A Peregrinação Diocesana ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição do Minho, decorreu no dia 4 de julho, Domingo, e foi presidida pelo Administrador Diocesano, Mons. Sebastião Pires Ferreira, que lançou um convite à renovação das comunidades e movimentos da Diocese.
“É a emoção de subir a Serra”
“Tece a névoa uma coroa / P´ra tua fronte cingir. / Pressuroso o vento agreste / Canta seu hino silvestre”. De facto, não podia haver melhor retrato do ambiente que rodeava o Santuário de Nossa Senhora do Minho, que o início de uma das estrofes do hino a ela dedicado, com letra do Pe. Benjamim Salgado. No entanto, a densa nebulosa, que, com o vento, trazia pequenas chamadas, não impediu que um grande grupo de peregrinos se deslocasse até ao alto da vertente sul da Serra d´Arga para a Peregrinação Diocesana ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição do Minho, a cerca de 825 metros de altitude. “É a emoção de subir a Serra”, relata Maria de Fátima, de 56 anos, natural de Moreira do Lima, que não se deixou intimidar pelas condições climatéricas adversas e subiu, “como todos os anos”, até ao Santuário, algo que faz desde os 12 anos. “É ser um percurso difícil, mas, depois, existe uma grande satisfação”, confessa, algo muito semelhante ao sentimento expresso por André Alves que, mesmo sendo ainda jovem, confessa que a peregrinação que fez de bicicleta se deveu a uma promessa, aquando de um recente internamento hospitalar.
De facto, no meio do contexto de pandemia, os pedidos para que tudo melhore amontoam-se na voz dos peregrinos. Augusta Ribeiro, de 72 anos e natural da Boalhosa, é testemunho disso. Peregrina ao alto da Serra d´Arga há cerca de 23 anos, confessando que tem “muito gosto” em fazê-lo, por ter “muita fé com a Senhora do Minho”, recordando, ainda, as vezes em que a imagem peregrina visitou a sua Paróquia. No entanto, este ano, assume que pede, acima de tudo, saúde e “que se acabe a pandemia”, tal qual a conterrânea, de seu nome Glória, de 79 anos, que, movida “pela devoção”, declara pedir à Senhora do Minho para que “ela cure aqueles que têm a pandemia, e que ela [a pandemia] não apanhe mais ninguém pelo caminho”. Um desejo que Olívia Sousa, membro da Confraria desde 2002 e natural de Lanheses, também partilha. Começou a trabalhar no Santuário a convite de uma pessoa amiga e, hoje em dia, com a ajuda do marido, abre a porta da igreja e colabora no acolhimento aos peregrinos, reconhecendo que vê na Senhora do Minho uma mãe. De Barcelos, é originário outro peregrino: chamado João Paulo, associa-se à peregrinação há cerca de 30 anos e identifica a Senhora do Minho com o pedido de “saúde para todos”.
A verdade é que o culto à Senhora do Minho parece estar relacionado com um bem-estar integral, proporcionado pela própria paisagem que D. Armindo Lopes Coelho, na peregrinação de 1983, descreveu como “não violada, de pureza e de fidelidade, de altitude que retempera e anima”, visto que “a escalada da labiríntica, tortuosa e mistérica serra” não parece deixar de oferecer, ainda hoje, a atração pelo belo, apesar de já terem passado 66 anos desde a primeira Peregrinação, em 1955, e 76 desde o primórdios da devoção, dez anos antes, começada por impulso do Comendador José Augusto Alves e do Cónego Manuel José Barbosa que, nesse mesmo ano, ergueram, nesse lugar, um “cruzeiro de grandes dimensões”, e que, um ano mais tarde, instigaram um grupo de clérigos de Ponte de Lima, a consagrar a Serra à Senhora que esteve junto da Cruz. No entanto, como referiu Mons. Sebastião no início da celebração, “fará já no dia 10 de agosto, 75 anos desde a ereção canónica da Confraria da Nossa Senhora da Conceição do Minho”.
“A primeira atitude é levantar-se”
Trazendo consigo a última Carta Pastoral de D. Anacleto Oliveira, Mons. Sebastião referiu, na homilia, que a invocação servia como homenagem “àquele que, durante 10 anos, presidiu às Peregrinações falando de um modo simples e quotidiano”, tal qual o sentido teológico do título de Senhora do Minho, pois “do mesmo modo que Maria se habituou aos costumes de Nazaré, também se aproximou do Minho, vestindo-se tal qual as mulheres da nossa região”.
Neste sentido, fazendo memória das interpelações deixadas por D. Anacleto na Carta “Jovem, levanta-te e vamos! (Em situação de pandemia)”, afirmou que o próximo ano pastoral será vivido, como anunciado, segundo o lema “Jovem convida jovem a ir ao encontro dos outros”, como forma de “privilegiar a relação com os outros”, promovendo uma amizade social, recorrendo a Maria como exemplo do caminho a percorrer. “Vamos com Maria a Jesus, para ir com os outros a Jesus”, convidou.
Com efeito, motivando a assembleia à juventude interior, pediu sementes de renovação nos diversos grupos e movimentos, assim como rapidez e assertividade na resposta às propostas eclesiais. “A primeira atitude é levantar-se, (…) prestar atenção, ouvir o que Ele quer dizer, escutar o que está para ser dito, pois o que está para ser dito é uma missão, uma missão que está a ser transmitida”, concluiu, reiterando, ainda que, diante das múltiplas desculpas tantas vezes elencadas para não colaborar nas comunidades eclesiais, todos se devem sentir capazes para responder, motivados pela graça de Deus, aos desafios lançados. “Se vos baterem à porta não digais: não sou capaz”, terminou.
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