Leitura sem férias e férias de leitura

Isabel Campos
21 Out. 2024 3 mins
Paisagem

Acabou o Verão. Acabaram as férias, para quem as tem. Acabaram as leituras. Ainda se ouve dizer: “É para ler nas férias.” (Não é por acaso que as feiras do livro, geralmente, eram/são antes do Verão).

E no resto do ano, não se lê? Porquê?

Ler é, deve ser, uma necessidade. Não importa em que suporte se lê ou o que se lê. Ler é viciante. Ler informa, dá prazer, faz-nos pensar, abre-nos o mundo.

Ler só nas férias!? Não há nada de melhor que fazer, enquanto se espera um transporte, uma reunião, uma consulta, do que ler um livro ou uma boa revista.

Estou eternamente grata aos Cinco que me acompanharam em momentos muito difíceis da minha vida. Pouco mais podia fazer para além de ler. E com a Ana, a Zé, o Júlio, o David e o Tim podia “voar”, criar outro mundo, fazer planos, fazer deliciosos lanches com saborosíssimos scones. Scones que, como as madalenas de Proust, nos transportam para o passado, para as recordações. E lia. E ouvia rádio. E lia os livros que tinham sido adaptados numa emissão de teatro que era transmitida pela antiga Emissora Nacional. Li Eça, li Aquilino, li Dumas pai e filho. Li Camilo…  Continuo a ler.

É um pouco deprimente ver as criancinhas ao chegar a um restaurante ou café ser-lhes logo servido um telemóvel ou um iPad. Que tal um livrinho, um joguinho, uma folhinha e um lapisinho, já que não se pode ter uma conversinha? O exemplo é dado pelo pai e pela mãe.

Leitura de Verão! O Verão é tão pequeno! E há tanto que ler! E não leio tão depressa como a maior parte dos comentadores das nossas televisões que todas as semanas nos sugerem livros que leram no fim de semana…

Astérix, fantástico! A Mafalda do Quino, inconfundível e actualíssima! Uma biografia, um diário, umas cartas! Quem lhes resiste!?

No Ephemera temos a oportunidade de conhecer os gostos de leitura de quem nos oferece livros. Conforme a idade dos antigos proprietários, sabemos mais ou menos o que vamos encontrar, para além dos clássicos portugueses. Muito curiosa a quantidade de Stefan Zweig que nos chega.

Os livros são caros? Alguns são, mas não é desculpa. A Biblioteca Municipal, algumas Bibliotecas Escolares, entre outros, emprestam. Tiram-nos tempo para os Facebooks, para os Instagrams, para uma telenovela, para um reality show? Tiram, mas vale muito a pena. Tudo tem o seu tempo.

Ler é indispensável! Experimente, vai ver que não custa nada!

 

SUGESTÕES:

Ler – Uma história da leitura, Alberto Manguel

Uma história de xadrez, Stefan Zweig (só 80 pág.)

Ver – Todas as palavras, RTP 3

Ouvir – Mário Viegas, Manifesto anti-Dantas, https://www.youtube.com/watch?v=Izz4aoZ1Bsw, por exemplo

 

**(Escrito de acordo com a ortografia antiga)

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