Ternurentas Margaridas

Pe. José Lima
23 Set. 2024 3 mins
Padre José Lima

Por ocasião dos começos da Primavera, elas fazem a sua aparição, se o tempo a isso as deixa, e deliciam os olhos e o odor de quem passa com tempo para as admirar. Aparecem de repente e instigam o olhar durante abris e maios. São pequenas e duma simplicidade inebriante, são fofinhas e embelezam os carreiros e os vales abrigados. São bem-me-queres e malmequeres. Brancas ou amareladas inscrevem beleza simples no ambiente, onde há pequenos cantos para animar, esperam a ocasião para prometer mais vida jubilosa e folgazã.

Lembram um estilo aos humanos, embora estes se possam entreter com outras coisas. Nada impõem. Inspiram somente.

Importa estar pronto e diligente para ser visão e folgazão naquilo que vai aparecendo nas horas por vezes amargas de uma história sempre a escrever com cuidado: quantas impossibilidades, quantas derrotas, quantos empecilhos, o que vai sendo notado mesmo sem atenção. E os pequenos momentos de alegria, os minutos de alguma convivência feliz, os fins de tarde com amigos, as brincadeiras de crianças, os momentos de silêncio, as escutas benfazejas de Bach, de Beethoven, de Jazz, os pequenos prazeres de um fim de dia, as brincadeiras dos mais novos, os mimos inesperados das crianças, a beleza de um filme com os mais saídos, as poses ternurentas dos gaiatos, as “margaridas” dos colegas que lançam piadas felizes.

O trabalho regressa com muitas pausas de que agora estamos conscientes e atentos. Fazem falta para a azáfama quotidiana, para enfeitar a teia que se segue e que não dá tréguas. Importa dosear a vida com “margaridas” que todos podemos disfrutar. Aparecem  mesmo inesperadamente com os assobios que oferecemos às crianças e que apitam ao voltar da Escola.

Se o quotidiano tem destes momentos retemperantes, o fim de semana aparece com uma “roseira de margaridas” para ser capaz de labutar ao longo da semana que vem. Temos muitas horas para desopilar, muitas para descansar, muitas para o encontro com amigos, famílias e colegas, muitas para distrair e algumas para louvar e fazer a diferença como corretos adoradores no meio da nossa comunidade. Então cada um é capaz de dosear os ingredientes e de estar atento para poder planear, descansar e louvar, sem atrevimentos doentios, mas no consciente controle do que vai sendo a sua trajetória.

Deus continua a abençoar-me.

Os meses vão sendo vividos na singularidade, os encontros vão sendo amistosos mesmo que imprevisíveis, as “margaridas” são muito odorosas e belas mesmo fora de estação, pois estas são de todo o tempo. A vida vai sendo vivida com esmero, como ela nos é oferecida para ser vivida, sem pressas e na fruição do melhor para cada momento sob o aconchego de Deus criador. Vitórias, contemplando o límpido azul ou o manto nevoeirento do céu. Interessante é planear pausas para saborear conquistas e deliciar-se com as mais brandas e inesperadas margaridas.

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