Este sábado, o Papa Francisco assinou, em Assis, a terceira Encíclica do seu Pontificado, denominada “Fratelli Tutti” (Todos irmãos), acerca da fraternidade e amizade social. Mas o que é uma encíclica?
O termo encíclica é oriundo do grego e significa “circular” e surge no contexto da troca de correspondência eclesiástica entre os vários bispos como o objetivo de assegurar a unidade da vida eclesial. Foi o Papa Gregório XVI (1831-1846) que vulgarizou o uso do termo, assumindo um costume reavivando pelo Papa Bento XIV (1740-1758). Em suma, trata-se de um texto, que aborda temas relevantes para a vida da Igreja e que, hoje em dia, desde o Papa João XXIII, na encíclica “Pacem in terris” (1963), é dirigido não só aos católicos, mas também a todos os “homens e mulheres de boa vontade”.
Uma encíclica insere-se no magistério eclesiástico. No entanto, o que é o magistério?
Uma preocupação importante para a Igreja é por um lado, manter a fidelidade à proposta de Jesus, conservando e guardando a autenticidade do Evangelho e, por outro, transmiti-lo de forma “atualizada” e de acordo com uma leitura dos “sinais dos tempos”. É esta a função do magistério, ou seja, o conjunto dos pronunciamentos oficiais da Igreja, através dos Bispos, em comunhão com o colégio episcopal. Aliás, a palavra magistério advém do termo latino magisterium, que significa ensinamento. Por fim, e recorrendo a uma imagem, o magistério, no meio de tantas propostas e posturas, funciona como o fiel de uma balança, procurando um equilíbrio, mas também age como um farol, que expande horizontes e perspetivas no meio de debates e discussões.
Não seria melhor não existirem pronunciamentos oficiais? Afinal, cada um “tem a sua fé” e, com ela, “muitas opiniões”?
Talvez, por estes mesmos motivos, o magistério seja ainda mais necessário. Acerca deste aspeto diz Karl Rahner, importante teólogo do séc. XX: «se o homem não consegue a verdade como indivíduo isolado, dado que essa não é a sua natureza; se, por tanto, a verdade só se dá aos indivíduos em intercomunhão com os outros, sobretudo quando esta verdade é a verdade da existência una e total do ser humano, e quando tal comunidade só pode realizar-se autenticamente numa concreta sociedade institucionalizada; não é possível que a verdade humana fique abandonada ao simples capricho da opinião privada». Assim sendo, o magistério não é a voz de uma pessoa, ou de um indivíduo, mas de toda a comunidade, de toda a Igreja, por isso, tem de ser uma voz maturada, pensada e rezada; não algo volátil, inseguro ou inconstante segundo apetites ou fixações momentâneas.
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