Caminha, o Arciprestado onde “a fé é bastante alicerçada na tradição”

O Arciprestado de Caminha é um autêntico mosaico de paisagens, desde o mar, os rios e a serra. Abraça várias freguesias incluindo a harmoniosa Serra d’ Arga, e os rios Minho, Coura e Âncora. Faz fronteira com Espanha e é um ferry-boat diário que une as duas margens do rio.

Notícias de Viana
24 Jun. 2021 18 mins
Caminha, o Arciprestado onde “a fé é bastante alicerçada na tradição”

Âncora, Arga de São João, Arga de Baixo, Arga de Cima, Argela, Azevedo, Caminha, Cristelo, Dem, Freixieiro de Soutelo, Gondar, Lanhelas, Moledo do Minho, Orbacém, Riba de Âncora, Seixas, Venade, Vila Praia de Âncora, Vilar de Mouros, Vilarelho e Vile, são as 21 Paróquias que compõem o Arciprestado de Caminha, que tem como Arcipreste o Pe. Manuel Joaquim e onde colaboram, ainda, o Pe. Fernando Loureiro, o Pe. Paulo Emanuel, o Pe. Rui Rodrigues e o Pe. Valdemar Fernandes 

Com o objetivo de dar a conhecer o Arciprestado de Caminha em várias perspetivas, o Notícias de Viana esteve à conversa com o Arcipreste, o Presidente da Câmara Municipal e três leigos. 

Pe. Manuel Joaquim: “Todos (os sacerdotes) se auxiliam mutuamente”

Manuel Joaquim tem 76 anos e é padre há mais de 50. Foi Pároco nos Arciprestados de Paredes de Coura e Monção, e foi ainda formador do Seminário Diocesano. Desde 2003, é Pároco no Arciprestado de Caminha, de que é, atualmente, o Arcipreste. 

Notícias de Viana: Como caracteriza o Arciprestado?

Pe. Manuel Joaquim: Este Arciprestado é constituído por 21 Paróquias, uma delas (Freixieiro de Soutelo) pertencente ao Concelho de Viana do Castelo, mas ao Arciprestado de Caminha. Andará aproximadamente pelos 11.000 habitantes e com 20% de católicos praticantes, se considerarmos os de frequência dominical. No entanto, os batizados rondam os 99%. O Arciprestado está confiado a cinco sacerdotes. Há dois anos atrás, éramos sete. Neste momento, dois sacerdotes prestam serviço pastoral a 15 Paróquias. As restantes seis estão sob a responsabilidade dos outros três. Há outros Arciprestados que se confrontam com semelhantes dificuldades. A organização pastoral da Diocese terá que se alterar. Aguardamos a vinda dum novo Bispo que conheça depressa a realidade da Diocese e dos problemas existentes em cada um dos Arciprestados.

Este Arciprestado pode caraterizar-se por uma faixa litoral e outra mais interior. Na parte litoral predomina a atividade piscatória, o comércio e os serviços. No interior, predomina a agricultura de subsistência. Tanto uma como outra caraterizam-se por tradições comuns, no campo religioso e profano. Quanto à catequese, habitualmente quem batiza os filhos, envia-os à catequese, fazendo a Primeira Comunhão. Nem todos fazem a Profissão de Fé e o Crisma, mas há uma percentagem muito significativa que faz o itinerário da catequese da infância e adolescência. Embora os pais tenham a responsabilidade na educação religiosa dos filhos, delegam nos catequistas esse serviço, que o fazem com muita dedicação, embora alguns deles precisem de mais formação humana e espiritual para transmitir, com o seu exemplo, os valores cristãos aos catequizandos. 

Quanto à Pastoral da Juventude, o Delegado, Pe. Paulo Emanuel, está com uma Equipa Arciprestal a trabalhar com entusiasmo, preparando os jovens para a JMJ Lisboa 2023. No entanto, depara-se com alguns problemas porque muitos jovens, depois do Crisma, espalham-se pelo país, frequentando as Universidades, ou abandonam a igreja, o que dificulta os encontros e até a prática religiosa dominical nas comunidades. No entanto, os sacerdotes têm consciência de que há necessidade de apostar nos grupos de jovens e de que não dispersem pelo facto de, em algumas Paróquias, deixarem de ter o Pároco preferido. Neste Arciprestado há escuteiros e jovens que pertencem aos Convívios Fraternos e outros movimentos religiosos.

Neste Arciprestado, há uma Equipa Arciprestal da Pastoral da Família. A família tradicional desempenhou, no passado, um papel evangelizador extraordinário. Poderia não haver uma fé muito esclarecida, mas os valores cristãos e a vivência cristã manifestavam-se em todas as famílias. Neste campo, o trabalho é imenso pela frente.: os casais têm muita dificuldade em manter-se fiéis aos princípios e valores cristãos e as consequências têm sido muito dolorosas para os casais e para os filhos, se os há. As uniões de facto dos filhos estão a tornar-se um hábito com a permissão de muitos pais e restante família que já não querem, nem podem fazer mais nada, senão aceitar. Neste Ano da Família, seria bom voltar a ler e a refletir nos documentos da Igreja, particularmente, na “Amoris Lætitia” do Papa Francisco.

É verdade que a pandemia impossibilitou bastante a tradicional festa do casamento (boda), mas nada impede que se receba o Sacramento do Matrimónio e da bênção de Deus.

Pergunta-se: porque é que os jovens que frequentaram a catequese, receberam o Crisma, muitos deles exerceram o ministério de acólitos, não casam pela Igreja? Que é que está a falhar? É verdade que os pais em situações irregulares enviam os filhos à catequese, mas é com tristeza que as crianças veem os pais que não se confessam, nem comungam.

NV: Que oportunidades e dificuldades se encontram na evangelização?

PMJ: Quando não abrimos o coração a Deus, é muito difícil a semente da Palavra de Deus germinar. Nos tempos modernos, temos muitos meios para evangelizar, aproveitando-nos das redes sociais, dos documentos da Igreja, embora saibamos que a evangelização presencial seja imprescindível. 

Os movimentos de apostolado existentes no Arciprestado têm realizado um trabalho pastoral importante, particularmente junto das pessoas mais fragilizadas e pobres. Refiro-me concretamente à Legião de Maria, aos Cursilhos de Cristandade, às Conferências Vicentinas. Nas respostas sociais, os lares, Centros Paroquiais e Misericórdia realizam um trabalho fundamental. A Segurança Social, os cidadãos e as comunidades deveriam reconhecer mais o trabalho e dedicação de todas as Instituições que estão ao serviço dos mais frágeis.

Neste tempo de pandemia, o trabalho pastoral e evangelização limitou-se às celebrações através das redes sociais e as pessoas que habitualmente frequentavam a igreja, penso que se estão a acomodar, dispensando-se de voltar ao lugar de culto.

Em França, na Alemanha e em outros países, somos informados que os lugares de culto (igrejas e capelas) são vendidos. Causa angústia que esta Europa, que no passado foi a grande evangelizadora em todos os continentes, se transformasse no ateísmo prático e no indiferentismo. Graças aos valores cristãos e também ao bairrismo das comunidades, todas as igrejas e capelas deste Arciprestado foram restauradas e estão bem conservadas para nelas se realizarem os atos de culto. O Arciprestado de Caminha “orgulha-se” de ter sacerdotes zelosos que preparam particularmente as celebrações com os grupos corais, leitores, acólitos e outros intervenientes, para que todos os participantes saiam da igreja com vontade de voltar.

Como há dificuldade em contactar muitos cristãos, os sacerdotes têm aproveitado as celebrações dos funerais a que, geralmente, afluem católicos “não praticantes”, para dar formação e avivar a fé, bastante adormecida. Quanto à Pastoral dos doentes, os Párocos fazem um trabalho bem organizado e estão atentos às situações dos mais vulneráveis. Saliente-se também o trabalho dos Ministros Extraordinários da Comunhão.

Há necessidade de formação religiosa e espiritual, não só a partir da Diocese, mas também por iniciativa arciprestal.

NV: Quais as necessidades mais prementes que o Arciprestado sente?

PMJ: Os sacerdotes são poucos. Serão os suficientes se houver coragem para uma reorganização da pastoral, em que os cristãos leigos com uma boa formação e que deem um bom testemunho, assumam responsabilidades na Pastoral em geral e, particularmente, nas celebrações litúrgicas. Há necessidade de mais formação para os catequistas e agora, com a instituição do Ministério do Catequista, como o Papa Francisco pediu, muito mais se exigirá de quem deseja transmitir a fé, não só com o catecismo mas, sobretudo, com o exemplo e o testemunho de vida.

Nos tempos atuais, alguns Párocos sentem necessidade de pessoas voluntárias para assumir cargos e serviços na Igreja. Recorrem muitas vezes, e sempre, à generosidade das mesmas pessoas. No entanto, também aparecem aqueles e aquelas que se consideram insubstituíveis.

NV: O que destaca de vivência da fé, neste Arciprestado?

PMJ: Destaca-se a amizade de todos os sacerdotes. Todos se auxiliam mutuamente e a convivência é muito saudável. Os fiéis leigos apreciam muito a amizade que os une e o testemunho que dão nas comunidades. 

Nota-se ainda que a fé é bastante alicerçada na tradição. No entanto há pessoas com uma fé bastante esclarecida, não só pela formação recebida na família, mas também através da catequese, cursos de formação a nível diocesano e até arciprestal. Antes da pandemia organizaram-se cursos bíblicos com uma significativa participação a nível arciprestal e a nível diocesano; há sempre pessoas a participar nas iniciativas dos Secretariados.

Destaca-se, ainda, que há um grupo significativo de cristãos que estão envolvidos nos vários movimentos, que dedicam muito tempo ao serviço das comunidades e da Igreja. Os Párocos têm consciência de que podem contar sempre com eles, pois o seu lema é servir a Igreja de Jesus Cristo e a comunidade.

Miguel Alves: “É muito evidente o modo como o trabalho formal e informal da Igreja contribui para a coesão da nossa terra e acrescenta qualidade à vida das nossas populações”

A cumprir o segundo mandato, Miguel Alves é Presidente da Câmara Municipal de Caminha desde 2013. Com 45 anos, é licenciado em Direito e Mestre em Ciência Política.

Foi adjunto do Ministro de Estado e da Administração Interna e esteve na Câmara Municipal de Lisboa, onde desempenhou as funções de Adjunto do Presidente. Foi ainda assessor da Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, Graça Fonseca, responsável pelas áreas da Modernização Administrativa e Descentralização.

Atualmente, é membro efetivo do Conselho Geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), preside à Federação Distrital de Viana do Castelo do Partido Socialista e à Comissão Distrital de Proteção Civil do Distrito de Viana do Castelo, e é, ainda, Presidente do Conselho Regional do Norte.

Notícias de Viana: Qual o papel que a Igreja tem no Concelho?

Miguel Alves: Um papel fundamental com uma visibilidade e reconhecimento, que é diferente, consoante o caso. Naquilo que tem a ver com o trabalho desenvolvido com as Instituições, a Igreja tem um trabalho extraordinário, que dá coesão ao território e apoio às pessoas. O apoio aos idosos é o labor que mais destaca o papel da Igreja, com enorme dedicação dos diversos profissionais envolvidos, quer no apoio residencial, quer no apoio domiciliário, ou ainda nos Centros de Dia. Mas também no apoio à infância, acompanhando crianças dos zero aos cinco anos, com uma qualidade que é notada por todos quantos acompanham o trabalho das Instituições. Depois, temos a vertente pastoral do trabalho da Igreja que, através das Conferências Vicentinas, de grupos informais, grupos de jovens ou da catequese, acompanha centenas de famílias no Concelho de Caminha, complementando outros apoios ou encontrando novas soluções. Finalmente há o trabalho espiritual, mais discreto, menos visível, mas de uma importância transcendente, principalmente em tempo de dúvidas e inseguranças como o que vivemos. A ação da Igreja contribui decisivamente para a união da comunidade.

NV: O que destaca na sua ação?

MA: O trabalho desenvolvido com os idosos do Concelho de Caminha e o apoio dado no ensino pré-escolar. Temos sete Instituições ligadas aos cuidados dos mais velhos nas mais diversas áreas, e seis delas estão ligadas à Igreja. Estes números, por si só, dão boa nota da centralidade do apoio dado à comunidade, porque não se trata só de apoiar os mais velhos, mas de apoiar as suas famílias, as diversas Freguesias e o Concelho em geral. Chamo, aliás, a atenção, para a importância que este labor tem na empregabilidade e de como essa vertente também dá coesão ao território, num contexto de crescimento do envelhecimento da população e de desertificação das zonas mais rurais. No apoio dado à infância, destaco o papel distintivo do ensino ministrado, que complementa a oferta pública e valoriza a diversidade no Concelho.

NV: Em que medida promove a coesão territorial e a qualidade de vida?

MA: Por tudo o que já exprimi nas respostas anteriores, é muito evidente o modo como o trabalho formal e informal da Igreja contribui para a coesão da nossa terra e acrescenta qualidade à vida das nossas populações. Num momento de particular dificuldade na nossa sociedade, não só por causa do contexto pandémico, mas por causa do êxodo rural e das dificuldades de empregabilidade com qualidade – o que deixa as franjas da nossa população sob uma vulnerabilidade que antes não conheciam – o papel estrutural da Igreja, das suas Instituições e a valia fundamental dos seus princípios, continuam a ser referência de combate às desigualdades, superação de dificuldades e complementaridade dos poderes públicos. Isso e o trabalho espiritual, a acompanhar o espírito individual e coletivo da nossa comunidade, transportam fiabilidade e solidariedade para o Concelho de Caminha, dando-lhe mais instrumentos para enfrentar o presente e o futuro, como família de cidadania. 

“É-nos difícil passar a mensagem de que os filhos só vão crescer na fé se os próprios pais se envolverem e praticarem”

João Carpinteiro e Sandrine Alves são um casal de Caminha (Vilarelho)

Notícias de Viana: Como caracteriza o Arciprestado de Caminha?

JC e SA: Um pouco à imagem do território português: temos no litoral a população da vila de Caminha ou de Vila Praia de Âncora, mais jovem, mais ativa, até mais “anónima”, e temos as aldeias no interior, no Arciprestado, com menos gente, mais idosos – reformados, com tradições religiosas ainda bem marcadas.

NV: Que oportunidades e dificuldades se encontram na evangelização?

JC e SA: Somos, o meu marido e eu, catequistas das Paróquias de Caminha e Vilarelho; daí que o nosso dever de evangelização é mais fácil e acessível. Temos jovens à nossa frente, com os quais, é certo, é necessário adaptar a nossa linguagem para passar a mensagem de Cristo. É, de certa forma, mais simples evangelizar esses adolescentes porque os acompanhamos desde a infância e criámos um forte vínculo, tudo com muito carinho. Além de tudo, estão mesmo connosco para falar de Deus e serem ajudados a crescer na fé. A parte mais difícil reside na evangelização de alguns pais desses nossos jovens, porque sentimos que, por vezes, as coisas são feitas por “tradição”, porque “na família batiza-se e faz-se a Primeira Comunhão”, sem entender o sentido mais básico do que é ser cristão. Perdeu-se um pouco a noção do sagrado, também. E, nos parcos contactos que temos com esses pais – que apesar de tudo, desejam que os filhos prossigam na catequese – é-nos difícil passar a mensagem de que os filhos só vão crescer na fé se os próprios pais se envolverem e praticarem.

NV:  Quais as necessidades mais prementes que o Arciprestado sente? 

JC e SA: Não existe preparação dos noivos para o Matrimónio; correlativamente, há cada vez menos Matrimónios celebrados em Caminha, por exemplo.

Evangelizar as famílias através do conhecimento também é uma necessidade, talvez à volta dos meninos da catequese, a fim de que essas famílias voltem à Eucaristia, “às bases”.

Achamos que crescer na fé deve andar de mãos dadas com o conhecimento.

NV: O que destaca de vivência da fé neste Arciprestado?

JC e SA: Cresci, ao invés do meu marido, numa grande metrópole, onde até a prática da religião é, de uma certa forma, anónima e um pouco fria. As tradições religiosas têm aqui (no Alto Minho) muito impacto e estão ainda bem enraizadas: festas religiosas, recitação pública do Terço, devoção aos santos da terra, romarias, etc.

“Um território impar, habitado por pessoas únicas” 

Testemunho de um leigo grato ao Arciprestado de Caminha

O contorno noroeste da costa portuguesa, onde se situa o Arciprestado de Caminha, mereceu o privilégio de uma geografia de exceção: o infinito para lá do Oceano Atlântico, os amigos galegos do outro lado do deslumbrante Rio Minho, e a beleza inesperada e surpreendente da Serra d’Arga, de onde se vê o mundo todo… Um território ímpar, habitado por pessoas únicas. Quem escreve estas linhas nasceu muito longe, num ambiente completamente diferente, optou por para aqui se mudar com a jovem família há umas décadas, no momento certo, e se sentiu imediata e incondicionalmente adotado por gente que cada vez mais respeita e considera.

Do ponto de vista da vida do Arciprestado, é indispensável destacar o espantoso património monumental, desde a majestosidade e a riqueza do acervo da Igreja Matriz de Caminha, até à beleza simples das inúmeras igrejas e capelas que, por todo o lado, testemunham o amor, o empenho e o esforço que – desde tempos imemoriais – as sucessivas gerações de paroquianos foram colocando na sua construção, manutenção e decoração, muitas delas em locais de eleição, com vistas surpreendentes sobre a Criação, de onde se sente vontade de louvar a Deus.

Constituído por 21 Paróquias (uma delas, Freixieiro de Soutelo, curiosamente pertencente ao Concelho de Viana do Castelo), a Igreja de Caminha tem a felicidade de contar com o generoso, incansável e inestimável empenho de – neste momento – apenas 5 Párocos, Fernando, Manuel, Paulo, Rui e Valdemar, complementado com o auxílio, mais ou menos pontual, de alguns outros sacerdotes não residentes, que fazem o favor de celebrar a Eucaristia e manter alguma ação pastoral em 5 das Paróquias. Enquanto que as comunidades mais próximas do litoral são muito mais povoadas e exigentes, albergando muito mais famílias e, sobretudo, muito mais crianças e adolescentes, onde as diversas vertentes da pastoral encontram bastante mais oportunidades, sinto que é justíssimo sublinhar a criatividade e a dedicação que o Pároco das pequenas e envelhecidas comunidades das Argas lhes tem devotado, mantendo-as vivas e cheias de atividade pastoral diversificada e envolvente.

Graças a Deus, o Arciprestado de Caminha tem sido favorecido com diversas visitas dos Bispos de Viana do Castelo, algumas oficiais para ministrar o Sacramento da Confirmação, outras mais demoradas, Pastorais, outras apenas a convite para presidir a alguma romaria, como aconteceu com o Sr. D. Anacleto Oliveira, de cuja população sempre receberam a mais sincera das simpatias e hospitalidade.

Catequistas há bastantes, graças ao Senhor, que há muitos anos respondem afirmativamente às iniciativas da Equipa Arciprestal de Catequese, quer para formação inicial, quer de reciclagem ou complementar, para participar em encontros de reflexão e trabalho, ou na Assembleia Diocesana de Catequese. Não quer isto dizer que não haja necessidade de alguma renovação e de uma nova geração de catequistas, mas o Bom Deus providenciará jovens para esse efeito, apesar de ser muito frequente que escolham estudar no ensino superior fora do Distrito. A Pastoral Familiar ainda começou a constituir a sua Equipa Arciprestal e a participar nalgumas iniciativas diocesanas, mas a pandemia veio interromper o processo. Lá chegará o momento, quando Deus quiser.

Sim, até a pandemia veio demonstrar a qualidade e a fibra desta gente, de que há muito me considero parte. Gente resiliente, lutadora, paciente, solidária e fiel. Fiel! As celebrações da Eucaristia ainda não enchem os templos, mas as lotações possíveis estão praticamente completas. Fruto do grande esforço dos seus Párocos, dos seus dirigentes e das equipas de colaboradores, os Centros Sociais Paroquiais, as Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, os Serviços de Apoio Domiciliário e o Patronato de Nossa Senhora da Bonança, não pararam de prestar o apoio para que foram criados, apesar das dificuldades logísticas, da diminuição das receitas e do significativo aumento dos custos. São a vontade e a generosidade cristãs, reforçadas por um amor que se descobre no sorriso dos colaboradores que se dirigem a casa dos idosos a quem prestam cuidados.

É assim, o Arciprestado de Caminha, de que – orgulhosamente – me sinto parte. Obrigado, Senhor, por nos terdes inspirado a criar e educar os nossos filhos num sítio como este e, também, por eles próprios estarem gratos por isso.

Foto: Câmara Municipal de Caminha

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