O Seminário Diocesano de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana – subsídios para a sua história – parte XXXIX

As «observações (im)pertinentes» Em 12 de Julho de 1988, D. Armindo informou o Conselho Presbiteral de que o projecto do novo Seminário Diocesano estava a avançar. Neste sentido seguiu o arquitecto Moreira da Silva e a sua equipa técnica, procurando dar conta de todas as «observações (im)pertinentes» dos responsáveis diocesanos às soluções propostas.  Umas foram […]

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23 Set. 2021 6 mins
O Seminário Diocesano de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana – subsídios para a sua história – parte XXXIX

As «observações (im)pertinentes»

Em 12 de Julho de 1988, D. Armindo informou o Conselho Presbiteral de que o projecto do novo Seminário Diocesano estava a avançar. Neste sentido seguiu o arquitecto Moreira da Silva e a sua equipa técnica, procurando dar conta de todas as «observações (im)pertinentes» dos responsáveis diocesanos às soluções propostas. 

Umas foram colhidas pessoalmente e outras recebidas na caixa do correio, como foi o caso das observações que, em 18 de Julho de 1988, tiveram como resposta os respectivos esclarecimentos do arquitecto Moreira da Silva.

Em relação aos «balneários de apoio aos aposentos dos alunos» foi observado que não dispunham de mictórios e que havia sanitas a mais, razão por que se questionou o arquitecto sobre a possibilidade de ter «aí umas quatro por cada conjunto de células» e se «o espaço sobrante poderá ser aproveitável para mictórios». A solução proposta pelo arquitecto foi converter «o espaço sobrante da eliminação de algumas sanitas em mictórios».

Propôs-se também resolver o problema da visibilidade do portão de acesso ao exterior a partir da secretaria em resposta à constatação de que deveria haver uma «conciliação com a entrada no edifício», pois «quem está na secretaria/recepção não vê quem entra na área do Seminário».

A respeito da capela, o arquitecto acolheu não só a sugestão para aproximá-la mais dos outros corpos, como também atendeu à pertinência da observação que alertava para a ofuscação da capela pelo ginásio. De acordo com Moreira da Silva, «entendeu-se que realmente o corpo do ginásio poderia ser incómodo, tendo-o rebaixado em relação à capela. Eliminou-se o acesso entre a capela e o balneário, entendendo-se que o acesso normal ao balneário e ginásio se fará por uma passagem coberta, unindo as escadas do corpo das aulas ao balneário».

Questionado se, na secretaria ou gabinete do director, estaria previsto «um canto para telefonista/porteiro», o arquitecto respondeu que «foi criado PBX», ou seja, um centro de distribuição telefónica (Private Branch Exchange).

Porque se observou que, na área dos quartos dos superiores, a eliminação do quarto do director espiritual tornava a ala de apoio «muito grande», foi sugerido, em vez disso, aumentar as áreas dos referidos quartos. De acordo com a observação, o arquitecto propôs duas alternativas, «dada a modulação do edifício».

Impertinente foi considerada pelo arquitecto a hipótese de adequação dos «forrinhos» para «malaria» e/ou «mansardas» ou para «alojamento de eventual pessoal ‘civil’». Moreira da Silva entendeu que «criar no forro uma série de quartos para pessoal de serviço ‘civil’ será uma maneira desordenada de resolver um problema». Pois, «se há necessidade de criar essas instalações sugere-se usar eventualmente, em 2.º piso, o corpo da garagem».

Posta em causa a proximidade entre o campo de jogos e as áreas envidraçadas, o arquitecto acalmou qualquer tipo de receio com a explicação de que «a proximidade de um campo de volley do envidraçado do recreio coberto não é perigoso. As bolas para o ar (balões), no volley, tem pouca força; as bolas puxadas são para baixo». Além disso, «há uma diferença de nível entre o recreio e o recinto de jogar». 

A resposta do arquitecto às diversas observações foi acompanhada pela informação de algumas alterações entretanto introduzidas e que podiam ser verificadas nas peças desenhadas do estudo prévio, também enviadas «para melhor referência». 

A mudança do gabinete médico e a incorporação de uma sala de pequenos socorros ao lado daquele, a criação de «um salão com 8×15, no piso sobre os ‘estudos’, para 100 rapazes» e a duplicação da área da garagem com capacidade para oito viaturas foram algumas das alterações efectuadas e relatadas pelo arquitecto.

Também deu conta que procedeu à integração de uma área reservada ao director espiritual no «corpo de aulas» ou escolar, que, por sua vez, foi deslocado «cerca de 4m para poente», permitindo «a translacção para norte da capela, aproximando-a e criando a visibilidade da entrada».

Sobre cada uma das alterações, o arquitecto pediu, com brevidade, mais «observações (im)pertinentes» da parte de quem representava o dono da obra, até porque, «no escritório, o projecto já está a andar, a ser passado a limpo», em vias de ser apresentado, como estudo prévio, juntamente com a candidatura a comparticipação do Ministério do Planeamento e da Administração do Território.

Prontamente, com data de 19 de Julho de 1988, foram remetidas ao arquitecto pelo «encarregado do Seminário» várias apreciações, algumas dúvidas, novas sugestões e a escolha da opção de seis quartos e uma sala mais pequena para área dos quartos dos superiores.

Quanto à relação entre a capela e o ginásio considerou-se que «a solução, em boneco, parece satisfará… Subsiste dúvida académica quanto à futura realidade; mas, parece que vai ficar catita». Mais foi apreciada a solução de colocar os «quartos eventuais para pessoal ‘civil’» sobre a garagem, ainda que fosse considerado «assunto para segundas núpcias». 

Houve, no entanto, dúvidas relativamente ao gabinete do director, que «poderia muito bem perder um metro a favor da sala de leitura», bem como a respeito da translacção para poente do «corpo de aulas», que deu azo a perguntar se seria compatível com o claustro e o recreio: «não vai apertar muito?…».

Sugeriu-se também encaixar, «no recreio coberto sob o refeitório», «uma bateria de lavabos e lava-pés com hipótese de arrecadar sapatos de ténis sujos e malcheirosos», alegando que «a ideia é a rapaziada não entrar nas salas comuns com roupa suada, especialmente sapatos, ténis…».

A colocação de uma «lareira/fogão de sala nas salas de ‘seminários’ e de apoio aos quartos dos padres» e, na área da garagem, a criação de «uma arrecadação/oficina, onde se guardam trastes velhos e se consertam outros semelhantes», foram outras sugestões apresentadas ao arquitecto.

(continua na próxima edição)

Tags Diocese

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