De um bispo da «Colónia» Entre os demais donativos da lista de 1988 destaca-se o de 30 contos em nome do padre António Alves Cachadinha (1931-2016) – natural de São João Baptista de Nogueira, então secretário em simultâneo do Seminário Conciliar de Braga e da Faculdade de Teologia, que substituiu o Instituto Superior de Teologia […]
De um bispo da «Colónia»
Entre os demais donativos da lista de 1988 destaca-se o de 30 contos em nome do padre António Alves Cachadinha (1931-2016) – natural de São João Baptista de Nogueira, então secretário em simultâneo do Seminário Conciliar de Braga e da Faculdade de Teologia, que substituiu o Instituto Superior de Teologia de Braga – pelo significado que o seu gesto pronto de partilha e comunhão denota no momento em que a Igreja vianense providenciava os fundamentos para a construção do Seminário Diocesano.
A razão prende-se com o facto de que, obviamente entre muitos outros, o padre Cachadinha ter também feito parte dos fundamentos da criação da Diocese de Viana do Castelo, primeiro como membro e depois como bispo residencial da «Colónia de Viana» – «agrupamento dos seminaristas vianenses mais adiantados, a estudar em Braga», segundo a definição do padre Carlindo Vieira, autor de «A Colónia de Viana (1931-1977)» – até à data da sua erecção canónica, em 3 de Novembro de 1977.
Em resposta ao inquérito que serviu de base ao referido livro, o padre Cachadinha confessou que, durante o tempo em que pertenceu à «Colónia», «atendendo a todo o seu aspecto organizativo, notava-se nos membros uma certa tendência, uma certa vontade de que se criasse a diocese de Viana».
Ingressou na «Colónia», no ano lectivo de 1947-48, quando frequentou o primeiro ano de Filosofia, no Seminário Conciliar de Braga. Em 15 de Agosto de 1954 foi ordenado presbítero e, em 6 de Outubro, foi nomeado membro da equipa formadora daquela instituição.
Nesse ano foi-lhe confiado o cuidado da «Colónia de Viana» como bispo residencial, o que representou uma mudança na hierarquização do agrupamento de «cabouqueiros» da futura diocese vianense. Pois, até então, o eleito para bispo era, regra geral, um dos alunos mais adiantados. Com a mudança, passou um teólogo a servir de bispo auxiliar.
Segundo Carlindo Vieira, a escolha do padre Cachadinha fazia sentido, porque «era prefeito, acompanhava sistematicamente as reuniões da ‘Colónia’, dinamizava e protegia moral e materialmente a organização e era o fiel depositário de todos os haveres da instituição».
Depois da criação da Diocese e apesar de permanecer ao serviço da Arquidiocese de Braga, o padre Cachadinha continuou sintonizado com as necessidades do bispado de Viana e atento às sucessivas gerações de «colónias» de seminaristas vianenses que passaram pelo Conciliar de Braga. A alguns deles – hoje sacerdotes – valeu-lhes de muito a boleia no seu «Datsun 1200», em dias de rumar à terra natal ou quando eram horas de regressar à cidade dos arcebispos.
Para a construção do Seminário Diocesano de Viana do Castelo continuou a reforçar o primeiro donativo com outros mais de valor superior, como atesta, por exemplo, o registo de 500 contos, publicado no jornal diocesano de 28 de Fevereiro de 1991.
(continua na próxima edição)
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