Os globos de ouro da Igreja

Diogo Fernandes
17 Out. 2024 5 mins
O churrasco e a missa

Caro leitor, já alguma vez se questionou como seriam os Globos de Ouro se, em vez de celebrar o cinema e a música, se dedicassem a premiar as “estrelas” da Igreja? Prepare-se para uma reflexão divertida (e algo sarcástica) sobre como a nossa Igreja poderia brilhar sob os holofotes da fama, com todas as suas peculiaridades e tradições.

Imaginemos, então, uma gala à moda antiga, com padres, freiras e, claro, algumas figuras que mais parecem saídas de um filme de comédia do que de um púlpito. As categorias seriam muitas e bem variadas, e a competição, feroz. Vamos explorar alguns dos prémios que, com certeza, dariam muito que falar.

Primeiro, temos a categoria de “Melhor Sermão do Ano”. Este prémio seria uma verdadeira corrida entre os nossos melhores oradores. De um lado, teríamos o padre que consegue fazer uma homilia de 45 minutos sem perder a audiência (o que, convenhamos, é um talento digno de aplauso). Do outro, o que consegue intercalar piadas que até os mais jovens conseguem entender. O prémio, naturalmente, seria um livro de homilias com o título “Como não fazer os fiéis dormir”.

Depois, não podemos esquecer o “Melhor Coro da Paróquia”. Ah, o coro! O verdadeiro orgulho da Igreja, ou pelo menos, deveria ser. Aqui teríamos dois concorrentes: o coro tradicional que ainda insiste em cantar hinos do século XVII, e o coro moderno que decidiu fazer arranjos de músicas populares (quem disse que não se pode cantar o “Despacito” no altar?). O troféu? Um microfone dourado, claro, que é apenas um bocadinho mais valioso que o que usam para os ensaios.

Na categoria “Melhor Inovação Pastoral”, temos um prémio que faria inveja a qualquer startup tecnológica. Aqui, premiaríamos a paróquia que conseguiu implementar a “Missa Online”, com todos os fiéis a assistir de casa em pijama, café na mão e um olhar sonolento. O vencedor receberia um troféu que mais parece uma webcam antiga, como símbolo do esforço e da tecnologia envolvida.

Imaginemos uma categoria dedicada ao “Melhor Ritual de Consagração”. Os padres que dominam a arte de criar a atmosfera mais solene e profunda teriam aqui uma clara vantagem. De um lado, o padre que consegue uma iluminação suave e música gregoriana de fundo; do outro, aquele que utiliza incenso em proporção perfeita, criando uma névoa sagrada que preenche todo o altar. O prémio? Uma “Taça de Cristal” repleta de vinhos regionais para degustação. E, claro, uma visita guiada à confeitaria mais próxima, onde se fazem as melhores hóstias.

Sejamos francos: a angariação de fundos é uma arte. Assim, a categoria “Melhor Campanha de Angariação de Fundos” seria, sem dúvida, uma das mais disputadas. Teríamos os famosos jantares de angariação, onde cada prato custa mais do que um jantar num restaurante de luxo, e as rifas que são mais emocionantes do que o próprio Euromilhões. O prémio? Uma placa em forma de porquinho que diz “Grato pelas suas contribuições” – uma lembrança constante do que é, realmente, um bom dízimo.

Não podemos esquecer os “Melhores Figurinos Litúrgicos”. Aqui, os padres mais ousados competiriam pela vestimenta mais extravagante, desde as casulas mais decoradas às estolas mais “in”. Afinal, quem disse que a moda não pode entrar na Igreja? O prémio seria um “Alfinete de Ouro”, perfeito para ajustar a casula mais elegante durante as celebrações. Além disso, o vencedor receberia um workshop exclusivo com um designer especializado em vestes litúrgicas e um tecido de alta qualidade para criar a sua próxima obra-prima, garantindo que continua a brilhar nos altares com estilo!

Por último, mas não menos importante, teríamos o “Prémio do Melhor Uso das Redes Sociais”. Hoje em dia, até a Igreja precisa de marcar presença no mundo digital, e esta categoria premiaria a paróquia mais criativa na evangelização online. Entre os concorrentes, teríamos a paróquia que criou um podcast semanal onde discute temas religiosos de forma leve e descontraída, e aquela que “viralizou” no TikTok com vídeos curtos e divertidos explicando as passagens bíblicas. O prémio? Um troféu em forma de smartphone com um terço pendurado e uma masterclass com um influenciador digital famoso, para garantir que a mensagem chega ainda mais longe: do púlpito ao feed!

Caro leitor, é claro que tudo isto é uma brincadeira, mas talvez nos faça refletir sobre o que realmente valorizamos na nossa Igreja. A simplicidade, a comunhão, e o amor ao próximo são as verdadeiras “estrelas” que deveríamos estar a premiar todos os dias. Se a gala dos Globos de Ouro da Igreja nos lembrasse disso, talvez o Mundo, e até mesmo a nossa própria paróquia, fosse um lugar um pouco mais alegre e acolhedor.

Assim, da próxima vez que ouvir falar de prémios e galas, lembre-se: a verdadeira glória pode não estar em brilhantes troféus, mas sim na luz que levamos ao coração dos outros. E quem sabe, se formos criativos, podemos até fazer da nossa própria vida uma cerimónia de premiação, onde todos são vencedores. Por isso, preparem-se, porque a verdadeira festa da Igreja acontece todos os dias, e, acreditem, o prémio é sempre o amor!

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