Por iniciativa do Papa Francisco, no próximo dia 17 de novembro, celebra-se o VIII Dia Mundial dos Pobres.
Eu sei que há muitos dias de … quase tudo. E, ao ouvir mais um anúncio de um Dia, em concreto, pode assaltar-nos a tentação de virar a página e passar à frente.
Mas, os pobres (os pobres de todas as pobrezas) são uma realidade de tal modo gritante que não nos permite fechar os ouvidos e passar às minhas coisas.
A celebração de um Dia Mundial dos Pobres não é a oportunidade para dedicar uns momentos de atenção a esta extensa problemática ou, acaso, ter um gesto para com um pobre e dar o compromisso por resolvido até ao próximo ano. Bem pelo contrário, é mais uma ocasião para reabrirmos, mais profundamente, os olhos a esta realidade e colocarmo-nos do lado da(s) resposta(s).
Começando, talvez, pela identificação das pobrezas que nos rodeiam: de bens materiais, de serviços, de companhia, de escuta, de afeto. A fatura que a todos nos diz respeito não se paga, uma vez por ano ou pelo Natal, com o resto de uns trocos ou com o fato, o vestido, que estorvam no armário ou com o quilo de arroz que se doa à porta do supermercado. Obviamente, nada disso é mau ou dispensável.
Mas somos convidados a olhar com mais profundidade e extensão para esta variada e crescente realidade. Sem esquecer que os pobres, a pobreza, não são apenas um discurso, uma problemática social: são pessoas, de carne e osso, aqui e agora. Não faz falta imaginação: as imagens reais batem-nos à porta, mostram-se nas ruas das (grandes) cidades e nas aldeias, entram-nos em casa pelas imagens brutais, por exemplo, das numerosas vítimas das guerras. “A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes!” (Papa Francisco, Mensagem para o VIII Dia Mundial dos Pobres: vatican.va/content/francesco/pt/messages/poveri.html).
Como crentes, temos uma especial responsabilidade na busca da(s) resposta(s) a esta realidade. No Deus que veio e vem ao nosso encontro e na Sua Palavra podemos descobrir, mais facilmente, a dignidade esquecida ou ultrajada do pobre Lázaro (cfr. Lc 16, 19-31), ou do homem maltratado, ignorado na berma da estrada e socorrido pelo bom samaritano (cfr. Lc 10, 29-37).
Chame-se como se chamar, provenha de onde provier, o pobre é sempre uma criatura de Deus, igual a qualquer outro em dignidade: um filho de Deus. E o que tivermos para dar (bens materiais, tempo, atenção) são bens recebidos, emprestados, para os fazer render em benefício de quem mais precisar.
Hoje, mais do que nunca, os pobres não podem esperar.
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