É atualíssima a expressão, depois da sua consagração no último sínodo, que reuniu muitos responsáveis na Igreja (quase quatro centenas), durante o mês de outubro (2-27 de outubro de 2024). Muitos, bispos, religiosos e leigos fizeram a experiência da sinodalidade e por fim colocam à disposição de todos os membros da Igreja os resultados da sua reflexão, procurando em 155 números do Documento transmitir o legado que viveram e que tornam património de toda a Igreja, para que todos possamos participar, viver em comunhão e permanecer numa perspetiva de missão ao longo da vida: três substantivos traçam a continuação de um estilo de vida.
- O Sínodo iniciou-se muito antes. Desde 2021 que todos começamos a olhar a comunidade que formamos como fundamentalmente assente na comunhão sinodal e por isso na partilha de ações e projetos em ordem a um mais profícuo desempenho da missão, a de ser continuadores no mundo da missão de Cristo, que nos congrega. Esta forma de olhar o que fazemos entronca na reflexão que os participantes no Concílio Vaticano II nos legaram nos seus documentos-chave, Lumen Gentium, Sacrosantum Concilium, Gaudium et Spes, Apostolicam Actuositatem. A ação apostólica da Igreja é alegria e esperança sempre que é realizada em comunhão com Cristo, Luz dos povos, Mistério celebrado na vida sacramental. Nos últimos anos, a linguagem mudou, rejuvenesceu e todos estamos mais atentos às formulações atuais, procurando ser, numa comunhão ativa, parceiros de transformação.
- Vamos configurando “um percurso” cheio de ações conjuntas, sempre norteado pela “sabedoria do sentido da fé”, renovando na alegria a Igreja, como se lê no número 3 do presente documento. Não nos separamos “da atualidade histórica”, mas sabemo-nos nela envolvidos, “nos seus dramas”, num ambiente social de “demasiadas guerras” (nº 2). O caminho sinodal patenteou-se já nos documentos conciliares. Nessa altura foi “uma semente lançada no campo do mundo e da Igreja” (nº 5), mas vai “fermentando silenciosamente”, sempre que colaboramos em unidade com aqueles e aquelas que nos circunscrevem. Deste caminho sinodal, já vemos os primeiros frutos “a fermentar na vida das famílias, das paróquias, das Associações e Movimentos, das pequenas comunidades cristãs, das escolas e das comunidades religiosas” (nº7).
- O Documento, “oferecido ao Santo Padre, é o Documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos” (nº 10); revela o sapiente trabalho da assembleia de toda a Igreja e requer cuidado na leitura das suas cinco partes: integra especificamente “o coração da sinodalidade, chamados pelo Espírito Santo à conversão” ( nºs 13-48), “Na barca juntos, a conversão das relações” (49-78), “Lançai as redes, a conversão dos processos” (79-108), “Uma pesca abundante, a conversão das ligações” (109-139) e “Também Eu vos envio, formamos um povo de discernimento missionário” ( 140-151). A conclusão articula presente e escatologia com “Um Banquete para todos” (152-155).
Daremos os frutos da nossa leitura em pequenos textos que partilharemos com os leitores de Notícias de Viana nos próximos números. Seja este Documento ocasião e motivo para refletir, aprender e agir num estilo, em estruturas e processos autênticos e com eventos sinodais (nº 30).